Sinopse: Badger’s Drift é a típica aldeia inglesa onde todos se conhecem e,
aparentemente, nada acontece. Tem um vigário, um médico desastrado, umas
quantas figuras excêntricas e uma solteirona amorosa, famosa pelas suas
bolachas caseiras. Mas quando a velhinha morre subitamente, a sua
melhor amiga não se conforma. Ela sabe que aquela morte não foi natural.
O inspector-chefe Barnaby e o incansável sargento Troy não têm
alternativa senão investigar. E o lado sombrio da pitoresca aldeia
começa lentamente a ser revelado. Perante velhos ressentimentos e novas
rivalidades, ódios intensos e paixões dissimuladas, Barnaby está cada
vez mais alarmado. Infelizmente, um segundo e hediondo crime vai
confirmar as suas piores suspeitas.
Opinião: Muito me agradou abrir este livro e deparar-me com o marcador correspondente. A colecção Crime à Hora do Chá promete e vai continuar a dar cartas com nomes sonantes como Anne Perry, que constará do catálogo logo no segundo volume desta colecção.
Falando concretamente de Morte na Aldeia, este é já um clássico da literatura policial. E como tal, há um aspecto que se relaciona fortemente com Agatha Christie, ora não estejamos nós a falar da literatura britânica, é o tal cuidado na descrição que se denota sistematicamente também nos autores Stephen Booth ou P.D. James. O que eu carinhosamente apelido de polite, embora Graham se destaque pelo carácter eventualmente perturbador existente numa ou outra passagem, pelo grafismo de violência impingido em uma personagem.
Este livro foi considerado pela CWA (Crime Writers´ Association) como um dos 100 melhores policiais de sempre, como podem ver aqui. Tendo sido escrito em 1987, terá sido, a meu ver, uma história inovadora na época.
Em Morte na Aldeia é dada uma ênfase na componente psicológica do crime e os efeitos do mesmo
em sociedade. A velhinha Emily Simpson morre, após ter visto um envolvimento entre duas personagens das quais nos é ocultada as suas identidades. Assim, a sua amiga acredita piamente que alguém terá morto Emily para a silenciar do que terá presenciado.
Em busca desta resposta, o inspector chefe Barnaby e o inexperiente sargento Troy partem para uma investigação que se baseia na lógica e em métodos de interrogação aos aldeões. Penso que um ponto forte reside aqui: a autora soube retratar as relações num vilarejo: os aborrecimentos, as cusquices e as rotinas.
Portanto, quem espera procedimentos de autópsias ou investigação
forense, rapidamente vê as suas expectativas goradas. Esta é uma investigação cuja resolução passa por técnicas intuitivas. Esteja em que capítulo estiver, garanto que fechará o livro a pensar nos contornos deste crime, que é apenas isolado numa fase inicial.
Para revestir de uma carácter suspeito em todas as personagens, a autora investe num longo e elaborado feedback na apresentação das mesmas. Não percebi no início o porquê de, por exemplo, Barbara Lassiter ter um capítulo dedicado a si própria relatando a sua existência. Ou porquê as morosas descrições em torno da mrs.Rainbird. Coincidências com Agatha Christie ou não, o certo é que esta trama se evidencia pela brutalidade de um homicídio, o qual Christie estaria longe de escrever pelo grau de grafismo presente.
Mas estas são descrições longe de enfadonhas, relatando segredos bem escondidos (ok, eu assumo-me como uma fã gossip girl neste tipo de livros), o que me fascinou e até escandalizou se tivermos em conta uma vez mais, a marca temporal que assinala o livro em questão.
Gostei bastante dos protagonistas. Sabem que este Barnaby fez-me lembrar um pouco do Guido Brunetti de Donna Leon, devido ao panorama familiar. Ele tem uma esposa adorável, tornando estas passagens extremamente ternurentas, contrabalançando o teor de mistério patente em toda a trama.
O final é simplesmente chocante e se tivermos em conta que o livro foi escrito nos anos 80, foi um desfecho altamente avant garde. Fiquei genuinamente surpreendida embora na literatura policial actual seja um final relativamente comum.
Em suma, Morte na Aldeia é um excelente livro e, apesar de ter sido escrito há quase trinta anos merece ter destaque contínuo nos dias de hoje. Espero ver mais obras da autora editadas em Portugal!
Um excelente início que assinala esta nova colecção da chancela da ASA. A avaliar pelo primeiro volume, Crime à Hora do Chá apresenta fortes probabilidades de se juntar às minhas colecções preferidas em matéria de policial. Gostei imenso!
É sempre agradável regressar aos clássicos! Vai entrar na wishlist!
ResponderEliminarComo é que ja leste um livro que supostamente só é publicado dia 14? :)
ResponderEliminarA editora mandou-mo para fazer publicidade :)
ResponderEliminarPenso que o Inspector Barnaby e o sargento Troy são os personagens "originais" da série Midsomer Murders, que dá todas as 6ªs feiras na Fox Crime :)
ResponderEliminarbah...depois de fazer zoom à capa, está lá a informação relativa à serie que mencionei :)
ResponderEliminarÉ sim :) Mas eu nunca vi a série. É gira? Recomendas?
ResponderEliminarEsquece todas as outras series, vê Breaking Bad :)
ResponderEliminarSim, a série é muito boa :) Tem aquele ambiente bucólico da Inglaterra rural, e todos os episódios morrem 2 ou 3, das formas mais perversas possíveis (não sei como ainda há habitantes em Midsomer heheheh). Adoro!
ResponderEliminarUma das minhas diversões preferidas: tentar descobrir o culpado, antes de ser revelado. Fazemos concursos disso, lá em casa. Orgulho-me de estar em primeiro lugar, destacadíssima lol