Sinopse: AQUI
Opinião: Este livro, meus caros seguidores, é muito diferente dos thrillers que andam aí. E utilizei o adjectivo 'diferente' porquê? Existe uma espécie de clímax a cerca de 1/3 do livro, fazendo com que a acção rumasse para um desenvolvimento completamente diferente do que estava à espera.
A sinopse do livro é tão vaga uma vez que a trama se divide em duas partes e a segunda não tem nada a ver com o sumário. Nada mesmo. Já terminei o livro há uns dias e ainda penso na história... entranhou-se mesmo!
O ponto forte de Deixei-te Ir reside na forma como é inteligentemente escrito. Até à página 162 a trama desenrola-se de uma forma morosa: temos um atropelamento e fuga (que resulta na morte de um menino); uma investigação que parece ir a lado nenhum; inúmeras reflexões sobre a culpa e a perda. Não obstante nesta página referida haver um twist tão brilhante que eu nem quis acreditar! A sério, apeteceu-me ler tudo para trás para perceber o que me tinha escapado.
Embora não o tenha feito (e fica a vontade de reler esta obra um dia mais tarde), sempre que penso na primeira parte apraz-me dizer, correndo o risco de ser repetitiva, que está escrito de uma forma deveras inteligente. Atrevo-me a afirmar que a as primeiras 162 páginas enganarão todos os leitores da mesma forma que me ludibriou.
Quanto à segunda parte da história, esta leva um rumo completamente diferente do que estava à espera. Vou, obviamente, omitir a temática principal, dizendo que é um assunto ao qual sou muito sensível. Como mulher, sempre que leio obras baseadas nesse flagelo, acabo sempre por ficar bastante impressionada. Há um segundo twist que encerra a obra, muito embora, pessoalmente, não tenha achado completamente coerente com o que lera até então. Não posso revelar muito mais mas fica o convite para me enviarem um email após a vossa leitura a relatar a vossa consideração perante estes dois (grandes) momentos.
A segunda parte prima por um ritmo mais rápido e uma sensação de desconhecido perante o que aí vem. A minha percepção, em primeira análise, foi de alguma confusão uma vez que entra uma personagem nova como narrador e que terá um papel determinante na trama.
Creio que a autora foi exímia na caracterização das personagens. A partir da segunda parte torna-se mais evidente que Mackintosh dá um toque bastante duvidoso às personagens. Nada o que parece é, com excepção de um aspecto: tenho-me focado na subnarrativa referente à personagem feminina sem referir que há uma outra, mais concentrada no detective, Ray cujos problemas no casamento, no trato com os filhos e interacção profissional. Na minha opinião, a subtrama em questão não é tão estimulante quanto a história principal não obstante sentir-me algo cativada com a mesma. É também a subtrama em que diria que existe maior coerência nas personagens.
Um outro ponto relevante foi a forma convincente como a investigação foi conduzida. Mackintosh trabalhou na polícia e creio que a sua experiência profissional terá sido uma mais valia na maneira como conduz a componente dita policial.
Em suma, Deixei-te Ir é um livro engenhoso, no role dos melhores que li nos últimos tempos. Não arrecadou as cinco estrelas por duas razões: pela morosidade inicial e pelo segundo twist que não me deixou completamente convencida.
Ainda assim é uma lufada de ar fresco nos thrillers que por aí andam. Uma estreia auspiciosa de Clare Mackintosh no mundo literário!
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