quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Rebecca Johns - A Condessa [Opinião]


Sinopse: A bela condessa Erzsébet Bathory nasceu num berço de ouro da aristocracia húngara. Nada faria prever que acabaria os seus dias encarcerada na torre do seu próprio castelo. O seu crime: os macabros assassínios de dezenas de criadas, na sua maioria jovens raparigas torturadas até à morte por desagradarem à sua impiedosa senhora.
Pouco antes de ser isolada para sempre, Erzsébet conta a apaixonante história da sua vida. Ela foi capaz dos mais cruéis actos de tortura mas também do mais apaixonado e intenso amor. Foi mãe, amante, companheira... uma mulher que teve o mundo a seus pés e se transformou num monstro. Os seus opositores retrataram-na como uma bruxa sanguinária, um retrato que fez dela a mulher mais odiada da História, Erzsébet inspirou Drácula, inscreveu-se na literatura clássica e contemporânea, deu azo a filmes, séries de TV e até jogos de computador.

Opinião: Em jeito da 35ª maratona, em que o objectivo da minha equipa era a leitura de um romance histórico, lembrei-me que tinha este na estante. Um género a que estou alheada embora a aquisição do livro tivesse a ver com a vida de uma personalidade que acho no mínimo assombrosa e que merece algum destaque aqui no blogue dos policiais. Falo de Erzsébet Bathory, conhecida como a condessa sanguinária.

Realço que sou imberbe no género e como tal desconheço se a estrutura é muito própria do romance histórico mas acho que o livro peca pelo reduzido número de diálogos. No entanto, pode dever-se ao facto da estrutura do livro ser em forma de carta, escrita pela própria Erzsébet ao filho Pál com a particularidade de se iniciar precisamente pelos últimos dias de vida da condessa. Por meio de analepses, Erzsébet relata como terá sido a sua vida.

Assim, é expectável que toda a narrativa desdramatize os actos vis que Bathory terá cometido e que estão algures entre torturas inimagináveis às criadas, culminando até em homicídios. Porém, o livro dá a entender que estes terão sido, maioritariamente, levados a cabo por Dorka e Darvulia, o que contrariam provas históricas. Desvalorizando os conhecidos requintes de sadismo, Erzsébet Bathory foi responsável por ceifar centenas de vidas.
Efectivamente esta trama estando escrita em detrimento da mesma, acho que apela aos sentimentos de compaixão por parte do leitor, conferindo-lhe um lado mais humano.

Sendo esta personalidade conhecida pelos tenebrosos actos, um dos quais o afamado banho de sangue (reza a lenda que a condessa Bathory se banhava em sangue de raparigas virgens numa tentativa de atrasar o processo de envelhecimento), esperava uma série de descrições macabras. Eis que a autora refere-se a episódios pontuais, atribuindo o assassínio das raparigas à serventia leal da condessa.
Penso que a intenção de Rebecca Johns seria traçar um perfil que desvaloriza as atitudes 
Mais do que isso, A Condessa retrata a sociedade húngara do século XVI, que se adaptava às consequências da ocupação do Império Otomano: as guerras eram recorrentes pelo que as mulheres viam partir os seus maridos para a guerra sem garantia que voltassem; o povo vivia miseravelmente e tinha que servir as classes mais endinheiradas. Pelo que entendi e lembrando-me das palavras de Erzsébet, "quando as criadas não fazem um bom trabalho, há que puni-las", os espancamentos eram constantes nesta estranha relação entre servo/senhor feudal.

Já conhecia um pouco da vida da condessa pois vi, relativamente à pouco tempo, o filme protagonizado por Julie Delpy, intitulado A Condessa. Se não conhecem, deixo o link do IMDB aqui. Recomendo também o visionamento do filme que acaba por mostrar o lado mais negro desta senhora.

Em suma, não desacreditando a autora, penso que a trama teria um outro impacto se Rebecca Johns tivesse contemplado os episódios pelos quais a Condessa é conhecida actualmente. Embora existam, de facto, descrições de algumas torturas por parte de Bathory, confesso que esperava contornos mais maquiavélicos na trama, fazendo jus ao que esta personalidade é conhecida actualmente. Não obstante, não deixa de ser uma leitura interessante, especialmente pelos curiosos desta personalidade tão imponente na História.


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