Devo confessar que o fenómeno criado por este livro passou-me completamente ao lado (que lapso o meu...:/). Foi então que me apercebi que "Antes de Adormecer" era destaque nas estantes de policiais das mais diversas estantes de todas as livrarias que frequento. Peritos como Dennis Lehane e Tess Gerritsen, formularam críticas bastante favoráveis ao livro de estreia de S.J. Watson, o que me deixaram bastante curiosa com "Antes de Adormecer".
O conceito do livro é aterrador: Christine, de 47 anos, desenvolveu uma forma de amnésia que se caracteriza pela impossibilidade de armazenar memórias por apenas 24 horas. Então todas as manhãs ela acorda ao lado de um homem que lhe é estranho, o seu marido Ben, e reaprende como terá sido a sua história de vida até então. Na grande maioria das vezes que Christine desperta, ela assume que ainda está na casa dos 20s (altura em que sofreu o acidente que desencadeou esta condição de saúde).
Não há um único dia em que Christine não tenha que se familiarizar com Ben, com a sua casa e até consigo mesma (várias são as passagens do livro, em que a personagem se mira ao espelho, incrédula com o que vê!)
Christine é objecto de investigação do Dr. Nash, que tenta a todo custo, reactivar a sua memória. Assim, este sugere a Christine que escreva um diário com os registos dos fragmentos da sua memória. O marido nem sonha. Até porque parece que Ben não lhe conta a verdade sobre certos acontecimentos...
O livro, contado na primeira pessoa, e sob a forma de diário, deslinda os vários aspectos sobre a protagonista, que até a própria desconhece. Os próprios registos do diário variam, quer em profundidade e interesse das revelações, quer em extensão dos mesmos. O problema de uma pessoa amnésica é que... alguns relatos repetem-se! (não na íntegra mas já sabíamos previamente de algum aspecto que é mencionado novamente!) O autor transforma a vida de Christine numa intensa espiral de acontecimentos, descrita ainda que de forma morosa. Além de se focar nos aspectos da vida da protagonista, o autor pormenoriza os cenários ou descrições físicas e estados de espírito das demais personagens.
O que sentir em relação a uma personagem que é amnésica? Quando não temos informação suficiente para sentir além de pena. Conhecemos a Christine apenas através do seu diário. Os reduzidos fragmentos de memória desta personagem fizeram com que a mesma ficasse isenta de qualquer sentimento relativamente às restantes personagens. Não há nada para recordar, sem memórias para valorizar e portanto, não há nada e ninguém em quem confiar. Continuamente ela tenta definir e emendar a sua própria identidade. Uma mulher que apresenta demasiadas fragilidades e de facto, tudo o que possamos reter a partir do seu diário, e sentir pela protagonista, é uma sentida compaixão pela mesma.
Em relação às restantes personagens, o leitor é constantemente invadido por um sentimento de empatia/dúvida em relação a Ben, que aparenta ser o marido dedicado ou ao Dr. Nash que ostenta ser o médico profissional de que Christine tanto precisa. Não esqueçamos de Claire, Claire, a sua amiga há muito perdida. O leitor conhece as personagens através dos relatos da protagonista, e tal como ela, a cada registo do diário é uma reformulação, ainda que igual, da identidade de cada personagem.
Este livro é um clássico exemplo de que quatro personagens é o suficiente para se contar uma excelente história.
Eu espero que este problema de saúde, a este nível de amnésia, seja fantasioso! (o que seria de nós se perdermos continua e constantemente a memória!?!). Tirando este aspecto menos credível, achei que, globalmente a história está bastante convincente. É um thriller psicológico na verdadeira ascensão da palavra, com toneladas de dramatismo e emoções fortes pelo meio. Acrescentaria um slogan ao livro: "Nem tudo o que parece, na realidade é!"
O autor tem uma escrita bastante acessível, desprovida de linguagem ou conteúdos chocantes. Um facto que me cativou foi a forma coerente da organização do diário e a excelente abordagem das preocupações femininas de Christine (como por exemplo a alteração do corpo). Digo isto porque S.J. Watson é do sexo masculino e ainda assim, soube transparecer apreensões mais usuais do foro feminino. Apenas falha num simples pormenor: a dureza com que Christine se refere às relações sexuais. Manifestações físicas de amor não são, sob o ponto de vista de uma mulher comum, designadas com o grau de frieza descrito no livro.
