Ninguém Quis Saber é a sequela do livro Ninguém Viu de Mari Jungstedt, protagonizado pelo detective Anders Knutas tendo como cenário a ilha de Gotland na Suécia.
Apesar de ser impensável à primeira vista, que corridas de cavalos ocorram em Novembro (sabendo que em pleno Inverno as temperaturas são frequentemente negativas na Suécia), o leitor depara-se com uma boa história em Ninguém Quis Saber.
Confesso que parte do meu fascínio pela Escandinávia deriva das gélidas mas atraentes paisagens invernais típicas da Suécia, tornando-as apelativas para boas tramas criminais como esta.
Este livro e tal como uma sequela, pega em aspectos que foram deixados pelas personagens, requerendo a leitura prévia de Ninguém Viu. Uma delas é a história pessoal de Johan e a situação deste com Emma. Inicialmente não me lembrava desta história até porque li o Ninguém Viu há sensivelmente dois anos, mas depois de rapidamente ter folheado o livro anterior, consegui recordar o contexto onde estas personagens se inseriam.
No entanto, Ninguém Quis Saber distancia-se do outro pela natureza das investigações criminais aqui retratada: por um lado temos o caso do homicídio de Henry Dahlstrom, um fotógrafo em decadência apoderado pelo vício do jogo e do álcool, por outro o desaparecimento de Fanny Jannson, uma menina de apenas catorze anos e que se vê envolvida num caso de pedofilia. Os dois casos que aparentemente são independentes, começam por convergir na mesma linha de acção.
A acção tem lugar no espaço de sensivelmente um mês e meio, nos quais são relatados inúmeros flashbacks que remotam a meses antes, de forma a que o leitor acompanhe a evolução de Fanny com um homem cuja identidade se desconhece. De tenra idade, Fanny é talvez uma das personagens mais empáticas que desfilam em Ninguém Quis Saber. Com traços fisionómicos não comuns na Suécia (dada a natureza estrangeira paterna), a rapariga não tem grandes amizades e é constantemente negligenciada pela mãe que recorre cada vez mais ao álcool.
Penso que a autora deixa passar ao leitor, todo o sentimento respeitante ao isolamento e à necessidade forçada que a personagem teve em crescer mentalmente. Digo isto porque até eu sofri com Fanny. Por outro lado faz-me duvidar sobre as minhas convicções sobre o mundo laboral da Escandinávia, ainda que numa terreola, uma vez que estamos perante uma situação de trabalho infantil não renumerado, esperando que seja mera ficção.
Esta é Fanny, a personagem com a qual mais me identifiquei. Mas os protagonistas são mesmo os nossos já conhecidos Anders Knutas, Johan e Emma, personagens completamente bem descritas e dotadas de características tais que é impossível não nos identificarmos com as mesmas. Estas têm um background que remota a Ninguém Viu, e embora inseridas num contexto cultural tão diferente do nosso, retratam muitos problemas facilmente familiarizados.
Ninguém Quis Saber é uma trama sinistra no que diz respeito à temática da pedofilia e crianças negligenciadas não sendo um livro fácil de ler apesar de ser tão interessante como o livro de estreia da autora. A descrição dos homicídios não é de todo chocante apesar do grafismo das passagens, mas não consegue perturbar tanto quanto o subenredo referente a Fanny.
Confesso que me surpreendeu a resolução do crime. Esta encerrou o ciclo de ansiedade e mistério que a trama esbanjava em redor das investigações. Ora no plano pessoal, não é bem assim: afinal de contas Jungstedt deixa um final em aberto para os nossos Johan e Emma, deixando-me ansiar que a Contraponto publique o mais depressa possível o terceiro livro da autora.
Este é um típico policial intrigante com uma boa dose de mistério que enfatiza toda uma componente humana das personagens. Disseca até ao âmago da questão as problemáticas do alcoolismo e pedofilia, abordando igualmente temáticas como problemas dentro do matrimónio e negligência parental. É portanto um livro tão inquietante como comovente. Acresce o facto de ter como cenário um país, que no meu ponto de vista, é fascinante. Um livro simplesmente imperdível.
