Sinopse: Não há nada de comum entre Léonard “Chib” Moreno – um bastardo filho de um qualquer marinheiro desconhecido – e Jean-Hugues e Blanche Andrieu, um casal da alta burguesia católica e financeira. Nada, a não ser o corpo da jovem Elilou, que ele tem de embalsamar. O jovem Léonard – embalsamador de profissão – sofre o estigma de ser fruto da violação da mãe por um qualquer marinheiro desconhecido. Felizmente para a sua saúde mental, o seu melhor amigo, Gregory, sai frequentemente com ele para o distrair. Tudo corre bem até ao dia em que uma certa Blanche Andrieu lhe pede para embalsamar a filha, Elilou, cujo corpo tenciona expor na sua capela privada. Ainda que reticente, Léonard acaba por aceitar a proposta, mas, ao proceder ao embalsamamento, apercebe-se de que a menina fora sem dúvida vítima de abusos. Intrigado, interroga-se e, seduzido por aquela mãe terrivelmente desequilibrada, inicia uma investigação onde o horror e a incompreensão de um meio estranho são uma presença constante.
Opinião: Sou fã acérrima das produções cinematográficas francesas. Escolho escrupulosamente os filmes que vejo, na sua grande maioria, de terror e no que concerne aos oriundos de França, nenhum me defraudou. Já na literatura assumo-me mais inexperiente: só conheço o Jean Christophe Grangé, Pierre Lemaitre e recentemente, Maxime Chattam. Gosto dos quatro autores e acabei de acrescentar à minha lista, Brigitte Aubert.
Esta leitura não foi programada. Foi um desafio de leitura conjunta a que me propus sem pensar. E que livro! Foi uma verdadeira surpresa! Tenho gostado de descobrir os livros esquecidos na estante que mostram ter qualidade ímpar. Confesso que estou sempre tão deslumbrada pelas novidades editoriais que me esqueço de enveredar por verdadeiras pérolas literárias que estão já na minha estante.
Quando iniciei a sua leitura não sabia grande coisa sobre a obra, afinal de contas, esta consta na já extinta colecção da Asa, Noites Brancas e caiu em esquecimento. Reitero o que tenho afirmado ultimamente sobre edições esgotadas, também este livro é digno de uma reedição.
É uma obra escura e pesada que tem como protagonista um taxidermista. Acaba, desta forma, por ser um thriller muito sui generis por não ser protagonizado por uma personagem directamente ligada às forças policiais ou à investigação criminal.
Fiquei rendida logo nas primeiras páginas, altura em que ele está na sua actividade profissional, no processo de embalsamamento de uma pessoa e vai relatando o procedimento. Apesar das tiradas de cariz mais humorístico por parte de Chib. que acabam por desanuviar um pouco do ambiente mais pesado pois a narrativa possui várias passagens marcadas pela violência explícita de alguns acontecimentos. Sou fã de tramas de natureza mais mórbida mas compreendo que a história possa ser demasiado tensa para leitores mais susceptíveis: a trama centra-se no taxidermista quando este se envolve num trabalho de embalsamamento de uma criança, o que é, a meu ver, bastante controverso.
A história aborda alguns aspectos sobre estes procedimentos no Antigo Egipto, que eram bastante comuns e que acabaram por se tornar obsoletos nos dias de hoje. No entanto, como aficionada da cultura que sou, achei particularmente interessante que o processo tenha sido mencionado, ainda que por breve instantes.
Quando Chib conhece os familiares de Elilou, ficamos com a nítida sensação de que o seu nucleo familiar é disfuncional. A percepção de desconfiança começa a instalar-se, à qual sucede uma sensação de desconforto quando o taxidermista descobre sinais de abuso no corpo da menina. Fiquei perplexa com o desenvolvimento da história. Atrevo-me a dizer que estes segredos familiares são, possivelmente, os mais bizarros que alguma vez li.
Ao contrário da grande maioria dos livros, esta trama não tem um crescendo de acontecimentos. Julgo que a acção se desenvolve sempre com o mesmo interesse, alicerçada sobre alguns episódios de cariz mais chocante. Adianto, por isso, que a narrativa desperta um imediato interesse logo nas primeiras páginas e esta sensação mantém-se até ao final do livro.
Só acuso como ponto menos positivo uma dificuldade em reter o nome e identidade das personagens, o que particularmente estranhei dado que não me acontece, por exemplo, com a literatura escandinava que é mais exigente no que concerne à nomenclatura.
Em suma, ainda que A Morte da Branca de Neve não seja uma novidade, vale bem a pena ser descoberto. Lamento que seja um livro que não esteja já em circulação. Desconheço se teve um merecido destaque aquando a sua publicação mas merece ser atentado! Tenho mais alguns títulos da autora desta colecção que pretendo ler em breve.
No entanto, creio que não será um livro adequado para todos os leitores, apenas aquelas que se sintam confortáveis com alguns episódios de cariz mais chocante. Gostei mesmo muito deste título!
Pena que já não se encontre em circulação. Fiquei interessada.
ResponderEliminarRealmente é uma pena porque este livro é imperdível mesmo!
EliminarLeia dela tbm o Livro A Morte no Bosque
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