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Opinião: Anatomia de Um Escândalo está envolto numa grande campanha de marketing e já tive oportunidade de o ler. Antes de mais, creio ser pertinente congratular a editora pela célere publicação. Pelo que pude apurar, a obra terá sido publicada lá fora no passado mês de Janeiro. Por terras lusas, Anatomia de Um Escândalo estará nas livrarias já a partir de dia 5 de Março.
Vou começar por dizer que estamos perante um drama jurídico. Portanto, a minha percepção mais imediata, é a de que este livro será altamente recomendado para os fãs do autor John Grisham. Por outro lado, a autora explora uma temática que está em voga: o thriller no seio familiar. De certa forma, a obra fez-me lembrar uma outra, Apple Tree Yard (por cá publicado como Uma Escolha Imperfeita) da também autora britânica, Louise Doughty.
Anatomia de Um Escândalo desmistifica igualmente o complexo sistema jurídico britânico. Para os aficionados da área é, portanto, uma mais valia.
No meu entender, a componente thriller, no caso em apreço, expressa-se através da dúvida. O leitor é constantemente ludibriado por duas versões da história e, pessoalmente, senti alguma dificuldade em tecer um juízo válido sobre a alegada violação que consubstancia o ponto de partida de toda a trama. Seria James Whitehouse apenas um marido infiel ou teria de facto violado a sua assistente, Olivia? Tenho para mim que o crime em questão não seria uma violação mas sim uma coacção sexual.
É esta desconfiança que dificulta a definição de vilão e herói.
Será o adultério um motivo suficiente para que se atribua um rótulo de vilão? Estaremos então perante um anti-herói?
Um dos ingredientes que me cativa continuamente neste género é, sem dúvida, a narração sob várias perspectivas. Tenho para mim que um elemento igualmente misterioso prende-se com os testemunhos da enigmática personagem Holly que remotam ao ano de 1993. Fiquei deveras curiosa para saber como é que esta personagem se relacionava com os demais na presente trama.
Devo ainda assinalar que a trama está muitíssimo bem montada e articulada, denotando-se cuidado por parte da autora. Constatei que esta teve uma vasta experiência na vertente de Jornalismo Político, facto que terá contribuído para a excelência da sua escrita. Para além disso, gostei igualmente da abordagem a um tema que é tão actual nos dias de hoje, como assédio sexual nas mais altas patentes.
Não obstante considerar que estes elementos me intrigaram, devo
confessar que achei o desfecho linear. Estava à espera de ficar
deslumbrada com uma reviravolta final.
Em jeito de conclusão, confesso que não sou ávida por tramas de cariz jurídico. E, lamento dizê-lo, não foi Anatomia de Um Escândalo que me fez mudar de ideias. Apenas pontualmente leio esta temática pois, como deveis saber, opto pelos thrillers de carácter mais violento. Além disso, teria gostado de ser surpreendida no final, por um volte-face que me deixasse sem chão, o que não aconteceu.
Ainda assim e reforçando os pontos positivos que já assinalei, estamos perante uma narrativa interessante, que consegue cativar o leitor, muito embora, no meu caso particular, não me tenha arrebatado totalmente ao ponto de não conseguir largar a leitura. Como já referi as personagens cativantes compõem também outro dos pontos positivos.
O ponto negativo vai, como já referi, para o final previsível isento de quaisquer reviravoltas tão ao gosto dos fãs de thrillers.
Trata-se, em suma, de uma leitura recomendada, como já afirmei, para os fãs de John Grisham, pois quem está à espera de encontrar um intenso e perturbador thriller psicológico arrisca-se a ficar com uma sensação agridoce.
Se estava curiosa com a sua publicação, fiquei aliviada com a tua opinião, pois também contava com um thriller mais ao "nosso" gosto. Muito obrigada ;)
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