segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Brad Parks - Não Digas Nada [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Desconhecia o autor Brad Parks. Pelo que pude apurar trata-se de um escritor aclamado lá fora por ter ganho três dos maiores prémios de literatura de ficção criminal. Por isso, não me deixei intimidar pelo volume da obra, e mergulhei nesta história sobre rapto de crianças, um tema ao qual sou sensível. 

O aspecto que sobressaiu, numa primeira análise, foi a forma intensa e rápida com que a trama arrancou. Logo no primeiro capítulo, os acontecimentos descritos na sinopse sucedem-se e começa a instalar-se uma desconfiança que permanece ao longo de todo o livro: quem é responsável pelo rapto de Sam e Emma, os dois irmãos gémeos de 6 anos e com que intenções o terá feito?

A narrativa é pautada por inúmeras reviravoltas, mantendo uma inquietação e suspeita. Alterna entre capítulos narrados na primeira pessoa, o juiz Scott Sampson - permitindo-nos avaliar as suas suspeitas e paranoias, características de um pai desesperado, impelido a seguir as instruções dos raptores - e na terceira pessoa, em que são relatados acontecimentos referentes ao cativeiro. Creio que, deste modo, foi-se acentuando um sentimento de desconforto no leitor. Confesso que não dei pelas páginas passar, de tão embrenhada que estava na história. 

O ritmo quebrou, a meu ver, nos detalhes referentes aos casos do juiz Sampson. Nesses trechos, confesso que só me apetecia passar páginas à frente, deserta para ler mais sobre o desenvolvimento do caso do rapto. Reconheço, no entanto, que esta componente conferia maior solidez à profissão do protagonista e, por conseguinte, intensificou os motivos pelos quais quiseram raptar as crianças.
Além disso, à medida que a trama se adensa, o móbil do rapto começa a desenhar-se, remetendo-nos para o subgénero de conspiração, que não aprecio particularmente. Apesar de ser verossímil, achei que a resolução se inseria num âmbito mais criminal ou policial. 
Numa perspectiva mais pessoal, estes dois pontos foram os que menos apreciei na obra. 

Há alguma violência infligida às crianças, crendo que não seja abundante, é o suficiente para deixar o leitor com calafrios vários. O factor psicológico é, claramente, o mais intenso. Contudo as imagens de Emma teimam em não me sair da retina, ainda hoje, um par de dias após ter terminado a leitura.

Gostei particularmente de deslindar a identidade do raptor. Foi completamente inesperado. Não obstante crer que teria gostado mais de uma motivação com cariz menos conspirativo.

Não posso deixar de congratular o autor pela aposta audaz com que terminou o livro. Ao invés de uma resolução positiva - um happy ending - , o autor opta por um desfecho dramático, ingrediente que nem sempre encontro nas tramas policiais. 

Em suma, para quem procura emoções fortes e aprecia tramas de conspiração, Não Digas Nada é o livro ideal. Vale pelas surpresas ao longo da trama bem como o final profundamente emocionante. 


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