Brian Freeman conta já com quatro livros, publicados na famigerada colecção policial/thriller, Fio da Navalha da Editorial Presença. Apesar de ter lido o primeiro livro, Segredos Imorais, prosseguido pela leitura do quarto, O Voyeur, livros que constam do meu top 10 das leituras do ano que passou, não poderia deixar de ler os livros intermédios. Desta feita, li Cidade Inquieta, o segundo livro protagonizado por Jonathan Stide, do qual vos falarei neste post.
A trama inicia-se quando assistimos ao homicídio de Amira Luz, uma entertainer das lides nocturnas de Las Vegas. Desde já o prólogo do livro prende o leitor, fazendo-o questionar quem seria Amira e principalmente, quem terá sido o seu executor. Mas eis que, ao iniciar-se o primeiro capítulo, o leitor fica ainda mais surpreendido (e genuinamente chocado) quando M.J. Lane é morto. As cenas descritivas são chocantes, e não apropriadas para publico mais susceptível.
Jonathan Stride trocou Duluth por Las Vegas. O leitor é confrontado com aquela vida boémia e tão típica desta cidade americana. Logo aí sente-se desconfortável, afinal de contas, uma cidade assim é bem mais propícia à ocorrência de crimes do que uma aldeola pacata.
Stride emparelha com Amanda Gillen. Na verdade, Amanda é um transsexual, estado ainda incompleto, vulgo ainda com a genitália masculina, sendo quase como uma vítima da sociedade.
Entretanto Serena Dial, a namorada de Stride, e o parceiro Cordy, investigam um estranho atropelamento de um menino. A ocorrência de outras mortes faz-nos crer que há uma ligação dissimulada, entre as personagens.
Quem já leu um livro de Brian Freeman, sabe que a escrita do autor é dura. Ele não tem qualquer pudor em descrever, utilizando a linguagem mais dura e real, cenas de sexo ou prostituição e os homicídios chocantes. O que até faz sentido. Num bom livro policial, não há que ter rodeios na descrição destes elementos chave. E é expectável que, num mundo de corrupção, prostituição e drogas, as pessoas não se cinjam à boa educação. Portanto, e com isto quero dizer que, sim encontrarão muita linguagem obscena, muito sangue, tripas e violência gratuita. Uma linguagem deveras gráfica, que poderá deixar o leitor verdadeiramente desconfortável.
A trama é intrincada e Freeman, consegue deixar pontas soltas, que brilhantemente são resolvidas no final. Nada garante à partida, uma ligação entre os crimes, mas o autor, e através de constantes reviravoltas no enredo, formula complicadas mas lógicas ligações entre as personagens, que acabam eventualmente, por explicar as consequências. Afinal, os meios justificam os fins. E não é só no crime que Brian Freeman é mestre. O autor consegue explorar temas complicados como a homossexualidade, o estigma na sociedade quando se faz escolhas contra a natureza humana, o mundo da prostituição e o luxo e o glamour em Las Vegas e a ambição desmesurada das pessoas em singrar neste meio e na vida. Além disso, o autor não tem qualquer pejo na elaboração da estrutura das personagens. Certamente que o seguidor concorda comigo, afinal de contas é a primeira vez (que eu tenha conhecimento) que existe como polícia, uma figura transsexual.
É um livro, que na minha opinião, se encontra muitíssimo bem estruturado. Se Freeman introduz uma personagem nova, dedica um capítulo à mesma, para que o leitor conheça o seu passado e tudo o que este interveniente traga de novo à narrativa.
As personagens são formidáveis. Falo de todas, mas claro que adoro o par Jonathan Stride e Serena Dial, as já nossas conhecidas desde Segredos Imorais. Neste livro, a ex parceira de Stride, Maggie, tem um papel meramente figurativo, o que é pena, eu engracei com ela no livro anterior, e as suas deixas humorísticas desanuviavam em muito, os momentos dramáticos contemplados pela acção. Mas o leitor vem a descobrir neste livro, um terrível drama pessoal de Maggie, que acredito piamente, mudará o rumo da personagem, para a frente da saga.
Também Serena tem os seus esqueletos no armário, ainda... O primeiro livro desvenda por completo o seu passado, e no decorrer de Cidade Inquieta, é notório o quão influenciáveis são os seus segredos face à actualidade. Optar pela prévia leitura de Segredos Imorais torna-se quase imprescindível, para compreendermos profundamente esta personagem, uma vez que só nos apercebemos da autenticidade dos seus fantasmas do passado relativamente a meio da trama.
O restante leque de personagens representa quase como uma crítica à sociedade, caracterizando a ganância do poder, à corrupção, às ligações amorosas que funcionam como troca de favores pessoais, entre outros, havendo um rácio equilibrado entre o número de vítimas e o de suspeitos.
Uma leitura que aconselho vivamente aos amantes do suspense e da acção. Torna-se compulsivo ler cada capítulo afim de desvendar toda o fio condutor do enredo. Acima de tudo, recomendo a leitura prévia de Segredos Imorais, afim de não perder pitada sobre as personagens!
Adorei a opinião!!
ResponderEliminarQuerooo :D
Boa tarde.
ResponderEliminarConsegui este livro e os segredos imorais, mas gostava de saber se tem alguma ordem dos livros ou se existem mais livros com o detective.
Muito obrigada!
Olá Sílvia, tudo bem?
ResponderEliminarSim, há uma ordem que é a seguinte: Segredos Imorais, Cidade Inquieta, Perseguida e O Voyeur. As histórias são independentes mas há sempre uma evolução a nível das personagens ;) Vais gostar muito destes livros.
Um grande beijinho e boas leituras
Olá! Gostava de saber se este livro é independente do 1º... Se posso ler este sem ter lido o 1º, não afectando a compreensão integral do livro (cidade perdida), não sei se me fiz entender...
ResponderEliminarMuito Obrigado, o artigo em cima está óptimo!
Olá Pedro,
ResponderEliminarAgradeço o teu simpático elogio!
É assim, de facto as acções são independentes mas recomendaria leres primeiro o Segredos Imorais para saberes o passado das personagens. São livros que vais gostar, e na minha opinião, é uma sequela que não perde qualidade.
Um beijinho, boas leituras!