segunda-feira, 11 de maio de 2020

Maxime Chattam - In Tenebris [Opinião]


Sinopse: Dezenas e dezenas de pessoas desapareceram em Nova Iorque em circunstâncias estranhas. A maioria delas não foi encontrada. Mas Júlia sim. Foi descoberta viva, nua e escalpada num parque. Poderia tratar-se de um acto isolado se não fossem as fotos, todas aquelas fotos…
Jovem detective em Brooklyn, Annabel O’Donnel toma a seu cargo a investigação, com o auxílio de Joshua Brolin, especialista em assassinatos e desaparições. Que monstro se esconde nas ruas de Nova Iorque? E se Júlia tivesse razão? Se fosse o próprio Diabo?...
Numa atmosfera apocalíptica, Joshua e Annabel irão em breve descobrir uma porta, uma passagem… para o mundo das trevas…

Opinião: Este livro é, infelizmente, uma raridade. Desconheço o que terá acontecido à editora Pena Perfeita - deduzo que tenha tido um breve tempo de vida - contudo a sua actividade editorial é pontualmente mencionada pelos inúmeros fãs do género policial devido à publicação desta espectacular obra. Espero que este post sobre o título In Tenebris seja mais do que uma opinião, seja uma fresta de oportunidade para que alguma editora nacional equacione a sua republicação.
Começo por dizer que sou grande fã da literatura e cinema francês. Talvez tenha sido este facto sobre mim que tenha influenciado a minha apreciação sobre a obra ou talvez tal ter-se-á devido apenas à história, de contornos macabros, tal como gosto.

Sinto, por isso, que é injusto escrever sobre esta obra, quando o seu acesso é tão limitado. Simultaneamente creio que devo fazê-lo pois não consigo conter o que esta obra me fez despertar. Antes de mais, como já sabeis, fascinam-me as narrativas cruas, pejadas de violência, que me choquem e me levem a equacionar porque continuo a leitura se já me sinto suficientemente incomodada. Assumo-me fã acérrima do autor Chris Carter por ter esta característica, por exemplo. In Tenebris está na mesma onda com uma vantagem: aquando publicado, em 2007, não abundavam muitos autores no nosso mercado que se distinguissem pelas narrativas violentas. Carecia, portanto, de candidatos directos da mesma categoria, sendo fácil caracterizar esta obra como uma das mais gráficas publicadas no nosso país. Realmente, como leitora do género, já há alguns anos, conto pelas mãos o número de livros com uma temática mais ligada à torture porn. Alerto, no entanto, que In Tenebris não é uma narrativa de sucessivos homicídios macabros, estes integram uma investigação criminal inteligente e uma trama bem arquitectada. Já para não mencionar que homicídios com níveis de violência tão marcantes são, certamente, fruto de uma mente tortuosa.

Por norma privilegio a leitura de trilogias completas e In Tenebris é o segundo de uma trilogia, designada por Trilogia do Mal. Muito sinceramente, desconheço porque razão terão optado pelo segundo volume cá em Portugal, posso assegurar que a história e, em particular, o caso de investigação, são completamente perceptíveis.
Tenho consciência, no entanto, que os leitores da trilogia completa terão acesso a uma caracterização mais extensiva dos protagonistas pois é certo que as suas histórias de vida terão sido mencionadas no livro antecessor e serão esmiuçadas no título seguinte. Sendo Maxime Chattam um autor francófono, a sua bibliografia abunda no idioma francês, língua que aprendi outrora mas após uns anos sem praticar já estou enferrujada e, como tal, sinto-me um pouco desconfortável em ler as referidas obras na publicação original. Acreditem que, caso encontrasse os ebooks da restante trilogia em inglês, já os estaria a ler com o mesmo entusiasmo que li este título.

In Tenebris é um livro forte, daqueles que não recomendo aos leitores mais sensíveis. Os pormenores dos crimes são macabros e o autor não se coíbe nas descrições dos mesmos, construindo uma trama gráfica e de cariz frenético. Senti-me desconfortável e bastante tensa além de estar expectante sobre o próximo passo deste sádico homicida. Creio que é neste ponto que reside o que distingue esta obra das demais e que, de certa forma, o torna um excelente thriller policial.

Em suma, estamos perante uma obra desconcertante que inevitavelmente mexeu comigo. Recomendo este título aos fãs de policiais mais gráficos, como os do Chris Carter, é o autor que me vem imediatamente à cabeça assim que penso na trama em apreço. Talvez por saber que existe um número generoso de fãs deste autor, creio que seria uma excelente ideia a inclusão de Maxime Chattam nos catálogos actuais. Seria, certamente, um sucesso!

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