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Opinião: Com cerca de 700 páginas, A Menina na Floresta será, decerto, o livro mais longo e complexo que já li da autora sueca Camilla Läckberg.
Uma vez que O Domador de Leões fora publicado há sensivelmente dois anos, confesso que esta espera foi algo penosa e Camilla Läckberg nunca me saiu da retina. Foi, portanto, com grande entusiasmo e expectativa que iniciei esta leitura.
Como decerto os fãs da autora saberão, a série tem sido acarinhada não só devido às investigações policiais - que são diferentes a cada volume - como através do acompanhamento da narrativa mais romanesca, sobretudo respeitante às dinâmicas familiares entre Erica e Patrik e os seus filhos, Maja e os gémeos Anton e Noel. Estas interacções expandem-se para personagens secundários que, ainda que não tenham um papel tão preponderante como o do casal protagonista, a pouco e pouco instalam-se nos nossos corações devido à empatia que transmitem. Sobre esta componente, a que se relaciona com a vida pessoal dos personagens, pouco posso adiantar. Só não me agradou o facto de nem todas as personagens terem um destino feliz como o do casal protagonista, e até me apoquenta que algumas situações sejam um pouco trágicas, como foi o caso do jovem detective Martin narrado em livros antecessores.
No que concerne à componente policial, esta debruça-se sobre o desaparecimento de uma criança de 4 anos numa quinta onde, outrora, desaparecera uma outra menina da mesma idade. Ora perante dois crimes que, aparentemente, partilham alguns elos de ligação, tentei, desde cedo, tecer uma teoria que pudesse explicar o encadeamento de ambos os acontecimentos.
Numa fase precoce da trama somos então confrontados com o que realmente aconteceu a Nea, embora, a meu ver, as reviravoltas do enredo se prendam com os contornos da investigação deste estranho desaparecimento.
Há pouco caracterizei esta obra como complexa sem explicar devidamente porquê. A subtrama, já rica em detalhes sobre a investigação, multiplica-se em pequenas subtramas que abordam temáticas como cyberbulling, negligência parental ou o trato dos imigrantes, facto que de correlaciona com os actuais fenómenos de exclusão social. Ainda que não tenha havido, no meu entender, um aprofundamento destas temáticas - sob o risco de estender ainda mais o número de páginas da obra - creio que, mesmo assim, a abordagem foi bastante interessante.
Não obstante o facto de a autora usar praticamente a mesma fórmula nos seus livros, alternando as várias acções temporais, Läckberg revelou alguma audácia em elaborar uma subtrama que se alicerça em casos de bruxaria ocorridos no século XVII. Não me recordo de um salto temporal tão distante para com a subtrama da actualidade nos seus livros anteriores. A autora menciona ainda, nas suas considerações finais, que estes trechos decorreram após muita pesquisa e eu, muito sinceramente, não vislumbrei qualquer relação entre a temática da bruxaria do século XVII com a trama principal ocorrida na actualidade pelo que, a meu ver, esta subtrama poderia ser perfeitamente dispensável.
Creio que, por esse motivo, este obra será das poucas da autora à qual não atribuí a cotação máxima no Goodreads.
Senti-me, uma vez mais, completamente desolada com o desfecho da história, realçando mais um acontecimento trágico no seio familiar da protagonista. Virei a última página já com uma nostalgia a instalar-se. Pelo que pude apurar, o lançamento dos títulos desta autora, da parte da Dom Quixote, já acompanha a edição das obras da autora lá fora e, como tal, avizinha-se mais uma longa espera pelo próximo livro.
Em suma, ainda que não tenha apreciado totalmente alguns contornos referentes à vida pessoal das personagens da série - assim como a subtrama que se desenrola no ano de 1672, devo dizer que foi uma história que, em termos gerais, me agradou muito. Adorei rever a família de Erica, bem como os personagens colegas de Patrik. São, decididamente, personagens que deixarão saudades enquanto aguardamos por mais um título desta série.
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