Sinopse: AQUI
Opinião: Se acham que a maternidade é um
mar de rosas, garanto-vos que vão mudar de ideias após a leitura deste livro.
O que destaca esta obra dos
demais thrillers psicológicos, género actualmente em voga, é, indubitavelmente, a temática. Que tenha conhecimento, exceptuando uma obra recentemente publicada
por cá, creio que este subgénero se debruça mais sobre relacionamentos
amorosos, na sua grande maioria, disfuncionais ou relações de amizade. Contudo,
este título prende-se com a condição de maternidade associado a uma bênção ou
estado de graça, sentimentos antagónicos aos que são transmitidos pelo género
de thriller.
Lauren Tranter acabou de dar à
luz dois gémeos, Morgan e Riley. Após o parto, na sua primeira noite no
hospital, ela começa a acreditar que alguém que lhe quer trocar os bebés.
Estamos, portanto, perante uma
narradora não confiável, um elemento importante no subgénero de thriller
psicológico, uma vez que fomenta alguma dúvida sobre a veracidade dos
acontecimentos, ainda que a história seja narrada na primeira pessoa. Podemos,
de facto, atribuir a percepção de Lauren como sendo algo resultante do cansaço,
da tensão ou mesmo de uma eventual situação de depressão pós-parto ou, em
alternativa, podemos dar por nós a acreditar, juntamente com a personagem, que
alguém lhe quer trocar o Riley ou o Morgan.
As primeiras linhas sugeriram-me
uma trama linear, assente numa tentativa de rapto dos bebés, contudo, acabei
por ser surpreendida pois a história vai muito além. Devo dizer que ainda bem que
a minha impressão inicial se revelou infundada.
Os capítulos são introduzidos por
excertos de contos sinistros, algo que, a meu ver, nos instiga à leitura dos
clássicos contos de terror, como as obras dos irmãos Grimm. Pelo que pude
apurar, algumas das suas histórias apresentam um cariz mais tenebroso do que as
narrativas infantis mais conhecidas.
O folclore assume assim uma
especial relevância, enriquecendo a narrativa com uns toques de sobrenatural e
fazendo com que o género deste título oscile entre o thriller psicológico e o
terror, o que pessoalmente me agradou. Por norma não aprecio tramas
exclusivamente sobrenaturais pois, para mim, as mesmas revestem-se de contornos
inverosímeis, todavia A Mãe consegue interligar todos esses elementos numa história
que poderia ser real.
Por ser uma trama fortemente
relacionada com crianças, neste particular caso, bebés, a mesma acabou por me
trazer uma sensação de desconforto acrescida. Durante a leitura senti-me ansiosa,
temi pelos gémeos mas, simultaneamente, receei pelas atitudes da mãe que ora
mostrava lucidez, ora tinha actos que me pareceram insanos.
É uma obra que, por estas características,
creio que vá mexer com a grande maioria das mulheres, em particular com aquelas
que sejam mães ou mesmo aquelas que não o sendo desejam sê-lo.
Em suma, estamos perante um
thriller que vai muito além da função de entretenimento. Dentro do género é um
título que se consubstancia como verdadeiramente tenebroso e propenso à reflexão
sobre as questões relacionadas com a maternidade.
Menina, você escreve muito bem. Dá-nos a vontade ler a obra comentada, de imediato! Bj
ResponderEliminarOhhh que bom! Obrigada, malice! Grande beijinho e boas leituras!
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