Sinopse O Fim da Inocência I: Aos olhos do mundo, Inês é a menina perfeita. Frequenta um dos melhores colégios nos arredores de Lisboa e relaciona-se com filhos de embaixadores e presidentes de grandes empresas. Por detrás das aparências, a realidade é outra, e bem distinta. Inês e os seus amigos são consumidores regulares de drogas, participam em arriscados jogos sexuais e utilizam desregradamente a internet, transformando as suas vidas numa espiral marcada pelo descontrolo físico e emocional.
Francisco Salgueiro dá voz à história real e chocante de uma adolescente portuguesa, contada na primeira pessoa. Um aviso para os pais estarem mais atentos ao que se passa nas suas casas.
Francisco Salgueiro dá voz à história real e chocante de uma adolescente portuguesa, contada na primeira pessoa. Um aviso para os pais estarem mais atentos ao que se passa nas suas casas.
Sinopse O Fim da Inocência II: Com boas notas, e a estudar num dos melhores colégios de Lisboa, Gonçalo é o filho que todos os pais gostariam de ter. Desde cedo, ele e o grupo de amigos são bombardeados com imagens sexuais em filmes, séries, videoclips, anúncios e celebridades levando a uma erotização precoce. A ausência de educação sexual por parte dos pais e colégio leva-os a investigar o extenso mundo da pornografia na internet.
Em simultâneo, a sua impreparação para lidarem com as redes sociais leva-os a serem participantes e vítimas na busca vertiginosa de likes para ultrapassarem a mítica marca dos 1000 amigos. Eles apenas pensam nos desafios e nunca nas consequências. As drogas legais, o sexting, a masturbação online com estranhos, serem paparazzi da vida uns dos outros e a prostituição com mulheres mais velhas fazem parte do seu estilo de vida, onde o futuro não existe, apenas o logo à noite.
Opinião: Saí da minha zona de conforto para ler dois livros que, sendo similares, vão constar aqui na mesma opinião. Ler O Fim da Inocência I e II, relembrou-me os meus tempos de adolescente, altura em que li A Lua de Joana e Os Filhos da Droga, livros que no meu tempo eram um alerta para os adolescentes, abordando sem qualquer tabu, o mundo do sexo e drogas nesta faixa etária.
Segundo ouvi dizer, estes livros do Francisco Salgueiro eram recomendados a pais, professores e educadores, por isso, trabalhando eu com jovens, quis tentar perceber as razões desta recomendação. E por ter visto uma aluna do 9º ano a ler este livro, no local onde trabalho, fiquei ainda mais curiosa. Por isso, experimentei ler as primeiras páginas e não descansei enquanto não terminei.
Li os dois livros no feriado, ambos lêem-se num ápice.
Devo começar dizendo que nenhuma das realidades me foram familiares. A minha adolescência incidiu no final dos anos 90, início dos anos 2000 e sempre fui uma miúda pacata que não gostava muito de sair à noite. Além disso, vivi durante muitos anos num bairro social, e tive desde muito cedo, a percepção de que as drogas eram catalisadoras de uma vida degradante. Por isso, o mundo dos estupefacientes, pessoalmente, nunca me fascinou. Mas compreendo que, quem tenha essa informação mais distante (estranhamente pois hoje em dia, com o acesso à internet, a informação abunda), as drogas sejam alvo de muita curiosidade. Daí que considero ambos os livros muito verosímeis. Vejo hoje em dia, uma invulgar permissividade por parte dos pais e por conseguinte, os jovens querem crescer mais rapidamente, factores que eram raros no meu tempo.
No entanto, não fui capaz de ficar indiferente a estas duas histórias que me dilaceraram por completo. Tanto na história de Inês, como a do Gonçalo. Sou rapariga, talvez me tenha identificado mais com a história do primeiro livro, no entanto, creio que a do Gonçalo foi ainda mais chocante.
Custa a acreditar que estas são histórias reais, mas agora que penso nisso, estou convicta que estas personagens/pessoas tiveram uma adolescência atribulada devido às conjunturas actuais: cada vez mais somos escravos do trabalho e o tempo para estar com os filhos é, por conseguinte, cada vez mais escasso.
Ambas as histórias têm um grande cariz sexual, não se coibindo em práticas de todo o tipo, inadequadas se tivermos em conta que são histórias de adolescente. Ora também não reconheço esta componente. Sempre cresci a pensar que sexo era sinónimo de amor e estes jovens vêm provar que as relações sexuais podem acontecer sem o mínimo de afecto, apenas pelo prazer da descoberta.
Estes livros têm, assim, um grande impacto devido à crueza com que se narram os vários acontecimentos na vida de Inês e de Gonçalo. Atenção que os livros são independentes e poderão ser lidos sem qualquer ordem, apenas os menciono na mesma opinião por achar que uma segunda crítica seria repetitiva.
Apesar de considerar que a maioria dos jovens são atinados tal como eu na minha adolescência, é inquietante pensar que existem muitos outros que levam uma vida de excessos. Será ânsia de crescer? Ou apenas uma (alarmante) chamada de atenção?Por isso não consegui identificar-me com nenhum dos protagonistas, nem com o núcleo de amigos e familiares dos mesmos.
Ainda assim, foram dois livros que me chocaram. Muito. Tratam-se de duas obras controversas que apelam a uma reflexão sobre os valores que estão a ser transmitidos às gerações futuras.
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