quinta-feira, 27 de junho de 2013

Michael Connelly - Nos Meandros da Lei [Opinião]


Sinopse: Um thriller jurídico é o que nos apresenta Michael Connelly, autor da série com Harry Bosh. Connelly sente um interesse especial por histórias de advogados, principalmente depois de ter conhecido um advogado de defesa criminal há cinco anos atrás e ter ficado com a percepção de que é mais difícil representar um cliente inocente do que um culpado. Nos Meandros da Lei, o advogado Mickey entra em acção defendendo Louis Roulet, um cliente jovem com poder económico que está sob acusação de assalto mas clama inocência. Mickey é aquele tipo de advogado que aceita defender qualquer pessoa, independentemente do que ela tenha feito ou não e não pensa duas vezes ao aceitar o caso de Roulet. O que importa é aquilo pelo qual ele está acusado, a prova, e como esta poderá ser neutralizada. Porém, quando Roulet vai a tribunal Mickey pressente o peso da dúvida razoável. Na verdade, comparando com outro caso que tem em mãos percebe que ajudou a condenar à morte um homem inocente e que o seu cliente actual é o verdadeiro assassino. Um romance que pôs Michael Connelly ao lado de nomes como John Grisham e David Baldacci.

Opinião: Comecei a minha maratona temática do Goodreads com um livro cuja adaptação em cinema gostei bastante. Falo de Nos Meandros da Lei, cujo filme se chama The Lincoln Lawyer. Tive oportunidade de vê-lo pouco depois da sua estreia e recordava-me dos contornos básicos da história pelo que constatei que este é bastante fiel ao livro. Eu, que sou da opinião dos livros superarem as adaptações televisivas, não me lembro de nenhum caso, com excepção deste, em que a qualidade não se perde da obra literária ao filme.

Apesar de ter na estante outros livros de Michael Connelly, dois deles protagonizados apenas por Harry Bosch e pertencerem a um estilo tão diferente de thriller jurídico, o qual Nos Meandros da Lei pertence, optei por ler este por à priori, ser um estilo diferente. Afinal de contas, ainda sou muito imberbe neste estilo de thriller jurídico.

Este é o primeiro livro protagonizado por Michael Haller, um advogado de defesa e que passa grande parte do seu tempo a trabalhar no carro, o seu Lincoln. Sim, o único aspecto claramente invulgar numa personagem tão estereotipada à ideia que o público em geral tem dos advogados. Mesmo com claras provas de culpa por parte do cliente, o advogado faz um jogo de malabarismo em que acaba por inocentar [e sim, antes que me critiquem por usar um vocábulo brasileiro, verifiquei e denotei que também existe em português] a pessoa em questão. Para mim, o Haller é um perfeito exemplo de como os advogados possuem todo um conjunto de artimanhas que, por um lado, conseguem dominar o júri (raramente utilizado em Portugal mas muito comum nos Estados Unidos) mas por outro conseguem demonstrar uma certa humildade perante os juízes.

Há portanto, algo de empertigado neste Mickey Haller que estranhamente não desgostei (e na recta final até torcia pelo mesmo), salientando a sua determinação em defender Louis Ross Roulet. Este apresenta fortes indícios de ser culpado num caso de agressão e violação de Regina Campo. Um caso com contornos semelhantes a um caso do passado que levou Jesus Menendez à prisão. 
A nível pessoal, a personagem principal mantém este profile e conta já com dois casamentos falhados. Uma das ex-mulheres é precisamente a procuradora no tribunal onde Haller trabalhava, mantendo com ele uma relação bastante amistosa até, uma vez que têm uma filha em comum.

Por ter visto já o filme, não consegui de todo dissociar o Mickey do actor Matthew McConaughey.
O livro é narrado sob a perspectiva do próprio, o que acaba por ser interessante pois a sensação constante de presunção por parte do advogado está lá. E ele nunca iria querer difamar-se a si próprio, obviamente...

Admito que o mundo judicial pouco me fascina. Bem... pelo menos até este livro. Confesso que nunca tive grande curiosidade em ler John Grisham, o supra-sumo do thriller judicial, o que pode bem ter mudado agora com a leitura de Nos Meandros da Lei.
Com muita da acção num cenário de julgamento assentando claro, no sistema legal americano, é um livro que acaba por fascinar até o mais desinteressado por estas matérias. Os diálogos são extremamente realistas dentro do que eu presumo que seja a acção numa sala de audiências. Um aparte: denotei que o autor, Michael Connelly é jornalista, mas conseguiu descrever de forma precisa, as nuances do sistema criminal e do trabalho de um advogado.

Tirando este cenário, posso dizer que o livro encerra muito um clima de suspeição que se deve essencialmente à custa de um rol de personagens de carácter duvidoso, incluindo Roulet. Embora inicialmente me tenha custado a entrar na história devido às menções de outras personagens e umas passagens de cariz mais moroso, reconheço que estamos perante uma história meticulosamente organizada. Não obstante, Nos Meandros da Lei foi uma história de que gostei, apesar de ter visto o filme, e agora ter voltado a apreciar na forma literária.
Quanto a mim, há uma certeza: irei continuar a acompanhar este autor!

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