A Senda Obscura é o terceiro livro protagonizado pela dupla advogada Rebecka Martinsson e inspectora da polícia Anna Maria Mella. Recordo que os livros anteriores são Aurora Boreal e Sangue Derramado. Devo confessar que tenho uma relação quase oscilatória com esta autora uma vez que fiquei rendida com o primeiro livro mas o segundo achei-o menos emocionante.
Pois bem, gostei imenso d´A Senda Obscura e passo já a explicar porquê.
Numa cabana é encontrado o corpo de Inna Wattrang, uma executiva de uma empresa mineira. As duas protagonistas, incluindo o solitário inspector Sven Erik Stalnacke, iniciam uma investigação cujos contornos levam à descoberta de uma aterradora verdade sobre a relação entre Inna, o meio empresarial e o próprio dono da empresa, Mauri Kallis.
A trama inicia-se com a recuperação de Rebecka, que passou por uma experiência traumática em Sangue Derramado. Lembrava-me vagamente, mas esta edição d´A Senda Obscura inicia-se com algumas frases em jeito de resumo, de forma a contextualizar o leitor da acção que agora se segue. Contudo, penso que o resumo não altera o que para mim é importante: ler os livros anteriores de forma a que conheçamos bem as personagens principais.
Quem segue a autora, deve certamente lembrar-se que a temática usada nos dois livros anteriores prendia-se com a religião e o crime ocorria no seio de uma comunidade religiosa. Pois eis que a presente trama desenvolve-se sob outros contornos, que serão conhecidos sensivelmente a meio do livro.
A autora narra a história no presente, recorrendo frequentemente a analepses, que na minha opinião, poderiam estar devidamente identificadas no tempo. Tal facto não acontece e Larsson conta episódios de várias personagens incluindo a evolução da relação da vítima com Mauri sem antes contextualizar o papel do irmão de Inna, Diddi Wattrang na trama, focando igualmente o seu passado. A autora apresenta ainda uma personagem que terá alguma importância na trama, de seu nome Ester, embora aparente distar da acção central propriamente dita.
Tais analepses poderiam ser mais sintetizadas, factor que justifica o maior número de páginas deste romance policial (cerca de 400), explicando a par e passo o crescimento de personagens ou a sua relação, incluindo também episódios da infância de Rebecka, que passavam mais despercebidos nos livros anteriores mas que justificam a sua personalidade ou falta de confiança em si própria actualmente.
Em relação à outra protagonista Anna Maria Mella, já sentia afinidade por ela que aumentou e respeito-a por ser inspectora da polícia, mulher e mãe, que intensifica seguramente um lado muito humano e terno. Adoro a forma como a autora retrata pequenos episódios da sua rotina com Robert e com os filhos, alguns destes com algum humor.
Além da investigação do crime, a vida doméstica de Anna, os dilemas emocionais de Rebecka, são incorporadas na trama, temáticas como o capitalismo sueco, corrupção e suborno ou a arte, que geram profundas reflexões sobre os efeitos da prosperidade financeira ou obsessões para alcançar certas finalidades. Deparamo-nos portanto, com uma trama mais morosa mas muito interessante e que abrange uma diversidade de temas. A própria investigação do crime leva a pistas que investigadas, rumam por outros caminhos, permitindo descobrir vários segredos e revelações sobre a vítima e a empresa Kallis Mining.
Um outro aspecto que achei interessante no livro foi a referência da cultura sami e a conjugação desta com a sueca. Kiruna é de facto, a maior cidade da Lapónia Sueca, mas nas obras anteriores, a autora não se esmerou com estes detalhes etnográficos, que na minha opinião (fascinada que sou com a cultura escandinava), só enriqueceu a narrativa no presente livro.
O livro acaba muitíssimo bem, depois de uma intensa sucessão de acontecimentos. Ao contrário de Sangue Derramado, cujo desfecho não foi abonatório para Rebecka, neste livro a personagem é finalmente poupada (aleluia!) de mais colapsos emocionais e eis que por ela sorrimos. No entanto sofremos por Erik Sven. Estas duas personagens fazem com que sintamos curiosidade em ler imediatamente o próximo livro de Asa Larsson e por mim falo, fá-lo-ei assim que seja publicado pela Planeta. Recomendadíssimo!
