quarta-feira, 29 de maio de 2013

Eve Berlin - De Olhos Fechados [Opinião]


Sinopse: Alec Walker é um escritor de thrillers psicológicos sombrios - e um homem que vive para as suas emoções. Desde motos a skidiving, passando por nadar com tubarões, a sua busca incessante de prazer e excitação não tem fim. Essa busca estende-se também às suas relações pessoais, onde nenhuma regra limita os seus desejos. A única coisa que Alec teme é o amor - e permitir que outra pessoa o conheça realmente.
Enquanto faz investigação para um livro sobre extremos sexuais, Dylan entrevista Alec - e anseia por saborear a tentação que ele lhe oferece. No entanto, Alec é um dominador famoso e ela recusa entregar-lhe o controlo. Lenta e sedutoramente, Alec mostra-lhe que ao entregar-se-lhe de forma incondicional e submeter-se a todos os seus desejos, ela poderá experimentar o derradeiro prazer. Porém, para poder ficar com a mulher que pela primeira vez o faz ajoelhar, será Alec capaz de correr o maior de todos os riscos e entregar o seu coração?
Embalados por um misto de prazer e apreensão, o casal vê-se numa situação tentadora enquanto evita entregar-se ao sentimento que nasce entre eles.

Opinião: O primeiro pormenor que saltou à vista através da sinopse foi a forma como duas personagens escritoras de géneros tão antagónicos se pudessem relacionar amorosamente. Como gosto de thrillers e ultimamente leio também estes romances sensuais, estava curiosa como se podiam coadunar gostos tão diferentes, expressos através de escritores, com diferentes pontos de vista subjacentes.
No entanto, finda esta leitura, creio que foi pouco desenvolvido a componente dita profissional e até o envolvimento amoroso, sendo substituído por uma relação quase puramente sexual.

De Olhos Fechados é uma história que tem tantos momentos quentes como previsíveis. Entretém mas infelizmente não traz muito de novo ao género cuja moda é precisamente o BDSM.
Como referi, e se calhar estou a ficar lamechas, estava à espera de uma relação amorosa, tivesse esta ou não, uma base BDSM, teria ficado ao critério de Berlin, até porque acredito que dentro de uma relação amorosa, tudo é possível desde que os limites estejam bem definidos para o casal.
Além disso gostaria de ter visto aprofundado eventuais passados tenebrosos por parte das personagens e neste aspecto apenas Dylan cumpriu o requisito. Há efectivamente um passado menos feliz por parte da personagem feminina mas julgo que ficou muito por explorar em relação a Alec. No entanto, sei que este livro é o primeiro de uma saga, Edge, pelo que ainda tenho esperança de ver um passado negro por parte do protagonista masculino.

A narrativa é assim pautada por muitos momentos de sexo explícito, atenuando as passagens de mera história entre as personagens, cingindo-se este relacionamento quase sexual. Embora abundem as cenas de sexo e estas se insiram numa prática tão forte como o BDSM, as mesmas são descritas com uma linguagem cuidada, isenta de calão. Não me percebi, no entanto, se este pormenor se deve exclusivamente ao processo de tradução ou se a autora optou por este estilo de linguagem mais contida. Assim, considero que este livro se manteve dentro do género erótico, não transgredindo o género do dito "pornográfico literário".
Creio que há um trabalho de uma linguagem cuidada, o que me apraz bastante, pois apesar de uma prática menos comum, há uma certa elegância na descrição dos factos. Curiosa como sou, acaba por ser interessante mais uma abordagem de BDSM.

Para além do conteúdo em história, um outro pormenor que gosto de ver descrito é sem dúvida os cenários. Há de facto algumas menções dignas de registo como o restaurante com decorações orientais (crendo eu ser bastante exótico), ou o clube de BDSM que Dante e Alec frequentam, o Pleasure Dome, onde está enraízada uma luxúria muito própria da prática. Até a própria casa de Alec, com a sua imensidão de livros policiais e thrillers, local dos meus sonhos. Sem dúvida que gostei dos espaços que Berlin contempla na sua narrativa.

O livro conta precisamente com quatro personagens e duas delas, o amigo de Alec, Dante e a confidente de Dylon, Misha com papéis pouco importantes. A história centra-se em demasia sobre Alec e Dylan, tendo sido certamente enriquecedor se houvesse um maior desenvolvimento sobre Dante e Misha. No entanto, e sendo Dante um dominador, pergunto-me se o próximo livro da autora se debruçará sobre esta personagem.

Em suma, não que tenha desgostado deste livro mas penso que autoras como Jess Michaels ou Cheryl Holt têm mais história entre os personagens, já para não falar do riquíssimo contexto histórico que estas autoras conferem às narrativas sendo quase impossível destroná-las das minhas preferências.
No entanto, De Olhos Fechados, foi claramente uma leitura excitante, como as demais proporcionadas pela editora Quinta Essência,

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