segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Patricia Highsmith - O Talentoso Mr. Ripley [Opinião]


Sinopse: Tom Ripley tenta estar sempre um passo à frente dos seus credores e da lei. Mas tudo muda quando, inesperadamente, lhe oferecem uma viagem à Europa, uma oportunidade de recomeçar a vida. Ripley ambiciona ter dinheiro, sucesso e uma boa vida, e está disposto a matar para o conseguir. Quando a sua nova felicidade é ameaçada, a sua reação é tão repentina como chocante. «Uma escritora que criou o seu mundo próprio… assustadoramente mais real do que a casa do nosso próprio vizinho.»Graham Greene «Um enredo preciso, uma escrita elegante, de uma inteligência ímpar. Muito à frente do thriller convencional: um clássico dentro do seu estilo.»Evening Standard «Um thriller espantoso que merecidamente se tornou um clássico.»Spectator «Por alguma razão obscura, uma das nossas maiores escritoras modernas — Patricia Highsmith — é vista, no seu próprio país, como uma autora de thrillers (…) É certamente uma das escritoras mais interessantes deste sombrio século.» Gore Vidal

Opinião: Finalmente li aquela que, provavelmente, é considerada a magnum opus de Patricia Highsmith. O Talentoso Mr. Ripley é o primeiro livro de uma série protagonizada por Tom Ripley, uma personagem muito peculiar se tivermos em conta que esta obra data de 1955. E porquê peculiar? Porque, meus caros leitores, Tom Ripley é psicopata. Sou relativamente leiga em literatura policial clássica mas sei que esta debruçava-se, grosso modo, sobre a investigação de um caso (um homicídio, um rapto ou um roubo) por parte de um detective ou um polícia.
Assim, esta obra distancia-se do género policial vulgarmente denominado de noir e aproxima-se, sem dúvida, do thriller psicológico. Um subgénero que me parece banal nos dias de hoje mas não me soa que fosse corriqueiro na década de 50.

Na presente obra, o protagonista é, simultaneamente, o antagonista. Tom Ripley é interesseiro, maldoso e manipulador mas desperta um sentimento que já sentira com a personagem Dexter (representado por Michael C. Hall na série homónima da produtora Showtime): passei o livro todo a torcer por ele. Mesmo quando ele orquestrou aqueles planos maquiavélicos e esteve prestes a ser apanhado! Creio que o ponto forte da obra é a forma como a mesma está narrada, sempre a favor de Tom Ripley, se bem que a maioria dos leitores repudiará os seus actos.
Numa segunda fase o livro é isto: uma caçada ao homem mas dispersa pelas falsas pistas plantadas por Ripley.

Numa primeira abordagem, o livro desenrola-se num ritmo lento porém fascinante devido à viagem de Ripley à Itália. Este tem como objectivo trazer Dickie Greenleaf de volta para os Estados Unidos, mas as coisas não vão correr como o seu mandatário desejava. Como afirmei, Ripley é uma personagem que não olha a meios para atingir os seus próprios objectivos. Podem deduzir como é que isto vai acabar, certo?

Adorei, principalmente, a personagem do Ripley. A caracterização dele está fantástica, é um psicopata adorável (ao nível do Dexter, claro está). A interacção entre ele e as demais personagens é bastante interessante e levanta uma questão pertinente (que terá uma ilação assaz pessoal também): estaria ele apenas com ciúmes do estilo de vida de Dickie ou apaixonado pelo mesmo? E esta última teoria acaba por explicar o relacionamento da amiga de Dickie, Marge, com Ripley, uma relação pautada por atritos e desconfiança.

Um outro pormenor que muito me agradou foi a sensação de glamour, percepcionada por aquela vida de hedonismo e os cenários italianos maravilhosos. 
A narrativa apresenta um crescendo de tensão bastante interessante, começando por apresentar-nos o estilo de vida de Dickie, o relacionamento cada vez mais íntimo entre este e Ripley até ao culminar dos crimes que o antagonista perpetrou. 

Devo dizer que após a leitura vi o filme realizado por Anthony Minghella e, creio que a adaptação está bastante fiel à obra. Ressalvo alguns pontos que não aconteceram como no livro, embora a mais flagrante seja a omissão da personagem representada por Cate Blanchett. Também a natureza da relação entre Marge e Dickie não corresponde à que é retratada na obra.

Para um livro da década de 50, creio que é bastante interessante e terá, certamente, sido inovadora.

Tom Ripley é protagonista de uma série de cinco livros. A Máscara de Ripley (Ripley Under Ground) é a continuação da saga de peripécias ardilosas orquestradas por esta personagem peculiar. Tenciono, com certeza, acompanhá-lo na sua demanda.

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