quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Mary Kubica - Não Digas Nada [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Mais um excelente thriller psicológico da TopSeller, que a par de Até Que Sejas Minha, constituíram leituras assombrosas dentro do género.

A minha principal crítica prende-se essencialmente com a sinopse pois penso que expõe o cerne do livro, que é o rapto. Ficaria mais surpreendida se estivesse alheia ao rapto de Mia, pois numa fase inicial tudo indica para um mero desaparecimento ou mesmo morte da personagem. Caso se tivesse sido omitido que Mia fora raptada, penso que o clima de incerteza instalado teria sortido um efeito mais intenso.
Não obstante, fui ler a sinopse original e constatei que esta é ainda mais reveladora que a versão portuguesa.

Também vi este livro rotulado como o novo Gone Girl de Gillian Flynn, o que não concordo. Apesar de ter uma estrutura semelhante, as tramas são completamente diferentes. Um dos elementos que mais gostei na obra foi, sem dúvida, a forma como o livro está estruturado, assentando sobre dois momentos temporais: antes e depois do rapto. Dentro destes, existem personagens que narram os factos na primeira pessoa, permitindo aferir algumas percepções dos pontos de vista destas: Eve, a mãe de Mia e Gabe, o investigador. E numa outra fase, Colin Thatcher.

O entrosamento entre as duas narrativas permite que o leitor conheça os factos de dois tempos simultaneamente. 
Antes do rapto, as circunstâncias são altamente comprometedoras para as personagens, explorando alguns episódios familiares e sugerindo que, por muito dinheiro que estas tenham, nem sempre serão famílias perfeitas. 
Por outro lado, e no tempo posterior ao rapto, adensa-se o mistério do que terá acontecido e são explorados os mecanismos psicológicos de repressão de memórias que se relacionam com traumas. Habilmente a autora retrata uma série de temas inerentes à questão do rapto, desenvolvendo com grande interesse a interacção das duas personagens, Mia e Colin. 

Falando sobre as personagens, o aspecto mais curioso é a forma como surge uma empatia pelo suposto vilão. Colin é de baixa condição social, tendo algumas mazelas psicológicas causadas pelo pai. Ainda assim, é profundamente ligado à mãe que tem problemas de saúde, Gostei da forma como a autora dissecou o seu passado, ao mesmo tempo dotando-o de um altruísmo que me deixou cativada. É que sabem, eu trabalho com crianças e comovo-me com facilidade com as problemáticas na infância.
Esta personagem é tão diferente e ao mesmo tempo, tão parecida com Mia que destoa da sua família por ser tão humilde e dedicar-se a causas nobres, como o ensino especial. Tendo um pai juiz e uma irmã advogada, Mia acaba por ser o elemento degenerativo.

Por ter um desenvolvimento psicológico tão profundo e convincente, Não Digas Nada apresenta uma trama extremamente envolvente e até posso confidenciar-vos que para o terminar fiquei até às três da manhã do sábado passado, tendo achado a leitura bastante compulsiva. Simplesmente estava agarrada à história, na ânsia de deslindar o que afinal acontecera. 
E posso dizer que, embora tivesse formulado a minha teoria (e que não estava muito longe do desfecho), o final arrebatou-me, principalmente como foi feita a revelação, por meio de um epílogo e por um narrador inesperado. Foi suspense até à última página, posso garantir-vos!

Em suma, esta é uma história de rapto diferente, dando a conhecer as perspectivas da raptada e do raptor, o que acaba por ser extremamente invulgar (normalmente os livros da temática dão primazia às vítimas), sendo altamente cativante.

Reforço, este livro e Até Que Sejas Minha são dos melhores quanto a thrillers psicológicos que li este ano, não deixando de remeter à editora TopSeller, as minhas felicitações por estas publicações.


3 comentários:

  1. Já o tenho encomendado, deve-me chegar às mãos nos próximos dias, assim como o "A mulher má" do Marc Pastor. Não resisti, adoro os livros do Carlos Ruiz Zafon e pareceu-me que com este não seria diferente. Beijinhos Vera!
    Catarina Fernandes

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    1. Ainda não li nada do Zafon, shame of me...
      Espero que gostes deste livro :D

      Um grande beijinho Catarina, boas leituras!

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  2. Amei este livro. Fiquei em estado de choque quando cheguei ao final, não queria acreditar no que estava a ler...

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