Casamentos e Infidelidades é um clássico policial de John Bingham que data de 1953.
Tendo a capa alusiva ao filme baseado na obra homónima, não creio que tenha sido a escolha mais correcta, uma vez que à primeira vista, ninguém associa este livro como pertencente à já nossa conhecida colecção O Fio da Navalha da Editorial Presença.
Com passagens narradas por Peter Harding, esta é a história do seu melhor amigo Philip Bartels.
Casado com Beatrice, Philip apaixona-se por Lorna Dickinson, uma mulher mais nova e vibrante. Mas Philip está com um dilema: ele não quer deixar a mulher nem tão pouco dar-lhe um desgosto. Depressa pensamentos sombrios assaltam a sua cabeça e Philip pensa em assassinar a sua esposa.
Mas Philip apresenta Lorna ao seu melhor amigo e este apaixona-se por ela, criando um outro dilema: impedir que Bartel siga avante com o seu plano, de forma a ficar com a esposa e Peter com Lorna.
Este é um clássico, como tal não esperem grandes passagens violentas ou grafismo. A história gira em torno do planeamento da morte de Beatrice por envenenamento. Apenas isto. Daí que seja um policial, embora de leitura exigente, mas extensível a todos os públicos. E exigente porquê? A escrita de Bingham é aprimorada, e penso que seria assim nos anos 50, com grandes descrições e reparem que o livro tem pouco menos de 190 páginas. Dados estes pormenores, a acção tem um ritmo mais vagaroso.
Há todo um retrato da sociedade dos anos 50, que se debruça essencialmente sobre o jogo de aparências dentro de um matrimónio. Um outro aspecto que denotei curioso é a moda do fumar, como uma forma social de estar, que caiu em detrimento na literatura actual, face aos já conhecidos malefícios do tabaco.
Premeditação de um crime é um acto vil, em Portugal com pena agravada face a um crime a queima roupa. Planear, limpar as provas, não deixar testemunhas e no fim executar, há que ter estômago, convém dizer. E é nisto que pensa Bartels. De facto ele vive obcecado com a ideia, afim de poder partilhar a sua vida com Lorna, sem terceiros.
Esta história é em parte narrada por Peter, mas também, noutras passagens, narrada pela terceira pessoa. Daí que haja uma caracterização mais directa do protagonista, por parte do seu melhor amigo mas grande parte do perfil psicológico da personagem é deduzido pelo leitor, com base no que é exposto sobre Bartels. E devo dizer que esta é uma personagem bastante sombria. Embora com intenções tão abomináveis, a personagem mostra um lado mais consciencioso, mostrando-o através de várias páginas com inúmeras e extensas suposições e remorsos face ao seu plano. Estas, no entanto, conseguem ser um pouco maçudas e em nada acrescentam à trama a não ser a estranha psicose pelos detalhes ou pormenores de cariz mais mórbido.
De igual forma, achei muito simplista a forma como ele diz amar Lorna, sem o demonstrar devidamente. Desconheço que será apenas frieza, característica da época.
Mas a história, embora de trama aparentemente linear, é constituída por quatro personagens principais e embora dado o número reduzido de intervenientes, é complexa a teia de relação entre os mesmos, justificando a tradução portuguesa do título da obra.
Terminei a leitura deste livro na noite de sexta feira e aproveitando o fim de semana que se avizinhava, aproveitei para ver o filme baseado no livro. Fiquei muito desiludida. Embora a maior parte seja fiel à obra, alteraram por completo o desfecho e muito sinceramente, o final do livro é muito mais surpreendente do que o filme. Mais uma vez, recomendo o livro ao invés da sua adaptação cinematográfica.
Em suma, Casamentos e Infidelidades é um conto pequeno com um grande revivalismo dos anos 50, excelente para uma tarde de ócio. É uma profunda reflexão sobre os complexos comportamentos humanos perante as relações amorosas. Gostei!
Tendo a capa alusiva ao filme baseado na obra homónima, não creio que tenha sido a escolha mais correcta, uma vez que à primeira vista, ninguém associa este livro como pertencente à já nossa conhecida colecção O Fio da Navalha da Editorial Presença.
Com passagens narradas por Peter Harding, esta é a história do seu melhor amigo Philip Bartels.
Casado com Beatrice, Philip apaixona-se por Lorna Dickinson, uma mulher mais nova e vibrante. Mas Philip está com um dilema: ele não quer deixar a mulher nem tão pouco dar-lhe um desgosto. Depressa pensamentos sombrios assaltam a sua cabeça e Philip pensa em assassinar a sua esposa.
Mas Philip apresenta Lorna ao seu melhor amigo e este apaixona-se por ela, criando um outro dilema: impedir que Bartel siga avante com o seu plano, de forma a ficar com a esposa e Peter com Lorna.
Este é um clássico, como tal não esperem grandes passagens violentas ou grafismo. A história gira em torno do planeamento da morte de Beatrice por envenenamento. Apenas isto. Daí que seja um policial, embora de leitura exigente, mas extensível a todos os públicos. E exigente porquê? A escrita de Bingham é aprimorada, e penso que seria assim nos anos 50, com grandes descrições e reparem que o livro tem pouco menos de 190 páginas. Dados estes pormenores, a acção tem um ritmo mais vagaroso.
Há todo um retrato da sociedade dos anos 50, que se debruça essencialmente sobre o jogo de aparências dentro de um matrimónio. Um outro aspecto que denotei curioso é a moda do fumar, como uma forma social de estar, que caiu em detrimento na literatura actual, face aos já conhecidos malefícios do tabaco.
Premeditação de um crime é um acto vil, em Portugal com pena agravada face a um crime a queima roupa. Planear, limpar as provas, não deixar testemunhas e no fim executar, há que ter estômago, convém dizer. E é nisto que pensa Bartels. De facto ele vive obcecado com a ideia, afim de poder partilhar a sua vida com Lorna, sem terceiros.
Esta história é em parte narrada por Peter, mas também, noutras passagens, narrada pela terceira pessoa. Daí que haja uma caracterização mais directa do protagonista, por parte do seu melhor amigo mas grande parte do perfil psicológico da personagem é deduzido pelo leitor, com base no que é exposto sobre Bartels. E devo dizer que esta é uma personagem bastante sombria. Embora com intenções tão abomináveis, a personagem mostra um lado mais consciencioso, mostrando-o através de várias páginas com inúmeras e extensas suposições e remorsos face ao seu plano. Estas, no entanto, conseguem ser um pouco maçudas e em nada acrescentam à trama a não ser a estranha psicose pelos detalhes ou pormenores de cariz mais mórbido.
De igual forma, achei muito simplista a forma como ele diz amar Lorna, sem o demonstrar devidamente. Desconheço que será apenas frieza, característica da época.
Mas a história, embora de trama aparentemente linear, é constituída por quatro personagens principais e embora dado o número reduzido de intervenientes, é complexa a teia de relação entre os mesmos, justificando a tradução portuguesa do título da obra.
Terminei a leitura deste livro na noite de sexta feira e aproveitando o fim de semana que se avizinhava, aproveitei para ver o filme baseado no livro. Fiquei muito desiludida. Embora a maior parte seja fiel à obra, alteraram por completo o desfecho e muito sinceramente, o final do livro é muito mais surpreendente do que o filme. Mais uma vez, recomendo o livro ao invés da sua adaptação cinematográfica.
Em suma, Casamentos e Infidelidades é um conto pequeno com um grande revivalismo dos anos 50, excelente para uma tarde de ócio. É uma profunda reflexão sobre os complexos comportamentos humanos perante as relações amorosas. Gostei!
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