Sinopse: Uma história sobre a perda da inocência perante a tragédia.
Ao longo da viagem, Anna e o Homem-Andorinha escaparão a bombas e a soldados e também farão amigos. Mas, num mundo louco, tudo pode ser um perigo.
Também o Homem-Andorinha. «Este romance profundamente comovente une, de forma magistral, a doçura infantil com o fundo cruel e inumano da Segunda Guerra Mundial.»
Opinião: Saí da habitual zona de conforto para enveredar por um livro que, pela temática retratada, teria tudo para não ser a minha praia. No entanto, deparei-me com uma obra cuja trama valoriza a vida da protagonista e a sua luta pela sobrevivência, um aspecto que sobressai da narrativa e que remete para mero pano de fundo o tema da 2ª Guerra Mundial. Pelo menos, pessoalmente, não senti que este período da História fosse retratado de forma exaustiva e isso agradou-me. Finda a leitura, persiste uma sensação de carinho por esta lição de vida e, sobretudo, por Anna, a protagonista.
Esta menina de sete anos fica sem o pai e parece óbvio ao leitor qual o destino do progenitor, não obstante aos olhos de Anna, a ausência ter outra explicação, mais aconchegante. Na realidade, este é o primeiro eufemismo de muitos que vamos encontrando ao longo da trama.
Face à situação, Anna acaba por se cruzar com um homem, designado por Homem Andorinha. Ambos lutam para sobreviver à guerra, tentando esquivar-se dos nazis e dos russos. Sob o olhar da criança a situação é sintetizada na necessidade de passar despercebida aos lobos e ursos. O autor recorre incessantemente ao recurso estilístico do eufemismo que se caracteriza por suavizar a realidade por intermédio de termos mais agradáveis.
Na minha cabeça persistia o cenário de guerra, a invasão da Polónia
pelos Alemães e a trama é, nada mais, nada menos, do que a leitura feita por uma ingénua. Ela pinta aquilo que eu considero uma catástrofe, com uma série
de metáforas e alegorias. E de repente, o mundo parece melhor.
O elemento mágico deste livro é, indubitavelmente, a dinâmica entre as duas personagens sendo que uma, Anna, vê o mundo, como referi anteriormente, de uma forma inocente, como se a invasão dos alemães fosse algo muito ténue.
Por isso, a escrita do autor, Gavriel Savit, é fluída e quase lírica. Nem todos têm sensibilidade em transformar algo tão duro numa linguagem tão poética. Foi acertada a escolha da protagonista, só poderia ser uma criança. Só estas conseguiriam interpretar uma situação complexa, como a iminência de uma guerra, de forma ingénua.
Fui folheando as páginas, confrontando uma história que valorizava sempre a componente sentimental em detrimento das maleitas da guerra.
Em suma, aqui está uma obra diferente e que retrata o início da Segunda Guerra por um prisma diferente. Estamos perante um livro enternecedor e pejado de lições de vida. Não sou propriamente uma fã deste tipo de livros, no entanto e talvez por trabalhar com crianças, senti-me embevecida com esta obra.
Um livro bonito e cativante.
Sem comentários:
Enviar um comentário