quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Ragnar Jónasson - Neve Cega [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Mais uma incursão à Islândia, através de um livro. Gosto de Arnaldur Indridason e Yrsa Sigurdardóttir mas há muito que não lia ficção oriunda deste território insular. Sinto um grande fascínio pela Escandinávia mas a cultura islandesa tem qualquer coisa de especial. A título de curiosidade, não acham engraçada a questão dos patronímicos?

Com Neve Cega, obra de estreia de Ragnar Jónasson, temos uma particularidade digna de realce. O autor, responsável pela tradução de vários títulos de Agatha Christie na Islândia, escreveu um policial da escola clássica. Tendência que associo aos inúmeros títulos da rainha do crime que lhe terão passado pelas mãos.

Para mim foi um gozo. Ainda que o ritmo da investigação seja moroso, secundarizando o crime, a mais valia da obra reside, a meu ver (que sou apaixonadíssima pela Escandinávia), nos pormenores sobre as personagens e, sobretudo, o cenário gélido islandês. 
Por escola clássica do policial subentenda-se a forma como decorre a investigação, recorrendo frequentemente ao inquérito e jogando mais com a lógica. 

O nosso investigador, Ari Thor, é um jovem novo, oriundo da capital islandesa, Reiquejavique, e que se vê obrigado a fixar-se em Siglufjordur, uma cidade no norte do país. Fiquei tão agradada com as descrições que pesquisei na internet uma série de fotografias do local. 

Além do cenário, que fará as delícias dos amantes da Escandinávia, quero tecer as minhas considerações sobre a trama. Como referi, o ritmo é lento e tão fascinante quanto a componente criminal é, sem dúvida, a caracterização das personagens. Sobre este último ponto, Neve Cega termina num impasse com Ari Thor. Penso que no próximo livro deliciar-me-ei em ler sobre o futuro do jovem e Krístin.

Sobre aquilo que mais aprecio num policial, a componente criminal, gostei de após ter havido um primeiro homicídio, que um segundo seja abordado, por intermédio de flashbacks, uma forma de narrativa que funciona muitíssimo bem por, de certa forma, me colocar no cenário e viver mais de perto o acontecimento. 
Contudo, dado o restrito círculo de personagens, tenho para mim que foi fácil identificar o homicida. 

Prestes a sair o segundo volume da série, Neve Cega é um cartão de visita bastante interessante. 
Para os fãs do policial clássico, esta série que agora se inicia, é fundamental nas vossas estantes. Recomendo-o também aos aficionados pela literatura policial nórdica.


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