Opinião: Nem Tudo Será Esquecido é o mais recente thriller psicológico da Editorial Presença que li vorazmente em apenas dois dias. O ritmo da trama é, inicialmente, moroso, mas o certo é que me senti profundamente intrigada com o caso de Jenny, uma adolescente de 15 anos que foi violada. Verifico que esta é uma temática com a qual não me deparo, frequentemente, nas minhas leituras.
Nem Tudo Será Esquecido possui uma trama complexa que vai muito além da questão da violação. O primeiro ponto que sobressai é a forma crua como esta decorreu, sendo, por isso, um livro muito gráfico e que não se coíbe em detalhes sobre este acto hediondo. Provocou-me algum desconforto, confesso, embora a minha primeira sensação fosse a de uma narrativa com maior enfoque no dramatismo da situação dada a alteração que é operada pela mesma na dinâmica familiar. Tal facto levou-me a questionar a inversão de papéis que existe no núcleo da família.
Por norma são as mães as mais preocupadas, todavia, Charlotte, a mãe aparenta estar em negação ao passo que o pai, Tom, tenta encontrar, a todo o custo, o culpado. Mais adiante, ficamos a saber que o caso entronca num segredo inerente a um dos cônjuges.
O segundo aspecto digno de realce é, na minha opinião, a forma como joga com os mecanismos da Psicologia. A título pessoal, posso dizer que tive essa disciplina no ensino secundário e foi com grande interesse que assisti, gradualmente, ao despertar de sensações de Jenny e, assim,
ficar mais perto da grande verdade (quem a terá molestado sexualmente?), não obstante, num momento subsequente, o recalcamento das emoções decorrentes da violação tivesse sido inibido por acção de um fármaco.
Ainda que duvide da verdadeira eficácia de um fármaco que camufle episódios traumáticos, achei bastante verosímil que as memórias, ainda que fragmentárias, retornem sob a forma de sensações ou de determinadas reacções a estímulos que remetem para o momento da violação.
É, indubitavelmente, um livro desconfortável e sombrio, narrado de uma forma muito peculiar. Os habituais diálogos, estrutura comum nas obras, dão lugar à transcrição de conversas, isto porque o narrador é Alan Forrester, o terapeuta que acompanha o caso de Jenny. Note-se que a escolha do narrador foi deveras inteligente. É ele que, através das consultas, conhece a profundidade psicológica das personagens que intervêm nesta trama.
À medida que encaminhava para o final, comecei a ter suspeitas de quem seria o violador. Não estive nem perto da resolução do caso que, apesar de me ter surpreendido, é certo, alguns factos pareceram-me inconsistentes.
Lanço o desafio de ler esta obra e enviar-me um email para que possamos tecer algumas questões finais.
Em suma, estamos perante um thriller viciante, sombrio e cru. Ainda não me saiu da cabeça desde que o terminei. Isto quererá dizer algo, certo?
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Parece ser uma boa história! Fiquei curioso para lê-lo.
ResponderEliminarÉ uma história intrincada e muito forte. Leia, Túlio, e depois envie-me uma mensagem ou um email para trocarmos impressões sobre o final :) Um beijinho e boas leituras
EliminarDeixaste-me curiosa porque já ando com vontade de ler um policial...vou pôr na wishlist.
ResponderEliminarWait a minute, Dorinha, eu acho que tu tens este livro! Pelo menos no GR tens lá no to-read. É o All Is Not Forgotten. Vê lá ;)
EliminarJá fui dar a volta às prateleiras e não o vejo...
EliminarAté fui ver as capas do Goodreads para ver se reconhecia, mas não. Mas o título não me é estranho...cabrão do alemão, dá cabo de mim!
Hum..... vou lê-lo... baseada na tua opinião, é claro ;)
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