Opinião: Não poderia ter escolhido melhor livro para começar o ano!
Creio já me ter expressado noutras ocasiões no sentido de não me deixar influenciar pelo carinho e admiração que nutro pelo Nuno, procurando, desse modo, manter uma óbvia equidistância entre o Nuno, enquanto amigo e enquanto autor e, por conseguinte, preservar a integridade destas minhas singelas recensões para vós, caros leitores.
A minha percepção sobre as obras do Nuno Nepomuceno, que tenho acompanhado desde o início da sua carreira, prende-se com a capacidade extraordinária, que este autor tem, de arquitectar enredos emocionantes. Por isso considero-o um dos melhores autores nacionais contemporâneos do género.
Para mim, a presente edição obra marca, para mim, uma óbvia transição no estilo do autor que, inicialmente, se enquadrava no subgenero de conspiração/espionagem, ao passo que o título em epígrafe consubstancia um thriller de cariz religioso, um subgénero que, confesso, não abraço com frequência. Talvez por não ter como hábito ler tramas deste género (que geralmente associamos ao escritor norte-americano Dan Brown) A Morte do Papa consubstanciou-se uma leitura interessante ainda que com alguns momentos mornos devido à temática religiosa que, como sabereis, não me atrai particularmente. Por conseguinte a leitura do presente título não conseguiu destronar do pódio dos meus favoritos: A Célula Adormecida e Pecados Santos, ainda que o tema religião seja, ainda que parcialmente, um denominador comum entre as três obras.
No título em apreço a componente religiosa apresenta-se então com um maior peso do que nos títulos antecessores denotando-se um considerável esmero nas descrições que sustentam toda a trama e as várias subtramas. Sinto que aprendi alguns factos sobre a Bíblia, embora, como já referido anteriormente, não seja um tema que me fascine particularmente.
Estes aspectos mais descritivos são, naturalmente, extensíveis aos detalhes apresentados dos vários locais que o autor nos convida a visitar apenas pela sua escrita e por onde vai decorrendo o enredo. Senti-me então transportada para a acção e frequentemente tive a sensação de estar a viajar por várias cidades europeias como Lisboa, Roma e a cidade do Vaticano, Londres e Haia.
Creio que o trabalho de pesquisa do autor, no que concerne ao presente título, terá sido bastante exaustivo quer ao nível cultural, como no que toca aos vários detalhes históricos que me foram chamando a atenção ao longo da leitura.
Ainda assim, o que mais apreciei na trama foi voltar a encontrar o professor Afonso Catalão e a sua esposa Diana. O casal de protagonistas que, para mim, já se tornaram bastante familiares através da leitura dos títulos predecessores.
Marcada pelo ritmo ágil, onde os novos acontecimentos se coadunam harmoniosamente com conteúdos didácticos, considerei que a trama se torna ainda mais interessante quando ao acontecimento da morte do Papa Mateus I se junta o desaparecimento de uma jovem. Tomei igualmente conhecimento que parte desta trama se inspirou nos 33 dias de pontificado de Albino Luciani, conhecido para a posteridade como João Paulo I que, pelo seu sorriso cativante e afável alcançou o cognome de "papa sorridente".
Em suma, para esta minha quase primeira incursão ao subgénero do thriller religioso, diria que fiquei mais sapiente sem ter ficado fã pois continuo fiel ao meu género de eleição que, como sabeis, é o thriller policial puro. Creio que será uma percepção que se deve também ao Nuno, pois confesso ser grande fã das suas histórias, sobretudo da forma como tão bem entrelaça factos históricos numa trama de thriller, em que, por norma, o ritmo deverá ser mais veloz.
Ficarei naturalmente a aguardar por mais obras do autor a quem aproveito para enviar um forte abraço!
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