Desde que fui ver a estreia de The Nun, no dia 4 de Setembro na sessão de abertura da 12ª edição do MOTELx, muitas pessoas me têm questionado sobre o filme. Uma vez que assinei uma declaração de confidencialidade em que consistia em omitir qualquer opinião sobre o filme até ao dia da sua estreia mundial, não pude expressar-me devidamente sobre a película. Ontem, após ler um artigo de opinião do NiT, achei que também eu devia tecer algumas considerações sobre o filme, uma vez que, confrontada com a pergunta se tinha gostado do filme, fui parca em palavras.
Assim, gostaria de aprofundar as razões pelas quais não considerei este filme tão espectacular como todo o marketing o sugeria.
Primeiro, escrevo sob a perspectiva de uma amante do género de terror, não obstante preferir os filmes que alicerçam sobre serial killers e mentes psicopatas. Decerto que o sobrenatural impõe respeito: é algo que não conseguimos controlar e é aí que recai o factor medo. No entanto, creio que a ideia do psicopata é muito mais real e comum, daí recear as tramas com esta temática. Sublinho que esta percepção é muito pessoal e, portanto, para mim James Wan é a saga do Saw (embora tenha consciência que esta perca qualidade de filme para filme).
Nos últimos dias, revi o primeiro The Conjuring e vi o segundo e os spin-off Annabelle, sem ter ficado realmente rendida com os filmes, talvez pela razão que mencionei.
The Nun - A Freira Maldita é considerada uma prequela do universo The Conjuring por ocorrer 20 anos antes dos eventos do filme de James Wan. A acção passa-se numa abadia situada num local recôndito da Roménia, onde ocorrem fenómenos bizarros. Agora que reflicto sobre o filme, creio que a cena com mais impacto foi precisamente a inicial, em que retrata o episódio responsável pela investigação levada a cabo por um padre do Vaticano - Father Burke - e por uma noviça oriunda de Londres - Sister Irene. Ambos serão auxiliados por um local, apelidado por Frenchie. No meu ver, esta personagem era perfeitamente dispensável (embora no final do filme se perceba uma correlação entre esta e o casal Warren protagonista do The Conjuring) uma vez que as suas intervenções têm quase sempre um carácter cómico, distraindo a tensão do filme. Dei por mim, assim como a restante plateia, rir a bandeiras despregadas, o que não é nada comum em filmes de terror.
Logo, The Nun não foi altamente assustador devido às tiradas de Frenchie. Os únicos momentos que eventualmente poderiam assustar levam-me a fazer uma crítica, desta feita transversal, aos filmes de terror actuais: o aumento de volume, abrupto, nas cenas designadas jumpscares.
Terá sido uma percepção minha certamente, mas achei a freira mais tenebrosa no The Conjuring do que no presente filme. Creio que a imagem dela não terá sido devidamente trabalhada pois, às páginas tantas, já pensava para mim que a freira era chata e impertinente, adjectivos que não significam necessariamente que ela fosse assustadora. A sua imagem acabou, de certa forma, por me cansar no decorrer da película.
Sendo um filme dedicado à figura mítica da freira, seria expectável que houvesse um desenvolvimento plausível sobre esta origem do mal. Contudo, esta mostrou-se francamente subdesenvolvida o que me remete, à semelhança de Annabelle, para um segundo filme que se debruce sobre a origem da protagonista.
Por último, considerei que a fotografia do filme era muito escura. Tive dificuldades, em vários momentos, em distinguir os vultos das personagens. A escuridão não é obrigatoriamente um elemento assustador.
Sei que levantei aqui muitas críticas a este filme. Como poderão perceber, esperava muito mais do mesmo, não fosse este uma história do imaginário de James Wan. O filme vale pelo desempenho de Taissa Farmiga que já mostrara um talento na área do terror na primeira temporada de American Horror Story e pelo início intenso para, posteriormente, perder o fôlego. Considerei que a história foi demasiado linear e sem surpresas e pessoalmente, senti falta de um twist ou uma reviravolta que me arrebatasse.
Na minha modesta opinião, a selecção deste ano do festival MOTELx apresenta títulos bem mais estimulantes do que esta freira.
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