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Opinião: Livro de estreia da australiana Jane Harper, A Seca é uma obra muitíssimo bem escrita com cenário na árida região de Kiewarra, de onde é natural o protagonista, Aaron Falk. Este regressa à cidade após saber que o melhor amigo, Luke, se suicidara após ter morto a mulher e o filho em circunstâncias duvidosas.
O ponto de interesse da trama vai muito além deste mistério que envolve a morte da família. Logo nas primeiras páginas, surge um estranho pressentimento de que a tragédia teria uma outra explicação que não a que aparentava. Além disso, a outra componente intrigante é a razão pela qual Aaron se afastou da sua cidade natal quando era adolescente. Há um segredo que o protagonista leva consigo e que associa Luke.
Assim, na minha opinião, esta obra apresenta duas subtramas, igualmente estimulantes, que captam o interesse do leitor. Além disso, a comunidade é fechada e conservadora: os habitantes parecem recordar o que aconteceu há tantos anos atrás e que envolveu Aaron.
Poder-se-á dizer que o ritmo da trama por vezes se arrasta, conduzindo o leitor a falsas pistas.
É consensual afirmar que a temática dos segredos num meio como este, acaba por ser bastante intrigante. Influi também na caracterização das personagens, algumas das quais revelam um carácter dúbio.
Foi, para mim, um prazer descobrir as pequenas pistas que Aaron ia recolhendo, embora naquele ambiente de quase bullying. No meu íntimo, estava cada vez mais curiosa em saber a razão pela qual esta personagem era tão detestada pelos populares. Fazia-me alguma como é que a população adulta tinha um comportamento daquela natureza para com Aaron. E acima de tudo, questionava-me se o protagonista tinha, de facto, feito algo tão grave para ser recebido daquela forma quando era precisamente a personagem com quem mais me liguei.
O desfecho foi muito intenso. Além de desvendar a verdade sobre a morte da família, segue-se um feedback que revela o que acontecera então na adolescência de Aaron. No final, senti-me assoberbada com tantas emoções.
Não aponto nenhum ponto negativo. A escrita é irrepreensível. A autora transportou-me até à árida Austrália e para mim foi um prazer acompanhar a investigação do caso, bem como deslindar o passado de Aaron, uma personagem que deixará saudades (numa breve pesquisa no Goodreads, verifiquei que já foi publicado lá fora um segundo livro protagonizado por Falk, pelo que me perguntarei a mim mesma se tardará a chegar até cá. Espero que não).
Recomendo sem reservas.
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