Apesar de ser impensável à primeira vista, que corridas de cavalos ocorram em Novembro (sabendo que em pleno Inverno as temperaturas são frequentemente negativas na Suécia), o leitor depara-se com uma boa história em Ninguém Quis Saber.
Confesso que parte do meu fascínio pela Escandinávia deriva das gélidas mas atraentes paisagens invernais típicas da Suécia, tornando-as apelativas para boas tramas criminais como esta.
Este livro e tal como uma sequela, pega em aspectos que foram deixados pelas personagens, requerendo a leitura prévia de Ninguém Viu. Uma delas é a história pessoal de Johan e a situação deste com Emma. Inicialmente não me lembrava desta história até porque li o Ninguém Viu há sensivelmente dois anos, mas depois de rapidamente ter folheado o livro anterior, consegui recordar o contexto onde estas personagens se inseriam.
No entanto, Ninguém Quis Saber distancia-se do outro pela natureza das investigações criminais aqui retratada: por um lado temos o caso do homicídio de Henry Dahlstrom, um fotógrafo em decadência apoderado pelo vício do jogo e do álcool, por outro o desaparecimento de Fanny Jannson, uma menina de apenas catorze anos e que se vê envolvida num caso de pedofilia. Os dois casos que aparentemente são independentes, começam por convergir na mesma linha de acção.
A acção tem lugar no espaço de sensivelmente um mês e meio, nos quais são relatados inúmeros flashbacks que remotam a meses antes, de forma a que o leitor acompanhe a evolução de Fanny com um homem cuja identidade se desconhece. De tenra idade, Fanny é talvez uma das personagens mais empáticas que desfilam em Ninguém Quis Saber. Com traços fisionómicos não comuns na Suécia (dada a natureza estrangeira paterna), a rapariga não tem grandes amizades e é constantemente negligenciada pela mãe que recorre cada vez mais ao álcool.
Penso que a autora deixa passar ao leitor, todo o sentimento respeitante ao isolamento e à necessidade forçada que a personagem teve em crescer mentalmente. Digo isto porque até eu sofri com Fanny. Por outro lado faz-me duvidar sobre as minhas convicções sobre o mundo laboral da Escandinávia, ainda que numa terreola, uma vez que estamos perante uma situação de trabalho infantil não renumerado, esperando que seja mera ficção.
Esta é Fanny, a personagem com a qual mais me identifiquei. Mas os protagonistas são mesmo os nossos já conhecidos Anders Knutas, Johan e Emma, personagens completamente bem descritas e dotadas de características tais que é impossível não nos identificarmos com as mesmas. Estas têm um background que remota a Ninguém Viu, e embora inseridas num contexto cultural tão diferente do nosso, retratam muitos problemas facilmente familiarizados.
Ninguém Quis Saber é uma trama sinistra no que diz respeito à temática da pedofilia e crianças negligenciadas não sendo um livro fácil de ler apesar de ser tão interessante como o livro de estreia da autora. A descrição dos homicídios não é de todo chocante apesar do grafismo das passagens, mas não consegue perturbar tanto quanto o subenredo referente a Fanny.
Confesso que me surpreendeu a resolução do crime. Esta encerrou o ciclo de ansiedade e mistério que a trama esbanjava em redor das investigações. Ora no plano pessoal, não é bem assim: afinal de contas Jungstedt deixa um final em aberto para os nossos Johan e Emma, deixando-me ansiar que a Contraponto publique o mais depressa possível o terceiro livro da autora.
Este é um típico policial intrigante com uma boa dose de mistério que enfatiza toda uma componente humana das personagens. Disseca até ao âmago da questão as problemáticas do alcoolismo e pedofilia, abordando igualmente temáticas como problemas dentro do matrimónio e negligência parental. É portanto um livro tão inquietante como comovente. Acresce o facto de ter como cenário um país, que no meu ponto de vista, é fascinante. Um livro simplesmente imperdível.
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