Opinião: Por alguma razão que desconheço, Verdade Escondida residia na minha estante, por ler, há três anos. Curiosamente, foi o último livro publicado em Portugal desta autora, pelo que, subconscientemente, tê-lo-ei talvez guardado para recordar as tramas da autoria de Mary Kubica. Após a leitura dos três livros editados por cá, confesso que este título foi o que menos gostei.
Tal como as obras antecessoras, a autora opta pela narrativa sob a perspectiva de duas personagens: Quinn, a colega de quarto de uma jovem desaparecida e Alex, um rapaz que
trabalha num café e que fica fascinado quando aparece uma rapariga no
seu local de trabalho.
As subnarrativas são intercaladas, permitindo-nos conhecer em simultâneo a evolução de
cada uma. Confesso que preferi a subtrama referente a Quinn pois
senti-me mais interessada pelos contornos da busca por Esther do que
propriamente a relação de Alex com a rapariga misteriosa ainda que, numa fase posterior, o jovem me tivesse despertado maior empatia devido aos seus fantasmas do passado.
Como já tive oportunidade de referir, creio ser inquestionável que uma trama, narrada sob a perspectiva de duas personagens completamente
diferentes sem qualquer relação, consubstancia-se deveras intrigante. Pessoalmente, senti-me em suspense para perceber a possível conexão entre os dois protagonistas. Contudo, em certos momentos, senti-me um pouco aborrecida, percepção que atribuo possivelmente a uma impaciência da minha parte pois senti que a autora se debruçou em demasia sobre a caracterização das personagens. Compreendo que Kubica tenha querido uma aproximação entre o leitor e os protagonistas, porém, a meu ver, grande parte dos factos não eram realmente flagrantes para a acção.
Uma vez que o cerne do mistério reside no desaparecimento de uma rapariga, foi inevitável que, numa fase inicial, estabelecesse uma comparação com o afamado Gone Girl. Felizmente que este ponto era o único em comum, convidando-nos a uma reflexão, novamente, sobre o quão bem conhecemos a pessoa com quem partilhamos a casa. Com excepção deste ponto, a história diverge completamente. De facto, não esperava que o rumo da trama fosse o que a autora propõe, pelo que fui surpreendida. Embora a chave do puzzle estivesse fora das minhas teorias, não fiquei completamente convencida nem me senti deslumbrada como acontece nos demais thrillers.
A minha avaliação de Verdade Escondida deve-se também a um contraponto entre as outras obras da autora. Ainda há dias, a propósito de um filme, lembrei-me do estranho rapto explanado na obra Não Digas Nada. Recordo-me, igualmente, da estranha que aparece com um bebé no lar de um casal, premissa de Vidas Roubadas. Tramas estas que, claramente, me marcaram mais do que o presente título.
Em suma, apesar deste título ser, na minha modesta opinião, o menos estimulante dos três livros editados em Portugal, Mary Kubica é uma autora a ter em consideração. Autora de thrillers aliciantes, espero revê-la novamente em breve.
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