Opinião: Há uns tempos, fui contactada pelo autor, Denis, que escreve sob o pseudónimo de Peter Brooklyn com uma finalidade: a de ler a sua obra de estreia, Entre Mortos e Feridos Não Escapa Ninguém. Devo agradecer, desde já, ao autor pela sua disponibilidade, pedir desculpa pelo atraso na leitura e, por conseguinte, na escrita da recensão crítica desta obra.
Sob uma capa apelativa, a história recai sobre dois homicídios, nas regiões de Lisboa e Porto. O autor disserta sobre os variados aspectos do nosso país, como a gastronomia ou elementos arquitectónicos o que, para uma apaixonada pelo nosso país como eu, é um verdadeiro deleite. Não obstante ter em mente que este é um livro policial e estes elementos intrínsecos à cultura portuguesa acabam por, de certa forma, se sobrepor à investigação criminal.
Teria apreciado caso o autor tivesse investido mais na investigação, sem dúvida.
Um outro ponto que apreciei foi a forma estranhamente familiar que estão subjacentes nos homicídios.
Falando sobre estes, os crimes, denotei uma certa elegância no trato das descrições dos mesmos, o que, de certa maneira, me remeteu para a escola clássica do policial. Não há uma componente forense envolvida (o que teria sido, certamente, muito interessante) e o inspector Pereira acaba por deslindar os casos, por alguns interrogatórios que careciam, a meu ver, maior aprofundamento.
Esta é uma trama célere. O livro é pequeno, nem ascende às 200 páginas (e a fonte da letra é
grande), por isso é um caso de investigação bastante leve que,
provavelmente, teria um maior impacto caso tivesse sido mais esmiuçada.
Gostei do detective Pereira, fã fervoroso de Fernando Pessoa (e como foi, para mim, tão agradável ler sobre o nosso poeta e seus heterónimos). Agradou-me muito o nível de cultura por parte do protagonista.
Portanto, e posto isto, nota-se que o autor eleva os aspectos tão típicos do nosso país e friso, uma vez mais, que valorizei os mesmos na história. No entanto, creio que a componente policial está francamente subdesenvolvida. E era isso que eu ansiava, até porque a capa assim mo prometeu.
É o primeiro trabalho do autor e gostaria que esta opinião funcionasse como uma crítica construtiva e desse mais alento a continuar a escrever e a partilhar mais casos do Pereira. Confesso que aguardava uma trama que abordasse um grotesco crime à portuguesa. Ao invés, deparei-me com um roteiro do melhor que existe em Portugal.
Sem comentários:
Enviar um comentário