Já há muito que este livro estava na estante e foi preciso o autor, Alan Bradley, ser consagrado por Oprah Winfrey, numa lista de 9 autores de novelas de mistério, para que eu ingressasse na aventura de Flavia de Luce.
Nesta primeira aventura de Flavia (a Planeta Manuscrito tem já um outro livro de Bradley publicado), um pássaro morto é encontrado no degrau da porta com um selo de correio espetado no bico. Mais tarde, Flavia encontra um homem caído no meio da plantação de pepinos e vê-o definhar. Ao contrário do que seria expectável, e de acordo com a menina, esta foi a coisa mais interessante que aconteceu na sua vida...
Este é um policial que foge ao convencional. Olhem para a capa, por exemplo? Sugere uma leitura descontraída e quiçá divertida, embora dentro do romance mistério.
E a protagonista, Flavia de Luce, é uma menina de apenas 11 anos! Portanto é expectável que ao longo do livro haja um espírito muito juvenil que se traduz na forma como ela resolve o crime aqui apresentado. Assim, ela é quase um Poirot em tamanho pequeno pois todas as associações a pistas, ela fá-lo consoante mera dedução lógica e hipóteses que vai tecendo.
Ela tem uma paixão desmesurada pela Química, e tenta a todo o custo produzir venenos com várias utilizações, sendo que uma delas, tentar envenenar a irmã mais velha. É que Flavia tem duas irmãs, a quem surripia tudo que possa ser fundido, destilado, precipitado... etc etc para produzir as suas poções químicas.
As irmãs são mais velhas, o que não corresponde ao nível de maturidade que elas apresentam, e como tal, vão chocar muito contra Flavia. É como se esta fosse uma espécie de Branca de Neve detective, e as irmãs fossem as "más" (se bem que Ophelia e Daphne são supérfluas, tentando à sua maneira, arranjar formas de arreliar Flavia).
Sendo Flavia uma miúda, há um registo muito particular na sua linguagem que se traduz em várias passagens de humor mordaz. Aliás, todo o livro é bastante divertido, encaixando com a devida seriedade a temática do crime.
O enredo é, à sua maneira, intrincado, voltando a lembrar as tramas de Agatha Christie. O crime relaciona-se com o fantástico mundo da filatelia (embora eu não seja apreciadora da arte de coleccionar selos), tendo uma base interessante e plausível. Depois há uma componente que incide sobre a teia alargada de relações de Flavia com os caseiros, o pai, as irmãs e as demais personagens da trama, uma vez mais acentuando a graciosidade, inteligência, astucia e perspicácia da personagem principal.
A paixão pela ciência da Química está, na minha opinião, deveras interessante; Flavia fala dos compostos químicos com um estranho à vontade, tornando a personagem ainda mais rica. Para quem gosta desta ciência, sentir-se-á fascinado com as passagens que decorrem no seu pequeno e caseiro laboratório.
Tendo como cenário a Inglaterra dos anos 50, é expectável que nos deparemos com uma cultura diferente, à moda da cultura old fashioned way britânica.
O pai de Flavia, o coronel de Luce, é viúvo e caracteriza-se como um homem rígido e distante face às filhas que são educadas no seio de uma comunidade constituída pelos caseiros da mansão de Buckshaw.
Sendo um livro narrado sob o ponto de vista de Flavia, apresenta-se adequado para todos os públicos. Não existe qualquer registo de linguagem chocante e o enredo é relativamente semelhante às tramas de Agatha Christie, devido a primeiro, à descrição cuidada e subtil com que nos é apresentado o caso de homicídio a resolver, e segundo, pela metodologia que a protagonista desenvolve, assente no raciocínio e na lógica. E avaliando também o nível de acção, penso que esta se desenvolve constantemente, num ritmo lento, enfatizando mais do que os meros aspectos relativos ao crime, auferindo também a sociedade de época, e como já mencionado, uma componente mais pessoal das personagens.
Deveras o aspecto que achei curioso: nos agradecimentos (penso que a maior lista de agradecimentos de sempre), o autor dirige-se à também autora de policiais Ann Cleeves (que escreveu A Maldição do Corvo Negro e Noites Brancas, dois excelentes livros).
Os ávidos pelo crime, violência e acção sentir-se-ão desiludidos com este livro. No entanto, esta obra fará as delícias de quem é fã da Miss Marple, Poirot ou Sherlock Holmes.
