segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Yrsa Sigurðardóttir - Cinza e Poeira [Opinião]


Depois da falência da editora GOTICA, responsável pela publicação dos dois primeiros livros de Yrsa Sigurdardóttir em português, foi com bastante agrado quando soube que o terceiro livro da islandesa seria publicado em Portugal, desta feita sob a alçada da editora Quetzal. Isto porque sou fã assumida de Sigurdardóttir e as leituras de O Último Ritual e Ladrão de Almas, revelaram-se extremamente prazerosas!

A capa é fantástica, extremamente apelativa para a história intrincada que Yrsa se propõe a contar. Achei o pormenor do desenho do vulcão no início do capítulo bastante mimoso. Pormenores quase como exclusivos da editora numa estratégia de marketing, que a meu ver, está muitíssimo bem conseguida pois torna o livro com um visual diferente sem dúvida!

Em 1973, e após uma violenta erupção vulcânica, uma das Ilhas Westman foi enterrada sob uma chuva de cinzas e lava. Agora estamos em 2007 e Thóra é contratada pelo empresário Markus, para ter acesso à cave da sua velha casa de família. Os arqueólogos fazem uma descoberta macabra neste local ao desenterrar três cadáveres e uma caixa que contém uma cabeça humana.
Numa trama paralela, uma enfermeira chamada Alda é encontrada morta na cama, na sua casa em Reykjavik. À primeira vista, a morte de Alda é considerada suicídio mas o leitor rapidamente assume que ela foi assassinada, e de uma forma extremamente mórbida.

De facto, a introdução do livro não poderia ser melhor. A autora escreve o soturno sofrimento de uma pessoa, que eventualmente acaba por encontrar a morte. O livro prossegue com capítulos curtos, correspondentes ao intervalo temporal da acção, sensivelmente a um mês, tempo em que decorre a investigação do caso. Há uma abundância de personagens e relacionamentos complicados para protagonista desembaraçar, de forma a alcançar a verdade. Uma hábil mas discreta menção das paisagens islandesas faz com que o leitor navegue até este país.

Com as personagens dos livros anteriores, nomeadamente a advogada Póra (aqui tem o nome de Thóra, uma vez que o P islandês tem o som de th) e a sua família, designadamente os filhos Gylfi e Sóley. O livro incorpora ainda a personagem Matthew, ainda que este tenha um papel mínimo na investigação. Esta continua a ser feita em parceria, contudo pela assistente da advogada, Bella. Um leque de personagens tão enigmáticas como cativantes compõem o ramalhete. Em particular fez-me alguma confusão uma personagem, de seu nome Tinna, que com a sua tenra idade, apresenta toda uma problemática já num estado bastante avançado.

Penso que foi um erro crasso a substituição do Matthew por Bella, pois a química entre ele e Thóra era explosiva! E parecendo que não, mas a relação entre eles dava um certo gozo aos livros (e até desanuviava o ambiente pesado do policial). Além de que ele era bem mais perspicaz que Bella!
A par deste ponto há uns aspectos negativos que gostaria de referir. Nomeadamente no que diz respeito à sinopse. Na minha opinião, esta tem uma gaffe evidente, uma vez que é encontrada apenas uma cabeça na caixa, ao contrário do que é mencionado na resenha do livro, sugerindo uma pluralidade de achados desta parte anatómica. Em relação à história, não posso deixar de manifestar o meu desagrado face a certos pormenores no desenlace. Este está bastante bom e inesperado mas senti que poderia estar mais fundamentado e conclusivo em relação às personagens. Falo principalmente da personagem que tanto gostei, Tinna. Achei que a autora poderia ter explorado melhor o seu desenlace.

Posto isto, Cinza e Poeira está aquém do Ladrão de Almas, que para mim, é o melhor livro de Yrsa Sigurdardóttir. No entanto não deixa de ser uma óptima leitura, dando que pensar como é que todos os acontecimentos podem estar relacionados. Recomendo!


11 comentários:

  1. Que tal o "Caçador de Almas"? Curioso que o nome seja tao parecido ao que referiste de Yrsa Sigurdardóttir.

    A capa deste livro que comentaste é realmente atrativa, mas não a vi em destaque em nenhuma das livrarias que visitei em Portugal.

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  2. Olá, tenho estado a ler este livro e anteriormente li o Ladrão de Almas. A forma cruel como a escritora descreve determinados acontecimentos, nomeadamente com animais ou crianças, chocam mas é uma forma de nos atrair para a trama. Concordo com o facto de Matthew produzir melhor "parceria" do que com Bella, mas não acho que qualquer um substitui o outro. Deviam ter entrado os dois, como o mesmo "peso" pois são ambas personagens interessantes.
    Ainda não acabei o livro, faltam-me cerca de 20 páginas mas até agora estou a gostar. Obrigada pela partilha e este será um blog que irei seguir com todo o interesse.

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  3. Psipsina o que achaste do Ladrão de Almas? Para mim esse foi o melhor livro da autora. Ela realmente consegue descrever situações chocantes, de forma a que nos chegue até nos e até nos sintamos revoltados. Em relação ao Matthew, enfim, embora goste dos policiais, quando temos uma pitadinha de romance (e neste caso, eu achava o alemão adorável!) daí ter sentido a falta dele...enfim :))
    Quando terminares o livro manda o teu feedback ;)

    Beijinho grande, e continuação de uma excelente leitura

    Beijinho,

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  4. offuscatio, ainda li muito pouquinho. Parece-me que é um bom thriller médico. Vai ser bom variar dos policiais e enveredar por algo...diferente :))
    Já vi este livro à venda na Worten do Colombo. Como o livro é da Casa das Letras, grupo Leya, deve ser fácil encontrá-lo na MediaBooks :))

    Beijinho grande, boas leituras! :)

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  5. Este também está em lista de espera para ser lido! :)
    Diz-me uma coisa: achas que fará muita diferença le-lo sem os anteriores? Provavelmente nas investigações não interferirá, mas a nivel pessoal dos investigadores?
    É bastante dificil agora encontrar os 2 anteriores....:(

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  6. Veruska não faz diferença nenhuma! Só as personagens é que são comuns porque os crimes são completamente diferentes. Pois, livros da GOTICA agora são muito difíceis...eles tinham livros tão bons :(

    Beijinho grande, boas leituras

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  7. Ola Veruska,
    o meu facebook é: Maria Natália Martins, e já tenho o teu adicionado.
    Em relação à tua questão, gostei bastante do ladrão de Almas,o início do livro perturbou-me bastante e até me chocou, de tal forma que não conseguia largar o livro como se a minha continuação servisse como justiça à situação.

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  8. Psipsina já leste este livro? Da autora, Ladrão de Almas foi o meu preferido :)) Realmente muito chocante, achei o livro muito bom! O que lês de momento?

    Beijinho, boas leituras

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  9. Olá,

    gostei bastante deste e mais uma vez há muita crueldade, que parece ser um cunho da escritora. Espero que surjam mais livros desta Senhora.

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  10. Olá boa tarde. desta autora ainda não conheço nenhuma obra. Vou confiar em vocês... vou levar para férias :D :D

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  11. Vou levar para férias. Confio em vocês :D

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