Pois bem, gostei imenso d´A Senda Obscura e passo já a explicar porquê.
Numa cabana é encontrado o corpo de Inna Wattrang, uma executiva de uma empresa mineira. As duas protagonistas, incluindo o solitário inspector Sven Erik Stalnacke, iniciam uma investigação cujos contornos levam à descoberta de uma aterradora verdade sobre a relação entre Inna, o meio empresarial e o próprio dono da empresa, Mauri Kallis.
A trama inicia-se com a recuperação de Rebecka, que passou por uma experiência traumática em Sangue Derramado. Lembrava-me vagamente, mas esta edição d´A Senda Obscura inicia-se com algumas frases em jeito de resumo, de forma a contextualizar o leitor da acção que agora se segue. Contudo, penso que o resumo não altera o que para mim é importante: ler os livros anteriores de forma a que conheçamos bem as personagens principais.
Quem segue a autora, deve certamente lembrar-se que a temática usada nos dois livros anteriores prendia-se com a religião e o crime ocorria no seio de uma comunidade religiosa. Pois eis que a presente trama desenvolve-se sob outros contornos, que serão conhecidos sensivelmente a meio do livro.
A autora narra a história no presente, recorrendo frequentemente a analepses, que na minha opinião, poderiam estar devidamente identificadas no tempo. Tal facto não acontece e Larsson conta episódios de várias personagens incluindo a evolução da relação da vítima com Mauri sem antes contextualizar o papel do irmão de Inna, Diddi Wattrang na trama, focando igualmente o seu passado. A autora apresenta ainda uma personagem que terá alguma importância na trama, de seu nome Ester, embora aparente distar da acção central propriamente dita.
Tais analepses poderiam ser mais sintetizadas, factor que justifica o maior número de páginas deste romance policial (cerca de 400), explicando a par e passo o crescimento de personagens ou a sua relação, incluindo também episódios da infância de Rebecka, que passavam mais despercebidos nos livros anteriores mas que justificam a sua personalidade ou falta de confiança em si própria actualmente.
Em relação à outra protagonista Anna Maria Mella, já sentia afinidade por ela que aumentou e respeito-a por ser inspectora da polícia, mulher e mãe, que intensifica seguramente um lado muito humano e terno. Adoro a forma como a autora retrata pequenos episódios da sua rotina com Robert e com os filhos, alguns destes com algum humor.
Além da investigação do crime, a vida doméstica de Anna, os dilemas emocionais de Rebecka, são incorporadas na trama, temáticas como o capitalismo sueco, corrupção e suborno ou a arte, que geram profundas reflexões sobre os efeitos da prosperidade financeira ou obsessões para alcançar certas finalidades. Deparamo-nos portanto, com uma trama mais morosa mas muito interessante e que abrange uma diversidade de temas. A própria investigação do crime leva a pistas que investigadas, rumam por outros caminhos, permitindo descobrir vários segredos e revelações sobre a vítima e a empresa Kallis Mining.
Um outro aspecto que achei interessante no livro foi a referência da cultura sami e a conjugação desta com a sueca. Kiruna é de facto, a maior cidade da Lapónia Sueca, mas nas obras anteriores, a autora não se esmerou com estes detalhes etnográficos, que na minha opinião (fascinada que sou com a cultura escandinava), só enriqueceu a narrativa no presente livro.
O livro acaba muitíssimo bem, depois de uma intensa sucessão de acontecimentos. Ao contrário de Sangue Derramado, cujo desfecho não foi abonatório para Rebecka, neste livro a personagem é finalmente poupada (aleluia!) de mais colapsos emocionais e eis que por ela sorrimos. No entanto sofremos por Erik Sven. Estas duas personagens fazem com que sintamos curiosidade em ler imediatamente o próximo livro de Asa Larsson e por mim falo, fá-lo-ei assim que seja publicado pela Planeta. Recomendadíssimo!
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