A sinopse aliciante juntamente com uma capa extremamente apelativa (pormenor já habitual da editora Quetzal, que aposta no grafismo das capas, muitíssimo bem conseguido, devo já dizer), fez com que tivesse vontade de ler Ladrão de Cadáveres. Apesar de Patrícia Melo ser já conhecida nas lides literárias, foi com este livro que me estreei com a autora.
Ladrão de Cadáveres tem um rápido arranque. No Pantanal, um homem assiste à queda de um pequeno avião. O piloto definha sob o olhar do protagonista, que encontra na mochila, um quilo de cocaína. Rapidamente a personagem principal se apercebe que o piloto pertencia a uma família abastada. Sob ambição desmedida de rápido enriquecimento, a personagem principal desenvolve um esquema macabro...
Sendo Patrícia Melo de naturalidade brasileira, é expectável que faça desde já, um reparo em relação à linguagem que Ladrão de Cadáveres apresenta. Antes de mais, eu adoro a cultura jovial e alegre brasileira, e foi para mim estranho adaptar-me a um registo mais sério e sóbrio. Numa altura em que a nossa gramática foi alterada, através do acordo ortográfico, de forma a uniformizar a língua nos países de expressão portuguesa, há palavras escritas que aproximam o português de Portugal ao português do Brasil. No entanto, este livro, sendo escrito por uma autora brasileira, contém muitos outros termos brasileiros, com os quais não estou familiarizada e que dificultou um pouco a sua leitura.
Depois a própria estrutura é diferente. Ao invés dos convencionados travessões, que indicam os discursos das personagens, a autora faz uma narrativa mais condensada. A meu ver, torna a leitura mais cansativa.
Mas a forma como o protagonista narra a sua história, usando frequentemente expressões como "você sabe", dá uma sensação que ele está diante do leitor, narrando para o mesmo, como se de uma simples conversa se tratasse.
Pois a história que Melo nos apresenta aqui, não é propriamente um policial, nem um thriller embora a morte seja um factor preponderante na trama. A morte do jovem piloto é fulcral para o desencadeamento na vida do protagonista (na realidade, não sabemos o seu nome, uma vez que a acção é narrada na primeira pessoa). Apenas se sabe que ele é ex-gerente de uma empresa de telemarketing em S. Paulo, sendo indirectamente implicado no suicídio de uma funcionária. O perfil desta personagem é feito com base nos juízos do leitor, já que o mesmo não tece considerações sobre si próprio, cingindo-se apenas ao relato da história e relações com as restantes personagens do livro.
Sulamita, a rapariga com quem o protagonista desenvolve uma relação amorosa trabalha numa morgue, consciencializando sobre factos fisiológicos de um cadáver, evidenciando ainda o quão é importante a temática da morte.
O que acontece é que as personagens têm um ponto em comum: podem aparentemente transmitir alguma inocência ou bondade numa etapa inicial, mas com o evoluir da trama transparecem o pior que há em si.
A trama tem como alicerce o drama e explora os limites éticos, debruçando-se essencialmente sobre a ambição desmesurada pelo dinheiro. O enredo explora ao limite, as consequências da ganância, traição, conspiração e por fim, a redenção. É um livro que acima de tudo, lida com a gestão dos piores sentimentos que possam surgir dentro de cada um de nós e sobre a imoralidade das nossas acções.
A sinopse insinuava uma trama de cariz mais chocante, no entanto de violência pouco oferece Patrícia Melo, que em troca conta uma história de traição e ganância, verdadeiramente plausível.
Um livro que após ser fechado, irá certamente lembrar-se dele, pois como nos é dito na capa "Patrícia Melo disseca implacavelmente os caminhos da corrupção da alma". Penso que nesta frase, está expressa a verdadeira essência que é esta história.
Apesar de não corresponder aos padrões das minhas preferências literárias, foi uma obra que me interessou desde o início, tornando de algum modo, numa leitura compulsiva. Aliado ao facto do seu reduzido número de páginas, é um livro que se lê muitíssimo bem numa tarde de ócio.
Ladrão de Cadáveres tem um rápido arranque. No Pantanal, um homem assiste à queda de um pequeno avião. O piloto definha sob o olhar do protagonista, que encontra na mochila, um quilo de cocaína. Rapidamente a personagem principal se apercebe que o piloto pertencia a uma família abastada. Sob ambição desmedida de rápido enriquecimento, a personagem principal desenvolve um esquema macabro...
Sendo Patrícia Melo de naturalidade brasileira, é expectável que faça desde já, um reparo em relação à linguagem que Ladrão de Cadáveres apresenta. Antes de mais, eu adoro a cultura jovial e alegre brasileira, e foi para mim estranho adaptar-me a um registo mais sério e sóbrio. Numa altura em que a nossa gramática foi alterada, através do acordo ortográfico, de forma a uniformizar a língua nos países de expressão portuguesa, há palavras escritas que aproximam o português de Portugal ao português do Brasil. No entanto, este livro, sendo escrito por uma autora brasileira, contém muitos outros termos brasileiros, com os quais não estou familiarizada e que dificultou um pouco a sua leitura.
Depois a própria estrutura é diferente. Ao invés dos convencionados travessões, que indicam os discursos das personagens, a autora faz uma narrativa mais condensada. A meu ver, torna a leitura mais cansativa.
Mas a forma como o protagonista narra a sua história, usando frequentemente expressões como "você sabe", dá uma sensação que ele está diante do leitor, narrando para o mesmo, como se de uma simples conversa se tratasse.
Pois a história que Melo nos apresenta aqui, não é propriamente um policial, nem um thriller embora a morte seja um factor preponderante na trama. A morte do jovem piloto é fulcral para o desencadeamento na vida do protagonista (na realidade, não sabemos o seu nome, uma vez que a acção é narrada na primeira pessoa). Apenas se sabe que ele é ex-gerente de uma empresa de telemarketing em S. Paulo, sendo indirectamente implicado no suicídio de uma funcionária. O perfil desta personagem é feito com base nos juízos do leitor, já que o mesmo não tece considerações sobre si próprio, cingindo-se apenas ao relato da história e relações com as restantes personagens do livro.
Sulamita, a rapariga com quem o protagonista desenvolve uma relação amorosa trabalha numa morgue, consciencializando sobre factos fisiológicos de um cadáver, evidenciando ainda o quão é importante a temática da morte.
O que acontece é que as personagens têm um ponto em comum: podem aparentemente transmitir alguma inocência ou bondade numa etapa inicial, mas com o evoluir da trama transparecem o pior que há em si.
A trama tem como alicerce o drama e explora os limites éticos, debruçando-se essencialmente sobre a ambição desmesurada pelo dinheiro. O enredo explora ao limite, as consequências da ganância, traição, conspiração e por fim, a redenção. É um livro que acima de tudo, lida com a gestão dos piores sentimentos que possam surgir dentro de cada um de nós e sobre a imoralidade das nossas acções.
A sinopse insinuava uma trama de cariz mais chocante, no entanto de violência pouco oferece Patrícia Melo, que em troca conta uma história de traição e ganância, verdadeiramente plausível.
Um livro que após ser fechado, irá certamente lembrar-se dele, pois como nos é dito na capa "Patrícia Melo disseca implacavelmente os caminhos da corrupção da alma". Penso que nesta frase, está expressa a verdadeira essência que é esta história.
Apesar de não corresponder aos padrões das minhas preferências literárias, foi uma obra que me interessou desde o início, tornando de algum modo, numa leitura compulsiva. Aliado ao facto do seu reduzido número de páginas, é um livro que se lê muitíssimo bem numa tarde de ócio.
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