quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Erik Axl Sund - As Instruções da Pitonisa [Opinião]

Sinopse: AQUI

Opinião: Finalmente terminei a conclusão desta brilhante trilogia e ainda não sei muito bem o que pensar agora que reflicto sobre os livros, como conjunto. O facto é que, terminei esta leitura no domingo e ainda hoje penso no que li, na trilogia As Faces de Victoria Bergman. É inevitável mencionar que estes livros mexeram muito comigo. 
De facto, esta trilogia é brilhante pois consegue chocar o leitor de uma forma que achei que não seria possível, e o terceiro livro não foge à regra.

Antes de mais, deixo a sugestão, estes livros deveriam ser lidos de seguida, correndo o risco de se tornarem demasiado densos por tratarem temáticas muito pesadas e pelo facto do autor Erik Axl Sund (uma conjugação de duas mentes geniais como Håkan Sundquist e Jerker Eriksson) ser minucioso com as descrições cruéis.
Li A Rapariga-Corvo em Março do ano passado e Fome de Fogo em Julho, salvo erro. Sabia que este estava previsto para Outubro de 2014 mas infelizmente, apenas em Janeiro deste ano é que vi a sua publicação. A espera, para fãs como eu, foi demasiado longa. 
Muitos dos pormenores de A Rapariga-Corvo perdi-os, especialmente nomes de personagens secundárias, com a agravante de ser mais dificil a retenção de nomes suecos. Li o livro há demasiado tempo.
As Instruções da Pitonisa simplica a tarefa, listando uma série de personagens da série, ainda assim, apelou a uma rápida revisão do segundo volume a fim de me inteirar sobre os factos.

A trilogia, sem querer destacar nenhum livro, é, e como referi anteriormente, bastante pesada. Aborda temas muito delicados e este volume em concreto não ameniza como são tratados as temáticas de canibalismo, pedofilia e outros abusos que, como o slogan de A Rapariga-Corvo referia, tornam um ser humano um monstro. As Instruções de Pitonisa é assim, um livro cuja essência não difere dos primeiros dois volumes, sendo obras destinadas a leitores que não se impressionem facilmente.

Tenho a apontar que, a certa altura, nos deparamos com um trecho onde aparecem alguma falas, ainda que breves, em alemão. Senti falta de uma nota em rodapé, traduzindo o que as mesmas quereriam dizer, obrigando-me a recorrer ao Google Translator a fim de me aperceber do seu significado. Por outro lado e nesta óptica, existem algumas alusões a grupos musicais que aprecio, nomeadamente os Joy Division (inseridos num background gótico coadunando-se assim com a narrativa negra), e estas foram devidamente identificadas para os leigos neste género musical. A obra, extremamente sensorial pelo teor gráfico, torna-se assim mais intensa apelando ao sentido da audição.

Sem querer falar muito do desfecho, e estragar as surpresas que Erik Axl Sund tem para os leitores, posso dizer que o final foi, para mim, inesperado. E mais, este teve repercussões não só sobre Victoria Bergman como sobre um perpetrador, Viggo Durer. Estranhamente sobre esta personagem, o impacto não foi tão intenso pois li numa trama de Pedro Garcia Rosado algo semelhante. Não menciono o título do autor português pois não quero induzir nenhuma conclusão precipitada.
A meu ver, e sobre o desfecho, terei que me inserir no grupo de leitores defraudados com o final. Isto porque na minha cabeça, supus que, para uma história como esta, só haveria um único final possível. E eis que Erik Axl Sund me deixa novamente sem chão, fazendo-me perceber que todo este livro se relaciona com uma catarse, como os próprios autores me tinham adiantado na entrevista que lhes fiz em Março de 2014.

Posto isto e em suma, esta trilogia é inesquecível. Atrevo-me a dizer que destronou aquela que era a minha trilogia preferida sueca, a famigerada Millennium de Stieg Larsson, pela dureza da trama que mexeu comigo em diversas alturas. Uma trilogia tão perturbadora como cativante, é claramente um sui generis da literatura noir escandinava. Muito superior do que li até hoje dentro do género, recomendo sem dúvida a trilogia intensa de seu nome 'As Faces de Victoria Bergman'.


