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Opinião: O Homem de Giz será publicado em Janeiro do próximo ano e creio que dará que falar.
Numa primeira análise, a obra relembrou-me o universo de Stephen King devido essencialmente às interacções de um grupo de miúdos nos anos 80. Foi, para mim, difícil dissociar esta dinâmica das crianças das influências de It ou O Corpo (cujo título original é Stand By Me, conto que integra a compilação Estações Diferentes). Por instantes, a cena inicial no parque de diversões até me recordou o Joyland.
Contudo, tenho para mim que a influência de King vai muito além das personagens, mostrando-se igualmente na escrita da autora. Este é o romance de estreia de C.J. Tudor e não lhe consigo apontar um defeito. Há um toque sombrio, pesado, que se acentua em algumas cenas mais fortes. As figuras de giz que antecedem grandes acidentes poderiam constituir uma história de terror ao estilo de King. A escrita é irrepreensível e a história cativou-me logo nas primeiras páginas.
Desenrolando-se em dois tempos, 1986 e 2016, a trama debruça-se sobre Eddie e o seu grupo de amigos. Para quem, tal como eu, nasceu nos anos 80, é fácil sentir alguma nostalgia. A par da incursão àquela que considero uma década fascinante, a forma como a história é contada é deveras cativante. Há um desenrolar de segredos no passado com repercussões no presente. A autora apanhou-me desprevenida em várias situações.
Logo nas primeiras páginas, o grupo de jovens descobre um corpo. Deslindar este crime foi verdadeiramente desafiante. E temi verdadeiramente quando outras situações surreais ocorreram sempre após o aparecimento das figuras de giz.
E não esqueço as personagens, com profundidade, com especial ênfase no protagonista, Eddie, um indivíduo peculiar.
Temia que este Homem de Giz fosse uma entidade sobrenatural e que o enredo enveredasse por um rumo menos verosímil. No entanto, os meus medos foram infundados uma vez que a explicação rege-se pela lógica. O final é super intenso e deixou saudades. Confesso que ainda me lembro, mesmo passados alguns dias de ter terminado esta leitura, das personagens e desta história tão sombria.
De certeza que quererei reler este livro um dia mais tarde.
Adorei esta obra pois tem tudo para ser uma grande aposta no género thriller no próximo ano. A roçar o terror, O Homem de Giz tem um nível elevado de suspense e fez-me revisitar a minha infância e o desfecho foi bastante satisfatório.
Ainda estamos muito longe de conhecer todas as apostas literárias de 2018 mas uma coisa é certa: O Homem do Giz estará, sem dúvida, entre os melhores.
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