Opinião: Sobre esta obra, começo por dizer que estamos perante um thriller muito pouco convencional. Por essa razão creio que não se destinará a todos os leitores.
A principal característica de Louca é, indubitavelmente, o humor com que a trama está dotada e a oscilação deste ao longo da narrativa. Começa por ser, inicialmente, um humor escatológico para caracterizar a protagonista, passando para, numa fase posterior, um registo mais negro.
Um dos ingredientes que mais aprecio nos thrillers é a formulação das personagens que sejam detestáveis. No final do livro, custou-me rotular uma vítima e uma vilã. A protagonista pareceu-me apenas uma oportunista que toma péssimas decisões, tudo em prol do seu bem estar. O adjectivo que dá nome ao livro, Louca, não poderia caracterizar melhor Alvina, mais conhecida por Alvie.
Pessoalmente gosto muito quando as personagens são intragáveis e no que concerne à presente obra, a autora acertou em cheio. O leitor apercebe-se, logo nas páginas iniciais, de uma grande futilidade por parte da protagonista. É praticamente impossível conter as gargalhadas quando lemos os episódios do aeroporto ou o casamento da irmã. Sim, Alvie tem uma gémea, Beth, aparentemente mais bem sucedida. A trama começa verdadeiramente quando Beth lhe pede para a ir visitar e que ambas troquem, momentaneamente, de identidade.
Tenho para mim que a sinopse desvenda demasiado mas fui entretanto consultar a original que ainda é mais reveladora. Não obstante, creio que a trama se tornará mais interessante a partir do momento em que Beth morre acidentalmente. A partir daí, são muitas as situações insólitas que Alvie passa e que me provocaram alguma incredulidade e risos vários. A personagem feminina torna-se, inevitavelmente, uma anti-heroína por quem torcemos que se safe das várias situações mirabolantes e imprevisíveis pelas quais passa. Muito sinceramente, quando não me estava a rir, sentia-me estupefacta pela incrível sucessão de acontecimentos.
Há inúmeras cenas de sexo, explícitas, outro ingrediente bastante incomum na literatura de thriller. Não me chocou, até porque, muito pontualmente, gosto de ler um erótico e considero que estas passagens trouxeram alguma audácia à narrativa.
Atento também para a invulgar estrutura da história, dividida nos vários pecados mortais, introduzido com um credo, bastante simplista no entanto, por parte de Alvie com um breve flashback da sua infância. Não desresponsabiliza os seus actos, é certo, mas acabamos por sentir alguma compaixão pela personagem.
Remato com o meu cepticismo face à sua cotação no Goodreads, para mim, subvalorizada. É certo que Louca não é um thriller tradicional, razão pela qual, na minha opinião, é uma obra que traz algo de novo ao género e isso é louvável.
Louca prima por ser muito bem escrito. Não me esquecerei das tiradas hilariantes de Alvie bem como as peripécias caricatas da personagem. Estou muito curiosa por ler o segundo livro da trilogia, Bad, fazendo votos que a Bertrand seja célere na sua publicação.
Hilariante, sexy e misterioso. Uma combinação que descreve perfeitamente esta obra. Recomendo, é claro!
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