Opinião: Altamente recomendado por Stephen King, parti para a leitura de Vidas Finais com bastante expectativa. Infelizmente, a altura da leitura não foi a melhor: estava com algum trabalho em mãos, traduzindo-se em menor disponibilidade para ler e num cansaço maior.
No fim de semana de ócio, li avidamente metade do livro, tendo-o terminado. E valeu bem a pena!
Reparo que a editora tem feito grandes escolha na publicação dos seus thrillers. Já tinha este livro no ereader, em inglês, para ler. O título original é The Final Girls e a ideia recai, de facto, sobre um grupo (restrito) de jovens que terá sobrevivido de algum massacre.
Portanto, dada esta ideia e numa primeira análise, a obra está escrita num tom sombrio, sensação que se intensificou nas passagens relativas ao Chalet dos Pinheiros, local onde ocorreu um massacre que vitimou todos os amigos de Quincy.
Este acaba por ser o denominador comum entre a protagonista e outras duas raparigas, Sam e Lisa: todas sobreviveram a diferentes chacinas que ocorreram nos Estados Unidos.
Apesar de estar uma ideia de violência extrema subjacente a estes acontecimentos (e era inevitável pensar nos vários filmes slasher dos anos 80 e 90 que vi), não considero a obra muito gráfica.
Consigo entender que Stephen King tenha apreciado esta história por estes elementos de terror que estão presentes numa história que, curiosamente, acaba por assentar mais sobre a componente psicológica. Até porque a situação traumática provocou em Quincy aquilo que é chamado em Psicologia como recalcamento de memórias, pelo que ela não se recorda do que se passou na cabana, há 10 anos atrás. E a vida corre-lhe normalmente, sendo ela uma blogger de bolos e vivendo com o seu namorado.
Ainda que tenha conhecimento de que o recalcamento de memórias é recorrente como um mecanismo de defesa para que as pessoas possam prosseguir com as suas vidas, penso que é consensual a dúvida de como é que tal seja possível.
Também não ajuda que Quincy recorra ao álcool e a medicações. Se acham que esta personagem é não confiável, esperem só para conhecer Sam... Esta final girl é, de facto, bastante peculiar...
Portanto, muito graças às personagens, esta é uma narrativa em crescendo. A partir de um trigger, o suicídio de uma das sobreviventes, a Lisa, gradualmente Quincy vai montando as peças do puzzle que ocorreu há 10 anos, naquela cabana.
E dado o recalcamento de memórias de Quincy, o leitor vai conhecendo, ainda que parcialmente, algumas parcas memórias da protagonista. Estas tornam-se mais consistentes no final que, devo dizer, me apanhou desprevenida.
É uma história que é envolvente, embora tenha para mim que o ritmo é algo moroso. Como referi anteriormente, o livro não me cativou logo, atribuindo essa percepção à minha parca disponibilidade para ler. Não obstante prendeu-me a partir de um certo ponto. Comecei a ficar verdadeiramente curiosa com o que se passara naquele Chalet naquela noite fatídica. Aí, Vidas Finais - As Sobreviventes tornou-se um verdadeiro page turner.
Embora não me tenha entusiasmado muito com as personagens (devo confessar que nem a protagonista me caiu nas boas graças), Sager engendra uma trama surpreendente com algumas reviravoltas bem conseguidas. Desta história, retenho maioritariamente as referências aos massacres que aludiram, de certa forma, ao meu género cinematográfico de eleição. Talvez por isso tenha apreciado tanto a obra.
Desconheço a bibliografia do autor, até porque Riley Sager é um pseudónimo mas, ainda que não saiba quem sejas, Riley Sager, ganhaste aqui uma fã!
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