8 comentários:

  1. Fiquei em pulgas com o teu comentário :) Estou desejosa de ler :)

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  2. As tuas críticas continuam fantásticas como sempre amiga...estou louca para ler esta trilogia. Já sabes que quanto mais mórbida é a história mais eu gosto. Beijinhos

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  3. Depois de Stieg Larsson foram os livros que mais gostei de ler. Pela riqueza e complexidade das personagens, pelas surpresas ao longo de toda a trama, pelos sentimentos de choque, horror e revolta que em determinadas alturas nos faz sentir. O final, apesar de inesperado, não sei classificar de bom ou mau. Talvez o classifique de mais térreo e menos cinematográfico. Fiquei com uma certa pena de despedir-me de Vitoria e Jeannete.

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  4. Boa tarde,
    Antes de mais muitos parabéns pelo seu blog. Tenho-o utilizado como referência para as minhas leituras.

    Acabei de ler a trilogia "As Faces de Victoria Bergman". É realmente difícil digerir todo o horror ilustrado. O primeiro volume foi um suplício! Que horror. Levei quase 3 meses para o conseguir ler. Realmente perturbador. O segundo volume deu-nos a conhecer melhor Victoria Bergman humanizando-a e, a meu ver, ilustrando muito bem ( se é que isso é possível) psicologicamente uma pessoa que foi vítima de actos bárbaros. O terceiro volume... fiquei com a impressão que os autores escreveram este último volume um pouco a despachar. Depois de terem construído dois volumes minuciosamente este pareceu-me uma desilução. Muito superficial e o facto de Madelaine aparecer como a perpetradora de uma série de crimes que fomos levados a crer terem sido cometidos por Victoria... não. Não me convenceu e pareceu-me precipitado. Madelaine era uma sombra no passado de Victoria qe não foi bem esplorada nem caracterizada para encerrar uma trilogia que até ia muito bem. E o final foi muito muito impessoal, frio. Os autores foram exímios na descrição de abusos incrivelmente revoltantes mas quando chega às brevíssimas passagens de intimidade entre Victoria e Jeanette são de uma distância e lacuna gélida. Certamente, que não estava à espera de um romance tórrido no meio de um pesadelo, mas, pareceu-me muito frio. Acho que o terceiro volume não faz juz aos dois volumes anteriores e deixou-me completamente desanimada. Para concluir, aos dois primeiros volumes daria 5 estrelas, ao terceiro umas míseras três. E a trilogia Millenium continua sem dúvida a ser a minha favorita.

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    1. Olá Atlante

      Antes de mais agradeço o seu comentário e fico satisfeita que tenha o blogue em consideração.
      Pois de facto esta trilogia é mesmo muito pesada. Demorou mesmo imenso tempo a ler o primeiro!
      Eu também achei que o último volume foi menos bom e fiquei algo decepcionada com o final, Costumo usar o sistema Goodreads, tendo classificado os dois primeiros com 5 estrelas e este com 4. Concordo com os factos que me expõe se bem que percebo que os autores tenham querido desviar as atenções da Victoria, atribuindo algumas culpas à personagem de Madeleine. Também creio que esta personagem aparecerá numa obra posterior stand alone, pelo que não sei se terá sido intencional a parca caracterização de Madeleine. Em relação ao romance, sempre ouvi dizer que as relações escandinavas pautavam-se pela fraca demonstração afectiva (ao contrário de nós mediterrânicos que somos bem mais afectuosos).

      No geral, como me chocou imensas vezes, foi uma trilogia que será inesquecível!

      Por falar em Millennium, já sabe que vai sair o 4º, certo? Que acha disso? Eu estou bastante expectante mas ao mesmo tempo algo receosa com o que aí virá.

      Um beijinho e boas leituras! Adorava trocar impressões consigo mais vezes :)

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  5. Li a trilogia, um a seguir ao outro e...pura e simplesmente adorei,
    fascinantes, arrepiantes, inesquecíveis

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