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Opinião: Foi com muita expectativa que iniciei a leitura de A Viúva, o aclamado thriller psicológico do momento. Escrito por uma jornalista que lidou de perto com o mediático caso Maddie McCann, a obra explora a dicotomia entre comunicação social e investigações criminais. Actualmente, constatamos que há, cada vez mais, uma intrusão por parte dos media na investigação policial, levantando, por diversas vezes, hipóteses que nem sempre correspondem à verdade ou manipulando as opiniões das pessoas, transformando, frequentemente, meros noticiários em autênticos julgamentos populares.
Posto isto, esta é uma das reflexões interessantes que advêm deste livro. Além de que A Viúva levanta algumas questões éticas como a conivência que se instala na relação marido e mulher aquando um dos elementos do casal procede de (suposta) forma criminalmente.
Um livro muitíssimo bem escrito cuja originalidade reside na forma como é narrado. É certo que a alternância de perspectivas das várias personagens está em voga actualmente, mas nunca vi relatado desta maneira, o rapto de uma criança. Assim, o leitor tem acesso aos pensamentos da viúva, da jornalista e do detective, sendo que, na minha opinião, os da viúva são os mais interessantes. A pouco e pouco apercebemo-nos que as provas indiciam a culpa de Glen, o marido de uma das protagonistas, num rapto que se tornou mediático no Reino Unido. Note-se, este caso é ficcional, crendo eu que o leitor português encontrará, facilmente, paralelismos com outros casos reais.
Além das várias percepções, que permitem dar a conhecer as variadas vertentes da investigação, a trama estrutura-se através de saltos temporais. À medida que a história se desenvolve, e devo dizer que esta se entranhou em mim, instalam-se questões pertinentes como: terá mesmo sido Glen a raptar a menina? Será que a mulher (agora
viúva) sabia? O que terá acontecido, afinal de contas, a Bella? Enquanto tentei descortinar possíveis respostas para estas perguntas, senti-me literalmente sugada para aquela vida doméstica tão absorvente como
perturbadora, bem como aquela obsessão por parte da jornalista que
me pareceu ir além da dedicação profissional.
Não obstante ter sido uma história instigante (e creio que a temática do rapto de crianças é sempre delicada), devo confessar que não fiquei exactamente surpreendida com o desfecho. Tinha formulado um punhado de explicações para o caso, e o que a autora nos apresenta, já tinha equacionado. Ainda assim, A Viúva é uma obra que vale pela história absorvente e pelas questões fracturantes na sociedade de hoje como o poder excessivo dos media, a instituição do casamento e o desaparecimento de uma criança. Gostei muito!
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