Sinopse: AQUI
Opinião: Tenho acompanhado as últimas tendências do género thriller psicológico lá fora e fiquei com este título de Mindy Mejia debaixo de olho. Fiquei satisfeitíssima quando soube que seria publicado por cá e devo congratular a editora Bertrand por tal publicação ter sido tão célere.
De facto a presente obra, Tudo O Que Queres Que Eu Seja, acaba por ser, dentro do género, uma narrativa que se destaca, uma vez que alia a componente de thriller psicológico ao policial. A investigação criminal ocupa uma parte tão importante quanto a do suspense.
É-nos revelado que a protagonista, Hattie Hoffman, é encontrada brutalmente assassinada, sendo tal acontecimento o porto de partida para esta história.
Devo confessar que fiquei bastante agradada com a premissa da obra.
Hattie Hoffman é uma adolescente que representa múltiplos papéis: é a aluna exemplar e a filha modelo mas ninguém sabe dos seus segredos mais obscuros.
Embora a trama comece por desvendar o homicídio de Hattie, na perspectiva de Del, o polícia da cidade, um dos aspectos que considerei mais fascinante foi a narração feita sob perspectiva de três personagens, incluindo a própria jovem assassinada. Confesso que, inicialmente, temi que a história se cingisse aos dramas da adolescência, mas sublinho que me agradou que Hattie não fosse uma adolescente convencional, como o próprio título da obra indica. A caracterização da jovem é, sem sombra de dúvida, um dos aspectos mais bem conseguidos da história.
Através das perspectivas de Hattie, Peter e Del, conseguimos acompanhar, simultaneamente, os desenvolvimentos das várias subtramas. No caso de Hattie tomamos conhecimento de uma subnarrativa anterior que relata algumas das suas indecorosos comportamentos, reconstruindo, desse modo, os últimos dias da sua vida.
Os testemunhos de Peter também nos remetem para o passado. Esta personagem masculina é um professor de inglês recém chegado à cidade na companhia da sua esposa e da sogra que se encontra enferma.
Por último, Del relata a acção actual na qual acompanhamos o desenvolvimento da investigação policial, assim como avaliamos as interacções entre os intervenientes da história.
É uma obra com um ritmo moroso pois desenvolve-se a partir dos segredos que a protagonista mantinha, ao mesmo tempo que vamos assistindo ao estabelecimento de correlações dos aludidos segredos da protagonista com as demais personagens. Um pormenor que me despertou interesse foi a abordagem sobre interacções cibernéticas, um assunto convidativo à reflexão e que está na ordem do dia.
O desfecho indica, como não podia deixar de ser, a resolução do crime. Foi neste ponto que senti uma maior vulnerabilidade na história. Apesar de termos, em princípio, um restrito núcleo de suspeitos e tudo apontar para um culpado, confesso que não me senti surpreendida quando a identidade do homicida foi revelada.
Em suma, um thriller bastante interessante que levanta algumas questões pertinentes e actuais sobre os adolescentes. Pessoalmente teria gostado que o final fosse mais intenso e arrebatador, todavia tal não comprometeu o gozo que foi ler sobre Hattie Hoffman, uma miúda que não me sairá da retina durante os próximos tempos.
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