Um livro cativante, tenso, intrigante, dotado de uma dose de tensão psicológica elevadíssima, provocando uma sensação quase como claustrofóbica. A isto ainda acrescento um desfecho, inesperado, que eu nem sequer tinha equacionado!
É diferente de tudo o que alguma vez tinha lido. Se a abordagem sobre a amnésia já se torna banal no cinema (e ora vejamos o caso do filme Memento, um dos meus preferidos, ou O Regresso de Henry), a percepção que tenho é que na literatura, este assunto é raramente referido. Assim, não posso deixar de recomendar Antes de Adormecer aos amantes do thriller psicológico, é uma excelente leitura!
O conceito do livro é aterrador: Christine, de 47 anos, desenvolveu uma forma de amnésia que se caracteriza pela impossibilidade de armazenar memórias por apenas 24 horas. Então todas as manhãs ela acorda ao lado de um homem que lhe é estranho, o seu marido Ben, e reaprende como terá sido a sua história de vida até então. Na grande maioria das vezes que Christine desperta, ela assume que ainda está na casa dos 20s (altura em que sofreu o acidente que desencadeou esta condição de saúde).
Não há um único dia em que Christine não tenha que se familiarizar com Ben, com a sua casa e até consigo mesma (várias são as passagens do livro, em que a personagem se mira ao espelho, incrédula com o que vê!)
Christine é objecto de investigação do Dr. Nash, que tenta a todo custo, reactivar a sua memória. Assim, este sugere a Christine que escreva um diário com os registos dos fragmentos da sua memória. O marido nem sonha. Até porque parece que Ben não lhe conta a verdade sobre certos acontecimentos...
O livro, contado na primeira pessoa, e sob a forma de diário, deslinda os vários aspectos sobre a protagonista, que até a própria desconhece. Os próprios registos do diário variam, quer em profundidade e interesse das revelações, quer em extensão dos mesmos. O problema de uma pessoa amnésica é que... alguns relatos repetem-se! (não na íntegra mas já sabíamos previamente de algum aspecto que é mencionado novamente!) O autor transforma a vida de Christine numa intensa espiral de acontecimentos, descrita ainda que de forma morosa. Além de se focar nos aspectos da vida da protagonista, o autor pormenoriza os cenários ou descrições físicas e estados de espírito das demais personagens.
O que sentir em relação a uma personagem que é amnésica? Quando não temos informação suficiente para sentir além de pena. Conhecemos a Christine apenas através do seu diário. Os reduzidos fragmentos de memória desta personagem fizeram com que a mesma ficasse isenta de qualquer sentimento relativamente às restantes personagens. Não há nada para recordar, sem memórias para valorizar e portanto, não há nada e ninguém em quem confiar. Continuamente ela tenta definir e emendar a sua própria identidade. Uma mulher que apresenta demasiadas fragilidades e de facto, tudo o que possamos reter a partir do seu diário, e sentir pela protagonista, é uma sentida compaixão pela mesma.
Em relação às restantes personagens, o leitor é constantemente invadido por um sentimento de empatia/dúvida em relação a Ben, que aparenta ser o marido dedicado ou ao Dr. Nash que ostenta ser o médico profissional de que Christine tanto precisa. Não esqueçamos de Claire, Claire, a sua amiga há muito perdida. O leitor conhece as personagens através dos relatos da protagonista, e tal como ela, a cada registo do diário é uma reformulação, ainda que igual, da identidade de cada personagem.
Este livro é um clássico exemplo de que quatro personagens é o suficiente para se contar uma excelente história.
Eu espero que este problema de saúde, a este nível de amnésia, seja fantasioso! (o que seria de nós se perdermos continua e constantemente a memória!?!). Tirando este aspecto menos credível, achei que, globalmente a história está bastante convincente. É um thriller psicológico na verdadeira ascensão da palavra, com toneladas de dramatismo e emoções fortes pelo meio. Acrescentaria um slogan ao livro: "Nem tudo o que parece, na realidade é!"
O autor tem uma escrita bastante acessível, desprovida de linguagem ou conteúdos chocantes. Um facto que me cativou foi a forma coerente da organização do diário e a excelente abordagem das preocupações femininas de Christine (como por exemplo a alteração do corpo). Digo isto porque S.J. Watson é do sexo masculino e ainda assim, soube transparecer apreensões mais usuais do foro feminino. Apenas falha num simples pormenor: a dureza com que Christine se refere às relações sexuais. Manifestações físicas de amor não são, sob o ponto de vista de uma mulher comum, designadas com o grau de frieza descrito no livro.
