Opinião: Matéria Escura é o novo livro a integrar a colecção da Suma de Letras, Sob Suspeita. Embora não seja um thriller convencional (devo adiantar que esta obra foi uma das nomeadas para a categoria de melhor livro de Ficção Científica em 2016 no Goodreads), creio que faz jus à colecção devido ao suspense que caracteriza a trama.
O livro é escrito por um autor que me surpreendera já este ano com a trilogia Wayward Pines.
É um livro muito peculiar na medida em que, tal como referi, é um sci-fy. Assim, aborda temas com os quais me identifico muito, tendo eu formação académica na área das ciências, nomeadamente conteúdos da Física como o multiverso. Para quem não está familiarizado com este termo, este é intrínseco às realidades paralelas. O que acaba, de certa forma, por ser um ponto de partida bastante interessante para a história de Matéria Escura. Jason Dessen é um professor de física, casado e com um filho
adolescente. Até ao dia em que é raptado e Jason descobre uma vida
completamente diferente.
Ainda que seja uma história com uma forte base científica, no meu entender, os conteúdos da Física não são excessivamente maçadores. Não sei se esta minha percepção tem a ver com os meus interesses pessoais que, como afirmei, enquadram-se na área da Matemática, Física, Química e afins. Contudo, é apenas um pormenor. A trama acaba por ter muita acção e não se instala o tédio no decorrer da leitura.
Não há como não estabelecer comparações entre o protagonista de Matéria Escura e Ethan Burke de Wayward Pines. Ambos deparam-se com uma situação semelhante: ao acordar do estado de inconsciência, se deparam com um mundo completamente diferente. Ambos são casados com um filho. Tanto Ethan como Jason são protagonistas com profundidade, embora neste caso, existem diferentes Jason, fruto das diferentes experiências ou tomadas de decisão que a personagem vai fazendo ao longo da sua vida. Volto a referir que o livro é um pouco estranho nesse sentido. Ainda que devidamente caracterizada, a personagem principal sofre algumas mutações que se reflectem ao nível da sua personalidade.
É um livro que, embora assente sobre bases científicas, é bastante inverosímil, imprevisível e tenso, privilegiando uma componente de thriller que se mescla com a da ficção científica.
Não obstante, é convidativo a uma reflexão sobre como uma decisão pode mudar para sempre o rumo da nossa vida.
Não é, de todo, um género que exploro com frequência, mas pela peculiaridade, Matéria Escura (e até Wayward Pines) marcaram este ano de 2016. Uma lufada de ar fresco nas minhas leituras.
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