Pena Capital é o recente romance de Robert Wilson, autor da tetralogia protagonizada por Javier Falcon (da qual constam os livros lidos O Cego de Sevilha e Mãos Desaparecidas) e O Último Acto em Lisboa, que li ainda este ano, tendo sido dos livros que mais gostei.
A trama desenvolve-se em torno do rapto de Alyshia D´Cruz, filha do mediático Frank D´Cruz, magnata indiano, ex actor em Bollywood.
É então contratado Charles Boxer, um ex militar e ex polícia que enveredou pela segurança privada, tendo-se especializado em raptos e resgates. Este caso revelar-se-á, para Boxer, como umas das operações mais arriscadas na sua carreira.
Esta história de Robert Wilson teve um rápido e emocionante arranque. Desconhecem-se as motivações dos sequestradores, embora o autor desvende desde o início as suas identidades.
A própria configuração do rapto não é a habitual: afinal de contas os sequestradores não entram em contacto com a família a pedir resgate, como seria de esperar, agindo de forma diferente e até surpreendente. O próprio rapto decorre em condições atípicas e toma proporções que o leitor não equacionou antes.
Um dos pormenores mais interessantes do livro é a forma como o autor tem como acção principal este rapto de Alyshia, contrapondo com as várias acções mais do foro pessoal das personagens. Robert Wilson tem a preocupação de dotar as personagens de características no seu passado, de forma a que sejam mais profundas e reais quanto possível. Por isso, são explanados os passados sombrios dos maus da fita, Dan e Skin, cujos perfis criminosos vão sendo desvendados à medida que lemos o livro.
Depois há dois pares de dois ex-casais, cujas dinâmicas são continuamente aprofundadas: Isabel Marks/Frank D´Cruz (os pais de Alyshia) e Charles Boxer/Mercy Danquah. Estes, que à primeira vista tratar-se-iam de heróis pela resolução do caso, são igualmente dotados de fragilidades, nomeadamente no que concerne à filha em comum, Amy, que claramente os odeia e entra em provocações contínuas com os pais. Sobre Frank D´Cruz, é previsível que este tenha alguns segredos dado que o rapto foi desencadeado por acções passadas do pai de Alyshia. O autor desvenda por partes alguns desses segredos.
Gostei particularmente da forma como o autor interpôs vários cenários na mesma narrativa e na mesma linha cronológica, permitindo ao leitor saber os factos que ocorrem quase simultâneamente ao longo dos dias que sucederam ao rapto. Assim, a acção em Londres é conhecida praticamente ao mesmo tempo da ocorrência dos factos em Lisboa ou Mumbai. Sendo Robert Wilson um autor de nacionalidade britânica, a forma como descreve Lisboa actual, principalmente a zona do Parque das Nações, confere uma estranha mas agradável familiaridade.
O autor tem naturalidade britânica, justificando o seu à vontade na descrição da passagens londrinas. O mesmo não consigo precisar no que concerne aos acontecimentos ocorridos em Mumbai, no entanto, a sua verosimilhança, leva-me a supor que o autor conhece igualmente bem a cidade indiana.
A propósito do realismo em descrições, achei deveras curiosa a forma como o autor evidencia o sentido do paladar através da forma como descreve os aromas e os odores do caril na preparação dos bhaji, os típicos pasteis de cebola indianos, acontecendo o mesmo relativamente a uma refeição tradicional portuguesa, o arroz de pato. Denota-se que o autor tem um extenso conhecimento sobre vinhos portugueses, enumerando alguns na trama.
Não sendo eu grande fã da temática de terrorismo, conspirações e corrupções, penso que o final poderia ser diferente se o autor tivesse enveredado pela contínua descoberta de segredos em relação a Frank D´Cruz. À primeira vista pensei estas temáticas fossem apenas introdutórias, e embora as mesmas sejam recorrentes em tramas policiais, pensei inicialmente que não tivessem um papel tão importante em Pena Capital.
Este final é também quase deixado em aberto, sugerindo que as personagens podem voltar a cruzar-se numa eventual sequela. E de facto é esta a sua intenção segundo o que o próprio frisou no dia da apresentação do livro na Fnac do Centro Comercial Colombo.
Em suma, Pena Capital foi um livro de que gostei, embora não tenha destronado o meu livro preferido do autor até à data, O Último Acto em Lisboa.
