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Opinião: A recente obra de Michelle Adams, autora do livro Se Conhecessem A Minha Irmã, debruça-se sobre mentiras, como o título assim o sugere. Este é um ingrediente que prezo devido à sensação de insegurança que sinto face ao desenvolvimento da trama por não conseguir destrinçar os factos reais das mentiras.
Apesar de ter considerado a premissa um pouco cliché, alicerçando-se sobre uma situação de amnésia, gostei da forma como a história se desenrola pelo motivo que afirmei anteriormente. Deve ser deveras assustador não nos conseguirmos lembrar absolutamente nada da nossa vida, pelo que esta situação, por si, conseguiu inquietar-me. Contudo, esta condição de amnésia de Chloe, na minha opinião, iliba-a de ser uma narradora não confiável, um papel que, a meu ver, foi desempenhado pela sua família. Fiquei com uma estranha sensação que estes não a queriam realmente ajudar e senti-me genuinamente intrigada com esta percepção.
Estamos perante, portanto, uma trama que explora as dinâmicas familiares, semeando, uma vez mais, a dúvida se conhecemos realmente as pessoas com quem vivemos, um tópico vulgarmente usado no género de thriller psicológico.
Relativamente à personagem Chloe, que considerei uma vítima - aquele acidente que lhe alterou a vida consubstanciou-se como um acontecimento trágico não só pela condição da amnésia como também por outra adversidade que me apanhou desprevenida e que me destroçou. Criei, portanto, uma expectativa que esta situação fosse igualmente mentira, como inúmeras informações que se foram seguindo. Entre Mentiras é, desta forma, um livro que mexeu comigo e creio que será uma percepção transversal às leitoras.
A estrutura da narrativa é interessante na medida em que intercala algumas cartas cujo remetente é a pessoa que testemunhou o acidente e a acção propriamente dita. Confesso que a leitura das cartas pouco consolidou as teorias que ia formulando, ainda que não deixe de ser aterradora a ideia que alguém mal intencionado está muito perto.
Em suma, uma obra que se caracteriza como um verdadeiro jogo de manipulação, tendo a capacidade de ludibriar o leitor página após página. Ainda que tenha preferido o livro anterior da autora - ainda hoje me recordo da relação tóxica daquelas irmãs - vou manter o nome Michelle Adams debaixo de mira.
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