Opinião: Nomeado para a categoria de melhor thriller no Goodreads deste ano, As Desaparecidas era, por isso, uma obra que aguardava com grande ansiedade. Um livro que acompanha a tendência de thrillers psicológicos que (felizmente) têm proliferado nos últimos tempos embora deva confessar que não me agrada a constante rotulagem que remete para A Rapariga no Comboio. Afinal de contas, o thriller psicológico pode alicerçar-se sobre os mais variados conteúdos: um homicídio, um rapto ou um mero desaparecimento. Não obstante Desaparecidas e A Rapariga no Comboio partilharem um aspecto comum: um desaparecimento.
Devo confessar que inicialmente o livro não me estava a entusiasmar tanto quanto gostaria. Nas primeiras páginas, achei que a obra era algo repetitiva pois pouco adiantava a ideia de que Nicolette iria voltar à sua terra natal, após o desaparecimento da sua melhor amiga, há dez anos. A trama torna-se subitamente interessante quando Nic se instala em Cooley Ridge e as questões burocráticas referentes ao pai da protagonista dão lugar à interacção desta com os restantes populares. Há um ingrediente que tanto prezo neste tipo de trama, que é, sem dúvida, aquele desvendar de segredos entre as pessoas do vilarejo. Gosto dos pequenos segredos do passado que vêm à tona e perturbam o equilíbrio do presente/passado.
Além disso, é um prazer constatar que o juízo que fazemos sobre uma dada personagem, numa fase inicial, vai mudando com o desenrolar dos acontecimentos. E foi o que me aconteceu com a protagonista. À medida que a acção evoluía, comecei a desdenhar alguns comportamentos de Nic e... mais não digo.
Algo que tenho constatado nos vários thrillers psicológicos que tenho lido, é a forma como estes estão narrados: invariavelmente quase sempre na primeira pessoa e com analepses que nos permitem acompanhar de forma simultânea algumas acções que distam no tempo. A percepção que se gera é que o puzzle é mais complexo. Não obstante em Desaparecidas a narração ser bastante peculiar pois começa no dia 15, e vai até dia 1. Apesar de ser uma narração algo confusa, é de tirar o chapéu, a forma com que o cerne do mistério foi mantido até às páginas finais, ainda que o leitor tenha sido privilegiado em conhecer alguns dos derradeiros momentos do caso, numa fase primordial da leitura. Confuso, não? Primeiro estranha-se, depois entranha-se, devo dizer.
Claro que depois de ler A Rapariga no Comboio, Em Parte Incerta e mais umas quantas histórias nesta linha, o final acaba por não ser completamente inesperado quanto eu teria desejado. No entanto, consigo entender a nomeação para melhor thriller no Goodreads: um punhado de segredos obscuros e uma resposta bastante convincente ao desaparecimento da melhor amiga de Nic e de um outro acontecimento (que omitirei, obviamente, uma vez que não consta na sinopse). Ahhh e a forma estranha de narração. Começa pelo fim e mesmo assim, deixou a sensação que fui enganada a trama toda. Uma estreia auspiciosa de Megan Miranda neste género. Gostei!
Também quero ler este, estou muito curiosa!
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