A trama desenvolve-se em torno do rapto de Alyshia D´Cruz, filha do mediático Frank D´Cruz, magnata indiano, ex actor em Bollywood.
É então contratado Charles Boxer, um ex militar e ex polícia que enveredou pela segurança privada, tendo-se especializado em raptos e resgates. Este caso revelar-se-á, para Boxer, como umas das operações mais arriscadas na sua carreira.
Esta história de Robert Wilson teve um rápido e emocionante arranque. Desconhecem-se as motivações dos sequestradores, embora o autor desvende desde o início as suas identidades.
A própria configuração do rapto não é a habitual: afinal de contas os sequestradores não entram em contacto com a família a pedir resgate, como seria de esperar, agindo de forma diferente e até surpreendente. O próprio rapto decorre em condições atípicas e toma proporções que o leitor não equacionou antes.
Um dos pormenores mais interessantes do livro é a forma como o autor tem como acção principal este rapto de Alyshia, contrapondo com as várias acções mais do foro pessoal das personagens. Robert Wilson tem a preocupação de dotar as personagens de características no seu passado, de forma a que sejam mais profundas e reais quanto possível. Por isso, são explanados os passados sombrios dos maus da fita, Dan e Skin, cujos perfis criminosos vão sendo desvendados à medida que lemos o livro.
Depois há dois pares de dois ex-casais, cujas dinâmicas são continuamente aprofundadas: Isabel Marks/Frank D´Cruz (os pais de Alyshia) e Charles Boxer/Mercy Danquah. Estes, que à primeira vista tratar-se-iam de heróis pela resolução do caso, são igualmente dotados de fragilidades, nomeadamente no que concerne à filha em comum, Amy, que claramente os odeia e entra em provocações contínuas com os pais. Sobre Frank D´Cruz, é previsível que este tenha alguns segredos dado que o rapto foi desencadeado por acções passadas do pai de Alyshia. O autor desvenda por partes alguns desses segredos.
Gostei particularmente da forma como o autor interpôs vários cenários na mesma narrativa e na mesma linha cronológica, permitindo ao leitor saber os factos que ocorrem quase simultâneamente ao longo dos dias que sucederam ao rapto. Assim, a acção em Londres é conhecida praticamente ao mesmo tempo da ocorrência dos factos em Lisboa ou Mumbai. Sendo Robert Wilson um autor de nacionalidade britânica, a forma como descreve Lisboa actual, principalmente a zona do Parque das Nações, confere uma estranha mas agradável familiaridade.
O autor tem naturalidade britânica, justificando o seu à vontade na descrição da passagens londrinas. O mesmo não consigo precisar no que concerne aos acontecimentos ocorridos em Mumbai, no entanto, a sua verosimilhança, leva-me a supor que o autor conhece igualmente bem a cidade indiana.
A propósito do realismo em descrições, achei deveras curiosa a forma como o autor evidencia o sentido do paladar através da forma como descreve os aromas e os odores do caril na preparação dos bhaji, os típicos pasteis de cebola indianos, acontecendo o mesmo relativamente a uma refeição tradicional portuguesa, o arroz de pato. Denota-se que o autor tem um extenso conhecimento sobre vinhos portugueses, enumerando alguns na trama.
Não sendo eu grande fã da temática de terrorismo, conspirações e corrupções, penso que o final poderia ser diferente se o autor tivesse enveredado pela contínua descoberta de segredos em relação a Frank D´Cruz. À primeira vista pensei estas temáticas fossem apenas introdutórias, e embora as mesmas sejam recorrentes em tramas policiais, pensei inicialmente que não tivessem um papel tão importante em Pena Capital.
Este final é também quase deixado em aberto, sugerindo que as personagens podem voltar a cruzar-se numa eventual sequela. E de facto é esta a sua intenção segundo o que o próprio frisou no dia da apresentação do livro na Fnac do Centro Comercial Colombo.
Em suma, Pena Capital foi um livro de que gostei, embora não tenha destronado o meu livro preferido do autor até à data, O Último Acto em Lisboa.
Ontem estive ao lado de este livro na Fnac, e fiquei na dúvida se devia ou não levar-lo para casa comigo. No entanto, agora ainda estou com mais dúvidas, porque também não sou muito fã da temática de terrorismo, conspirações e corrupções..
ResponderEliminarAlguem sabe onde consigo comprar esse livro?
ResponderEliminarNas livrarias Mayra, este livro ainda vejo com alguma frequência ;)
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