domingo, 17 de maio de 2015

Paula Hawkins - A Rapariga no Comboio [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: A Topseller levou a cabo uma campanha de marketing bastante original em torno deste livro, que lá fora se chama de ARC (Advance Reading Copy). Recebi um exemplar de avanço, igual ao da foto, e deste modo li A Rapariga no Comboio cerca de um mês antes do livro ser publicado. Já há muito que a página de facebook da editora referenciava esta obra e eu ansiava desesperadamente pela sua leitura.

Existe, de facto, um hype em torno desta obra. Esta esteve durante treze semanas consecutivas no Top de vendas da Inglaterra e Estados Unidos e figuras públicas como Reese Witherspoon e Stephen King afirmaram que este foi o livro que as manteve acordadas a noite toda.
Também ouvi uns (dispensáveis) burburinhos de como este livro se assemelhava ao Gone Girl (e vós, leitores, sabeis que rótulos nos livros são escusados, para mim)

O que muitos de vós não sabe é que eu me desloco regularmente de transportes públicos para ir trabalhar, nomeadamente o comboio pois trabalho no concelho de Cascais. No entanto, nunca me deu para imaginar as vidas dos passageiros ou dos transeuntes que vou mirando pela janela. Não é o caso de Rachel, uma das narradoras de A Rapariga no Comboio, a que assume maior destaque.
Esta, juntamente com Megan e Anna são as três narradoras da história, embora Rachel se evidencie.

Efectivamente a estrutura da narrativa relembrou-me, de certa forma, a obra Gone Girl, contudo recordo-me de uma outra nestes moldes, Não Digas Nada de Mary Kubica. A narrativa alterna entre os POV (point of view) de três personagens, todas elas femininas e algo disfuncionais. Agradou-me muito, logo de imediato esta característica comum às três mulheres e fiquei interessada em saber o que acontecera para as moldar desta forma.
Depois os próprios testemunhos alternam temporalmente de forma a que o leitor tenha conhecimento dos actos passados e os que têm lugar na actualidade.

Também a sinopse está inteligentemente construída pois a trama tece-se a partir de um facto que é (felizmente) omitido e que irá desencadear uma série de comportamentos suspeitos por parte de todas as personagens do livro. Claro que, de certa forma, acaba por ser inevitável pensar no Gone Girl, embora A Rapariga no Comboio enverede por uma direcção diferente, dentro dos meandros do thriller psicológico. 

A trama aborda temáticas mais recorrentes como relações disfuncionais, relembrando de certa forma também a obra de A.S.A. Harrison, A Mulher Silenciosa. Contudo, fá-lo de forma mais profunda, colocando em relevo o tema do alcoolismo como um dos fulcrais, senão o mais importante da presente obra.

Durante dois dias (quinta e sexta feira passadas), senti-me sugada pelo livro e aproveitei todos os momentos para adiantar a leitura. Sentia-me deveras intrigada com o que estava a ler e com o rumo que a acção prosseguia. Numa fase inicial, a trama é um pouco morosa e algo repetitiva, no entanto, globalmente, vale pelas inacreditáveis revelações que vão surgindo em catadupa bem como os contornos psicológicos do universo feminino do livro. Fascinam-me muito os livros que jogam com a Psicologia e dentro desta, abordam o tema das relações (evidenciando o pior que pode existir nas mesmas).
Gostei muito!


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