domingo, 12 de junho de 2016

Gillian Flynn - Pequenos Vigaristas [Opinião]

Sinopse: AQUI

Opinião: Gillian Flynn, autora de Em Parte Incerta, Lugares Escuros e Objectos Cortantes, escreveu um conto pertencente a uma antologia orquestrada pelo famigerado George R. R. Martin. 
The Grownup, traduzido por cá como Pequenos Vigaristas, é um conto intenso que se lê num abrir e fechar de olhos.

O que mais gostei neste conto foi, sem dúvida, o registo característico das personagens. Tal como Amazing Amy (Em Parte Incerta), Libby Day (Lugares Escuros) ou Camille Preaker (Objectos Cortantes) e iria além dizendo que o resto do elenco dessas obras, também na protagonista desta história, conhecida como Croma, denotam-se ínfimos valores morais. A situação é, numa fase inicial, caricata: Croma ganha a vida num ramo bastante peculiar da prostituição, masturbando os vários clientes que passam por ela. No entanto, na contínua busca de dinheiro fácil, passa de 'punheteira' a vidente e nessas circunstâncias conhece Susan Burke. As coisas mudarão radicalmente...

Devo confessar que, por norma, não sou apreciadora de contos por considerar que, regra geral, são histórias subdesenvolvidas. Todavia, esta pequena trama provou-me que estou errada. Desde o início que o leitor se apercebe o quão astuta é a personagem no que concerne a ganhar a vida, devido às necessidades pelas quais passou na sua infância.
Sobre as demais personagens, que são praticamente duas (Susan e o seu enteado Miles), há uma caracterização muito dúbia que funciona bastante bem até ao clímax do conto. Não há como descrever o quão aterradoras são as personagens e, acima de tudo, o quão difusa é a linha que distingue os antagonistas dos heróis. 
Atrever-me-ei a dizer que será esta a chave que caracteriza a intensidade do conto.

De ritmo rápido, e brincando com temas como assombrações ou a sociopatia, Pequenos Vigaristas é, à semelhança das obras de Flynn, uma história densa (ainda que contada em poucas páginas) que conseguiu-me ludibriar por completo mesmo após o seu final. Digamos que a ilação do desfecho será interpretada de forma muito pessoal pois paira no ar, de uma forma constante, a dúvida sobre as verdadeiras intenções das personagens. Assim, diria que The Grownup (traduzido à letra como os crescidos), tem um nome bastante adequado por cá.

Intenso, sombrio e de carácter duvidoso até literalmente à última página, este é, em suma, um conto de excelência!


3 comentários:

  1. Oh pah já ando com este livro/conto debaixo de olho há imenso tempo! por acaso, já tinha a ideia de que me ia surpreender.. ao contrário de ti ando um pouco mais virada para os contos :) Da Guillin Flynn só se podia esperar algo assim tão wow não? :) vou comprar nas próximas semanas, com certeza!

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  2. Adoro esta escritora.Mas este livro 'sem' final não foi dos que mais me agradou. Vou esperar pela serie para ver que final lhe dão.
    Mas é incrível o poder que Gillian Flynn tem para arranjar personagens com mentes tão retrocidas para os seus livros.
    Vou agora ler TEIA DE MENTIRAS.
    Bjs e boas leituras.

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    1. Olá mimi! É verdade, o final é a ilação que cada um tira depois desta estranha história... Comecei ontem o Teia de Mentiras e estou a gostar para já :)

      Um beijinho e boas leituras

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