Opinião: Devorei Às Cegas num só dia. Já tinha ouvido falar do aclamado Bird Box e fiquei em êxtase quando soube que seria publicado cá em Portugal. Mal me caiu nas mãos, dei início à sua leitura e só descansei quando o terminei, seriam perto das 3 da manhã.
Às Cegas oscila entre os géneros terror e distopia, géneros também apreciados.
A narrativa vai alternando entre passado e presente e, sinceramente, achei as duas subtramas igualmente cativantes.
A acção começa na actualidade (ou no futuro), altura em que Malorie, a protagonista, e os dois filhos, de quatro anos, saem de uma casa decrépita. O pequeno núcleo familiar encontra-se de olhos vendados. Após quatro anos a viver em cativeiro, eles precisam desesperadamente de mais provisões para continuar a sobreviver e optam por atravessar um rio, numa canoa.
Nesta subtrama saliento a sensação palpável, transmitida por Malerman, como se nós também estivéssemos às cegas juntamente com as personagens. Senti-me intrigada com o que havia de facto no exterior e que era tão aterrorizador ao ponto de não querer ver.
Somos então transportados, através de uma analepse, até ao passado da narrativa. Na época em que acontecimentos bizarros começaram a proliferar pelo mundo. Uma mãe que assassinou os filhos ou uma mulher que matou o marido, culminando sempre, estes ataques violentos, no suicídio dos perpetradores. Ficamos ainda a saber que é neste período que Malorie descobre que está grávida.
É igualmente nesta altura que surgem inúmeras teorias para explicar a origem de tais comportamentos psicóticos da parte da população humana. Os acontecimentos tornam-se verdadeiramente emocionantes a partir do momento em que a protagonista encontra um abrigo e vai viver com outros sobreviventes.
Aparte de algumas cenas que contêm violência explícita, diria que o ingrediente de sucesso nesta história foi o terror psicológico. O medo é um ingrediente muito presente na trama revelando-se, sobretudo, através do som. Percebemos que os personagens são constantemente confrontados com um sentimento de luto, o que, creio, intensifica a percepção de um mundo desestruturado.
Contudo devo realçar aquele que considerei como o único ponto fraco do enredo. Na minha opinião a trama carecia de uma explicação para os eventos da narrativa. Ficamos pois sem saber como surgiu tudo aquilo que fazia com que as pessoas enlouquecessem? Não obstante entendo a intenção do autor: fazer com que o leitor use a sua criatividade para imaginar o que seria. Sem dúvida um exercício subjectivo que se pode revelar igualmente aterrador.
Volto a salientar que, ainda assim, a trama apresenta diversas passagens perturbadoras e, como tal, ainda estou a pensar nas mesmas, mesmo algum tempo volvido sobre o final da leitura. Refiro-me especialmente aos últimos capítulos que são deveras angustiantes.
Esperava, igualmente, que o desfecho fosse mais intenso. Atrevo-me a dizer que o final não fez jus a uma história tão poderosa como aquela.
Sublinho que esta é uma percepção muito pessoal e que não comprometeu, de todo, o meu juízo global sobre a obra. Fiquei abismada com a história e ainda penso na mesma.
Pelo que pude apurar, esta foi a primeira obra de Josh Malerman e a avaliar por este cartão de visita, o autor será promissor.
Em suma, já há muito que queria ver publicado Bird Box no nosso país e, de facto, foi uma excelente aposta por parte da TopSeller. 5 Estrelas para uma história de terror excepcionalmente bem conseguida!
wow fiquei mega curiosa :o
ResponderEliminar♡ O Olhar da Marina
Vale bem a pena :D
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