Um livro cativante, tenso, intrigante, dotado de uma dose de tensão psicológica elevadíssima, provocando uma sensação quase como claustrofóbica. A isto ainda acrescento um desfecho, inesperado, que eu nem sequer tinha equacionado!
É diferente de tudo o que alguma vez tinha lido. Se a abordagem sobre a amnésia já se torna banal no cinema (e ora vejamos o caso do filme Memento, um dos meus preferidos, ou O Regresso de Henry), a percepção que tenho é que na literatura, este assunto é raramente referido. Assim, não posso deixar de recomendar Antes de Adormecer aos amantes do thriller psicológico, é uma excelente leitura!
Eu já tinha vontade de ler este livro, agora então estou em pulgas para comprar este!
ResponderEliminarOla Vera, este é sem duvida um grande livro. Na altura quando o estava a ler fazia-me pensar em muita coisa da minha vida, do que eu tenho. Fez muitas vezes pensar "e se eu vive-se também numa mentira", "se todas as pessoas que me rodeiam mentissem-me", e na sorte que tenho de ter pessoas fantásticas a minha volta, de quem eu posso contar com eles para todo, sem viver numa mentir.
ResponderEliminarUm livro que faz reflectir bastante na vida que levamos.
Beijo
Elphaba eu também estive sempre muito na dúvida e depois lá comprei o livro, uma leitura diferente e bastante interessante.
ResponderEliminarRicardo, como concordo contigo! E o que seria de nós se tivéssemos que aprender a gerir emoções e a tentar reconstruir a nossa identidade todos os dias... Dá que pensar mesmo!
Um beijinho para vocês! Boas leituras!
Fico contente que a tua opinião tenha sido altamente positiva!
ResponderEliminarEstou super curiosa para ler este livro, tal é o burburinho! =)
Tenho-te como amiga no goodreads e ontem decidi visitar esta tua página pois ando à procura de livros para comprar. Adorei o teu "cantinho na web" por completo! Gosto imenso de ler as tuas opiniões e, à conta disso, já tenho uma listinha assim para o grande. E para melhorar a situação vejo que também adoras policiais! Não podia ter encontrado uma blog mais adequado, pois se há coisa que adoro ler é um bom policial que me deixa cheia de dores de cabeça a tentar adivinhar o criminoso.
ResponderEliminarParabéns pelo blog!
xx
Olá narcissa :) Obrigada pelo comentário, fico mesmo muito contente! Não só por gostares deste pequeno espaço como também por seres amante deste género literário (é realmente fantástico!). Desculpa mas qual é o teu nome no goodreads? Vou acompanhar de perto as tuas leituras para conhecer mais policiais/thrillers :))
ResponderEliminarBeijinho e obrigado! Boas leituras!
Sou a Vanessa. Estive a ver e não tens outra, portanto é fácil de encontrar.
ResponderEliminarObrigada (vamos ver se com as férias consigo aumentar a minha leitura) e igualmente. ;)
Já te vi Vanessa! :D Temos 87% de gostos similares! ehehe Tens livros muito bons na tua biblioteca :D Já percebi que ñ posso deixar escapar o Perfume e Compulsão :)
ResponderEliminarContinuação de boas leituras! Beijinho grande e boas férias!
Parece-me uma boa percentagem! :D Obrigada. Não é uma biblioteca muito grande, mas vai crescendo a pouco e pouco. O "Perfume", para mim, foi uma leitura maravilhosa. Quase parecia que sentia os cheiros a saírem das páginas. Em relação à "Compulsão", foi o segundo da Val McDermid que li e não fiquei desapontada. Até pelo contrário. Consegui gostar um pouco mais deste que do "Assassino de Sombras". No entanto, só depois é que vi que "Compulsão" é o segundo livro da série Tony Hill & Carol Jordan. Falhanço da minha parte, eheh.
ResponderEliminarBeijinhos e, quando tiveres a oportunidade de ler esses dois, espero que gostes. :)
E vi lá uma outra leitura tua que fiquei curiosa em experimentar: Karen Rose! Deste uma pontuação alta, e pelas sinopses parece ser muito bom! :)) Tenho que ler esses dois em breve :D
ResponderEliminarBeijinho e obrigada pelas sugestões :))
Amei!❤
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