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Opinião: A Mulher Má é um livro alicerçado na história verídica de uma serial killer espanhola de seu nome Enriqueta Martí que viveu entre o final do século XIX e os inícios do século XX. Pessoalmente desconhecia a existência desta mulher mas não consegui deixar de me sentir inquieta perante os requintes de malvadez para com as suas vítimas. Uma mulher tão maquiavélica que chegou a ser apelidada de vampira. Foi talvez a veracidade da narrativa o facto que mais me impressionou nesta leitura.
Por esse facto e dado haver provas documentais desses acontecimento, confesso gostei da inclusão de algumas páginas apenas fotografias desta assassina em série, bem como de outras personalidades a ela ligadas.
Além disso, a história reflecte o panorama sócio económico espanhol dos anos 10. O súbito desaparecimento de várias crianças associado à inquietação social perante a mendicidade, a fome a as doenças que degeneram em morte trouxe um ambiente de medo, sensação facilmente transponível para o leitor.
Senti-me fascninada por aquele ambiente sombrio e algo gótico de Barcelona da época, já para não falar das inúmeras alusões a autores que valorizo como Edgar Allan Poe e Mary Shelley.
Gostei da escrita do autor que me transportou para aquele ambiente e penso ser consensual que o autor nos cativa, ainda que a trama se foque numa mente tão perversa. Passagens de natureza gráfica não abundam mas as descrições envolvendo as vítimas de tão tenra idade foram suficientes para que ficasse nauseada.
A narrativa vai alternando entre o discurso na primeira pessoa, sob a perspectiva de Martí, e o discurso de narrador omnipresente, permitindo-nos chegar até Enriqueta e, desse modo, assim saber o que se passa com o protagonista. Creio que este é o elemento ficcionado na trama, a existência de Moisés Corvo.
Após citar alguns aspectos que gostei particularmente, tenho que confessar que esperava gostar mais ainda deste livro. Creio que as 250 páginas do livro foram insuficientes para aprofundar mais sobre uma personalidade tão ardilosa, pois sinceramente, gostaria de ter visto muito mais. A minha curiosidade sobre Martí foi tanta que, após a leitura, consultei uma imensidão de artigos na internet sobre a mesma, na ânsia de poder satisfazer um pouco mais a minha curiosidade sobre esta mulher.
Além disso, e na minha opinião, o desfecho foi um pouco abrupto, consubstanciando um ponto menos positivo na obra, embora eu tenha consciência que um romance nunca será uma obra biográfica.
Por ser uma história real e devido à curiosidade que me despertou relativamente à antagonista, achei a trama relativamente linear. Senti falta das afamadas reviravoltas que me surpreendem e me deixam boquiaberta como costumam acontecer com os livros que leio habitualmente.
Em suma, A Mulher Má sendo um livro com poucas páginas, proporcionou uma leitura célere numa tarde chuvosa de domingo. Senti-me transportada para aquele ambiente e simultaneamente inquieta pela presença daquela mulher cuja descrição dos actos me causou algum choque. Por ter trazido ao meu conhecimento uma assassina em série, até agora desconhecida para mim, foi uma leitura interessante e acima de tudo, algo didáctica. Ainda que não me tenha fascinado por completo, gostei.
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