segunda-feira, 1 de abril de 2013

Jean-Christophe Grangé - Rios de Púrpura [Opinião]


Sinopse: Quem semeia o ódio recolhe a violência, a vingança e a morte...
Niémans e Abdouf pensavam saber tudo sobre a violência e a morte – para polícias como eles era esse o pão de cada dia. Mas desta vez vão confrontar-se com uma realidade que ultrapassa tudo o que podiam imaginar: corpos mutilados e torturados, encontrados na posição fetal num mundo mineral e gelado. Uma encenação macabra, por trás da qual só pode estar uma seita satânica ou um bando de assassinos enlouquecidos.
Mergulhando nos abismos do passado, os dois inspectores trarão à luz do dia as mais alucinantes revelações. A verdade que os espera (que nos espera) ultrapassa tudo o que se poderia prever. E Jean-Christophe Grangé desvenda-nos essa verdade pouco a pouco, com uma arte subtil do suspense que prende irremediavelmente o leitor e o obriga a não parar de ler.
Depois de Le Vol des Cigognes, o seu romance de estreia, Jean-Christophe Grangé confirmou-se com estes Rios de Púrpura como a mais notável revelação no domínio do thriller policial francês.

Opinião: Já há muito que vi um filme chamado Os Crimes dos Rios de Púrpura com o fabuloso autor Jean Reno. Por isso, após ter analisado de fio a pavio a estante e tendo em conta que Março contemplava no meu plano de leituras, um livro com adaptação em cinema, não hesitei sobre a escolha desta obra.

A Floresta dos Espíritos marcou a minha estreia com o autor, mas só a partir de agora, com a leitura de Rios de Púrpura, me tornei fã do mesmo!

Este é um livro já antigo, datando de 1999, mas que podia muito bem ser alvo de uma reedição com uma capa mais apelativa, até porque esta é uma boa história e sobretudo bastante actual.
Acho que a sinopse é muito parca. Não faz jus ao que o livro contém: uma grande dose de mistério, adrenalina e mortes macabras, abarcando inúmeros pormenores dos processos de autópsias. Não é portanto, um livro que se adeqúe a todos os públicos, devido ao grafismo de certas passagens.
O cenário este, não poderia ser mais propício sendo uma faculdade onde a dinâmica de cunhas despoleta ódios por exteriores e a injusta subida ao poder, nem sempre é acatada por todos. Em jeito de complemento (e enriquecedor, a meu ver), o autor esmera-se em lindas paisagens com neve justificando assim a prática do alpinismo por parte de uma das personagens, que consegue transmitir toda a adrenalina deste desporto radical.

Agradou-me muito a já velha fórmula (mas sempre eficaz) do entrosamento de duas narrativas, aparentemente independentes que convergem numa revelação. Esta para mim, foi surpreendente, até porque, apesar de ter visto o filme, não me recordava ao certo como é que estas se fundiam.

Duas personagens principais muitíssimo bem conseguidas: Karim Abdouf e Pierre Niémans, dois polícias de personalidade quase antagónica mas que se complementam. Se por um lado Niémans é um veterano e impulsivo, Abdouf conhece o mundo do vandalismo por ter estado infiltrado demasiado tempo.Sem perder muito tempo na descrição das vidas de cada um deles, Grangé acaba por globalmente, focar a vida da sociedade francesa. Sem recair em preferências, o autor investe na personagem de Karim, fazendo um completo retrato sobre a sua vida e em como um argelino se mistura na metrópole francesa.
A história de vida dele é no mínimo comovedora, o que facilita a empatia deste para com o leitor.

Numa tentativa de levantar suspeitos, devo confessar que me desagradaram os preconceitos contra os skins. Depreendo no entanto que o livro, tendo sido escrito em 1998, poderá ter sido eventualmente uma época em que este grupo social era marginalizado, influenciando assim algum receio, na minha opinião, não infundado.

A narrativa tem todos os ingredientes daquilo que considero uma excelente trama policial: segredos obscuros dos passados das personagens, mortes decorrentes de uma extrema violência infligida nas vítimas e um bom aprofundamento das personagens, desencadeando uma trama verdadeiramente inteligente. Foi um livro que me prendeu até ao seu término.

Considero-me sortuda por ter aproveitado uma recente promoção da FNAC e ter adquirido a uns preços bastante apelativos, A Linha Negra e O Concílio de Pedra que não terei dúvidas em ler o mais breve possível.

Em suma, apesar de ter visto previamente o filme e o enredo não constituir por consequente, uma verdadeira surpresa, há que mencionar que de facto esta é uma história policial extremamente inteligente. Se o filme foi bom, então o livro este, é simplesmente espectacular!

Se é fã de cinema e porventura não consegue ler este livro, então deixo o seu trailer:



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