Opinião: Sou fã acérrima de Jo Nesbø e não perco nenhuma obra sua publicada por cá. Como tal, não hesito em declarar que os meus livros favoritos deste autor são os protagonizados por Harry Hole.
O Sol da Meia - Noite, com sensivelmente 200 páginas, é o segundo livro de uma série bastante peculiar, na medida em que os protagonistas são diferentes de livro para livro, embora tenham, como denominador comum, o facto de serem assumidamente criminosos e que procuram, de certa forma, a respectiva redenção.
Apesar de considerar os títulos desta série um pouco subdesenvolvidos, percepção que atribuo ao facto de gostar do autor e me deliciar com as suas longas tramas, devo confessar que gostei da primeira obra desta nova série, Sangue na Neve. Tal ter-se-á devido ao facto da personagem Olav ser munida de um humor negro que me cativou. Porém, o protagonista da presente obra, Jon, já não me seduziu tanto quanto esperava.
O que mais apreciei na obra foi, sem dúvida, o facto da trama ocorrer na região da Lapónia, uma zona que não conheço tanto nem tão pouco é abordada frequentemente na literatura (apenas me recordo do livro de Olivier Truc cuja acção decorre naquele local). Devo dizer que considero a cultura lapã fascinante e agradou-me muito que Nesbø tivesse usado como cenário esta região menos conhecida da Escandinávia.
A trama alicerça-se então no protgonista Jon que procura um refúgio a fim de não detectado por um mafioso conhecido como o Pescador. Não sabemos, numa primeira fase, as razões pelas quais ele se esconde, motivo pelo qual somos remetidos para o grande mistério da narrativa que vemos agudizar à medida que Jon estabelece relações com os locais. Considerei, contudo, estas personagens um pouco estereotipadas, embora ajustadas àquela região cujos costumes são muito diferentes dos de uma grande cidade como Oslo. A meu ver, acaba por ser previsível não só a interacção de Jon com Lea, como a própria evolução da trama.
Como referi, esta nova série, que conta até então com dois livros, centra-se no desenvolvimento dos protagonistas e, de certa forma, a componente de thriller passa para um segundo plano que é, precisamente, a que mais me alicia nas tramas protagonizadas por Harry Hole (para além, evidentemente, da complexidade da própria personagem).
O Sol da Meia - Noite não é das tramas mais complexas do autor, o que francamente me desagradou, no entanto, creio que vale a pena ter este título em consideração, quanto mais não seja para conhecer o exótico cenário da Lapónia ou, para os fãs matarem saudades da escrita daquele que é, para mim, um dos melhores autores nórdicos contemporâneos.
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