A Talentosa Flavia de Luce é um divertido e light policial que a Oprah Winfrey e eu recomendamos vivamente. Ficou naturalmente a curiosidade em ler o segundo livro de Bradley. Gostei!
Nesta primeira aventura de Flavia (a Planeta Manuscrito tem já um outro livro de Bradley publicado), um pássaro morto é encontrado no degrau da porta com um selo de correio espetado no bico. Mais tarde, Flavia encontra um homem caído no meio da plantação de pepinos e vê-o definhar. Ao contrário do que seria expectável, e de acordo com a menina, esta foi a coisa mais interessante que aconteceu na sua vida...
Este é um policial que foge ao convencional. Olhem para a capa, por exemplo? Sugere uma leitura descontraída e quiçá divertida, embora dentro do romance mistério.
E a protagonista, Flavia de Luce, é uma menina de apenas 11 anos! Portanto é expectável que ao longo do livro haja um espírito muito juvenil que se traduz na forma como ela resolve o crime aqui apresentado. Assim, ela é quase um Poirot em tamanho pequeno pois todas as associações a pistas, ela fá-lo consoante mera dedução lógica e hipóteses que vai tecendo.
Ela tem uma paixão desmesurada pela Química, e tenta a todo o custo produzir venenos com várias utilizações, sendo que uma delas, tentar envenenar a irmã mais velha. É que Flavia tem duas irmãs, a quem surripia tudo que possa ser fundido, destilado, precipitado... etc etc para produzir as suas poções químicas.
As irmãs são mais velhas, o que não corresponde ao nível de maturidade que elas apresentam, e como tal, vão chocar muito contra Flavia. É como se esta fosse uma espécie de Branca de Neve detective, e as irmãs fossem as "más" (se bem que Ophelia e Daphne são supérfluas, tentando à sua maneira, arranjar formas de arreliar Flavia).
Sendo Flavia uma miúda, há um registo muito particular na sua linguagem que se traduz em várias passagens de humor mordaz. Aliás, todo o livro é bastante divertido, encaixando com a devida seriedade a temática do crime.
O enredo é, à sua maneira, intrincado, voltando a lembrar as tramas de Agatha Christie. O crime relaciona-se com o fantástico mundo da filatelia (embora eu não seja apreciadora da arte de coleccionar selos), tendo uma base interessante e plausível. Depois há uma componente que incide sobre a teia alargada de relações de Flavia com os caseiros, o pai, as irmãs e as demais personagens da trama, uma vez mais acentuando a graciosidade, inteligência, astucia e perspicácia da personagem principal.
A paixão pela ciência da Química está, na minha opinião, deveras interessante; Flavia fala dos compostos químicos com um estranho à vontade, tornando a personagem ainda mais rica. Para quem gosta desta ciência, sentir-se-á fascinado com as passagens que decorrem no seu pequeno e caseiro laboratório.
Tendo como cenário a Inglaterra dos anos 50, é expectável que nos deparemos com uma cultura diferente, à moda da cultura old fashioned way britânica.
O pai de Flavia, o coronel de Luce, é viúvo e caracteriza-se como um homem rígido e distante face às filhas que são educadas no seio de uma comunidade constituída pelos caseiros da mansão de Buckshaw.
Sendo um livro narrado sob o ponto de vista de Flavia, apresenta-se adequado para todos os públicos. Não existe qualquer registo de linguagem chocante e o enredo é relativamente semelhante às tramas de Agatha Christie, devido a primeiro, à descrição cuidada e subtil com que nos é apresentado o caso de homicídio a resolver, e segundo, pela metodologia que a protagonista desenvolve, assente no raciocínio e na lógica. E avaliando também o nível de acção, penso que esta se desenvolve constantemente, num ritmo lento, enfatizando mais do que os meros aspectos relativos ao crime, auferindo também a sociedade de época, e como já mencionado, uma componente mais pessoal das personagens.
Deveras o aspecto que achei curioso: nos agradecimentos (penso que a maior lista de agradecimentos de sempre), o autor dirige-se à também autora de policiais Ann Cleeves (que escreveu A Maldição do Corvo Negro e Noites Brancas, dois excelentes livros).
Os ávidos pelo crime, violência e acção sentir-se-ão desiludidos com este livro. No entanto, esta obra fará as delícias de quem é fã da Miss Marple, Poirot ou Sherlock Holmes.
A Talentosa Flavia de Luce é um divertido e light policial que a Oprah Winfrey e eu recomendamos vivamente. Ficou naturalmente a curiosidade em ler o segundo livro de Bradley. Gostei!
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