domingo, 2 de março de 2014

Asa Larsson - Quando a Tua Ira Passar [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Já há muito que aguardava uma nova investigação por parte de Rebecka Martinsson e Anna-Maria Mella. Quando A Tua Ira Passar é o quarto livro protagonizado por esta dupla e que tem-me cativado cada vez mais. Não consigo eleger o meu preferido pois fiquei rendida com Aurora Boreal, A Senda Obscura e este, Quando a Tua Ira Passar.
Para ser sincera, o único livro que achei mais mediano foi o segundo, Sangue Derramado

O aspecto que ressaiu de imediato foi a forma como a história está narrada, diferente dos outros livros da autora, embora não seja de todo inédita. Lembro-me de um autor que aprecio muito, também sueco, que utiliza este modo narrativo, Mons Kallentoft.
Isto porque Larsson confere alguma profundidade à personagem Wilma ao partilhar os seus pensamentos apesar da jovem estar já morta. Efectivamente, é ela que narra certas passagens, alternando com o narrador omnipresente, permitindo que a conheçamos e às restantes personagens locais sobretudo a sua família: a bisavó Anni, com quem ela vive e a sua tia-bisavó, Kerttu.

Reconheço que este elemento sobrenatural não será do agrado de todos mas creio que dá à história uma dimensão adicional: o da vítima, que pode contar a sua versão do que realmente aconteceu. Além disso, confere uma fonte de informação ao leitor: Wilma e o seu namorado Simon, tinham descoberto no fundo do lago, um avião que teve um importante papel em 1943, mensagem que é cedida ao leitor ainda antes da descoberta das entidades policiais. No entanto, esta informação é simultaneamente limitada, pois nos são ocultados diversos elementos alusivos à investigação e serão apenas revelados no decorrer da trama.
Existe apenas este elemento paranormal, tendo considerado algo perturbante, embora ache que não influencia em nada a credibilidade do caso. O desenrolar da investigação cinge-se a aspectos verossímeis, assentando em moldes históricos.

Quando a Tua Ira Passar é muito mais do que uma investigação de homicídio. Dotada de uma componente pessoal muito intensa sobre as personagens, a história incide sobre uma pequena localidade no norte da Suécia e como os populares se comportaram há 60 anos, durante a Segunda Guerra Mundial. 
O factor familiaridade está presente uma vez que regressam diversas personagens conhecidas do leitor. Mais uma vez, a autora estabelece uma reflexão sobre relações: a inspectora Anna-Maria Mella, mãe de quatro filhos, luta contra a rotina no casamento, tentando não se desgastar com o seu trabalho e Rebecka Martinsson, ainda fragilizada com os acontecimentos ocorridos no livro anterior, e que tenta manter a sua independência em Kiruna quando o seu amante voltou a Estocolmo. Cativou-me sobretudo a forma como Rebecka lida com os animais e a sua dedicação para com os cães.

O que me impressionou mais na trama foi, sem dúvida, a família disfuncional Krekula. Um velho pai dominante, Isak, uma mãe amargurada, Kerttu e dois filhos já adultos e maliciosos, Tore e Hjalmar. Por meio de flashbacks que remontam à infância destas duas personagens, há uma delas que apela ao coração do leitor, por ter passado por um traumático incidente.

Além disso, e este é um aspecto intrínseco à literatura escandinava, não tenho como evitar este fascínio sobre a Suécia. A autora descreve aquele ambiente gélido das florestas, coadunando com a frieza das personagens, em particular os Krekula, mostrando o quão diferente é a cultura sueca (factor extensível aos restantes países escandinavos) face à mediterrânica.

Esta é uma trama que se baseia nos valores familiares bem como um tema que tenho gostado de saber mais: a Segunda Guerra Mundial. E neste caso concreto, a relação da Suécia com a Alemanha neste período. E acreditem que a ficção relacionada com este facto histórico resultou num excelente policial!

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1 comentário:

  1. Viva,

    Bem excelente comentário e já tenho saudades de ler um bom potencial ;)

    Fiquei com a sensação que ando a perder bons livros :)

    Bjs e boas leituras

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