Sinopse: AQUI
Opinião: Sou uma pessoa muito tendenciosa no sentido em que aprecio tudo o que as pessoas de quem gosto fazem. No entanto, tentei distanciar esta obra de quem a escreveu, o Nuno, uma pessoa por quem nutro uma grande amizade. E quero analisar unicamente a obra, sem que haja emoções de cariz mais pessoal inerentes ao autor. Vamos lá!
A Célula Adormecida é uma obra muito diferente da trilogia Freelancer. Atrevo-me a dizer que esta obra supera a série. Pelo menos, tocou-me muito em diversos aspectos. Em primeira análise, a dissecação do Islamismo, que me é conhecido por ter alguma família que segue a religião muçulmana e compreender mais de perto a importância do Ramadão. O Nuno fá-lo com um trato nada maçador, pelo que esta componente de carácter mais informativo interliga-se na acção com harmonia e o leitor apreende alguns conceitos sem que haja interferência de juízos. Falo da religião mas outros aspectos são abordados, sempre de forma subjectiva, como o drama dos refugiados ou o panorama político na Síria que tem desencadeado alguns confrontos e por último, o tema predominante, o terrorismo de índole religiosa, muitas vezes associado a um choque de culturas, dando azo à xenofobia.
É, portanto, um livro com uma temática muito actual se tivermos em conta alguns acontecimentos relativos aos recentes atentados na Europa reivindicados pelo autoproclamado Estado Islâmico. É precisamente com um acto terrorista, num autocarro no Marquês de Pombal, que a trama se inicia. Não obstante este acontecimento trágico, há uma outra acção que marca o início da história: a morte de um político (o qual, carinhosamente, denominei de meu primo por termos em comum o apelido). Estas duas subnarrativas, ligadas a um terceiro acontecimento, passado na Turquia, contribuem para que a trama se desenrole de uma forma assaz interessante.
Os capítulos, curtos, são propícios a uma leitura rápida e surpreendente. Estava sempre expectante com as subnarrativas, não obstante afirmar que a mais impressionante, a meu ver, foi a história de Sami e da sua família.
Comparando a trilogia com A Célula Adormecida, constatei que a caracterização do protagonista é diferente. Apesar da acção não se focar unicamente numa só personagem, creio que Afonso Catalão apresenta, numa fase inicial, um carácter algo ambíguo pelo que a relação que criei com este foi muito diferente do que a existente com o espião André Marques-Smith, o protagonista da trilogia Freelancer que desencadeia uma empatia mais imediata.
Quanto as demais personagens, são extremamente verossímeis e agrada-me que estejam munidas de características comuns e reais. Mais uma vez menciono que as personagens que mais me impressionaram foram os muçulmanos que vivem em Portugal (estou a ser, talvez, algo repetitiva mas fiquei devastada com o rumo dos acontecimentos referentes a esta família).
Outro pormenor que gostei muito, sendo eu alfacinha de gema, foi deambular juntamente com as personagens pelos inúmeros locais de Lisboa. Consegui visualizar os arruamentos e percorrê-los com as personagens da obra, conferindo uma sensação de familiaridade.
Pelas temáticas apresentadas, pelo ritmo de acção e grandes emoções inerentes ao núcleo muçulmano residente em Portugal e até pela personagem Diana Santos Silva (com as dinâmicas, que para mim, foram as mais interessantes) e um cheirinho a Lisboa, confesso que este foi dos melhores livros deste ano. Fiquei absolutamente rendida! E Nuno, venham daí mais!
Que opinião deliciosa! Ainda não acabei de ler, mas não resisti em saber o que tinhas achado <3
ResponderEliminarAhhh Sofia! Termina lá o livrinho para debatermos sobre o mesmo ;) Beijinho grande, minha querida!
EliminarTerminei hoje. Gostei imenso. Boa resenha, Vera!
ResponderEliminarObrigada querida Márcia! Vou ler a tua :)
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