Opinião: Um dos livros que lidos em 2013 (e apreciados, diga-se) foi O Ano do Nevoeiro de Michelle Richmond, razão pela qual quis ler O Pacto. Alicerçado sobre uma premissa bem diferente (afinal de contas, O Ano do Nevoeiro debruçava-se sobre o desaparecimento de uma criança), O Pacto conta a história de Jake e Alice, um casal que recebe, como presente de casamento, um convite para entrar numa associação denominada O Pacto.
Antes de mais, e sendo esta uma perspectiva pessoal, o matrimónio requer empenho e compromisso. Creio que nunca precisará de um culto (e uso esta palavra pois é o que realmente aqui se passa) para fortalecer a relação entre os conjugues. Havendo vontade e perseverança, acredito que um casamento poderá resultar ao longo de vários anos e felizes.
Com isto quero dizer que achei a premissa do livro um pouco descabida. Tenho conhecimento que, de facto, existem vários cultos e sociedades secretas por aí mas não me parece que passem pela instituição que é o casamento. Tenho que para mim que se prendem com outro tipo de convicções mais fortes, nomeadamente políticas. Não me parece que uma relação matrimonial, numa escala tão reduzida, possa ser tão interessante ao ponto de haver um culto que interfira na relação alheia e que a estereotipe, como acredito que seria a pretensão deste Pacto.
Portanto, para mim, a trama foi um pouco inverosímil. O estranho é que me viciou. Estava sempre expectante sobre qual seria a próxima provação do casal. Pois a trama é, como será de esperar, sobre um casal que está num clube, inicialmente cor de rosa, e depois descobrem-se os vários podres. Daí achar que a trama aborda o drama de quem quer libertar-se de uma associação secreta ou culto (afinal de contas, a informação é uma arma assaz poderosa). Avaliei esta componente como cliché.
Francamente considerei que a maior parte dos acontecimentos eram expectáveis muito embora desconhecesse quais eram os limites deste dito Pacto. Creio que o interesse da trama assenta precisamente sobre este ponto.
Francamente considerei que a maior parte dos acontecimentos eram expectáveis muito embora desconhecesse quais eram os limites deste dito Pacto. Creio que o interesse da trama assenta precisamente sobre este ponto.
A história é narrada por Jake e é interessante ver como é que um homem percepciona a situação. Curiosas são as várias considerações do protagonista sobre o casamento, decorrentes da experiência dele como terapeuta matrimonial (mais uma razão para repelir a entrada do Pacto nas suas vidas).
Como tento explicar, há algumas incongruências na história. Tenho para mim que seria altamente improvável que um casal tão feliz como Jake e Alice adoptasse os pressupostos do Pacto para fortalecer a sua relação. E a isto, junta-se o facto de Jake trabalhar no meio de casais disfuncionais, tendo um know how para tapar algumas brechas que, eventualmente, a relação pudesse criar. Sem interferência de terceiros.
Li a obra em versão ebook mas estive com o livro físico na mão e apercebi-me que ultrapassa as 500 páginas. Creio que peca pelo excesso de páginas. Apesar do meu estranho constante interesse em saber mais sobre a história, confesso que por vezes sentia-me um pouco cansada. Na minha opinião, de certa forma, havia alturas em que a história se arrastava demasiado.
O último ponto que considero ter falhado foi o final. Para mim, este foi completamente anticlimático. Apesar de ser coerente com a história, pessoalmente teria gostado de ser surpreendida no final com uma revelação intensa. Fiquei desiludida com o facto da autora ter fechado a longa história de forma muito linear.
Resumindo, pelas razões que mencionei, e comparando esta obra com a antecessora da autora, considero que O Pacto ficou muito aquém.
Sem comentários:
Enviar um comentário