Quem me conhece sabe que se há algo que me fascina ler, além de literatura policial e thriller, são narrativas referentes ao Antigo Egipto. Então um livro que abarque esta civilização e o mistério, torna-se imediatamente alvo da minha curiosidade. Oásis Escondido de Paul Sussman é claramente um exemplo e é o livro a que dedico este post.
2153 A.C.: Estamos no final do império antigo, no reinado de Pepi II. Alguns sacerdotes transportavam um objecto misterioso e ao chegar ao destino, são degolados. 1986 D.C.: um estranho acidente de avião vitima os tripulantes exceptuando um, cujo destino terá sido incerto. Egipto dos dias de hoje: Freya Hannan chega ao país para o funeral da sua irmã, que supostamente terá cometido suicídio.
Acho que para se apreciar devidamente este livro, o leitor terá que ter alguma afinidade com o Antigo Egipto, dadas as inúmeras referências sobre esta temática. Não é que o leitor se sinta perdido, o facto é que frequentemente surgem termos de natureza árabe ou palavras egípcias que são desmistificadas no glossário no final do livro. Ávida que sou por esta civilização, achei o glossário vago e muitas foram as vezes que recorri à internet ou a longos debates com o Ricardo, afim de pesquisar sobre um ou outro aspecto mencionado no livro. Este pormenor acabou por naturalmente atrasar a minha leitura, em contrapartida, foi fulcral para que aprendesse mais umas coisas sobre o Antigo Egipto.
O autor apresenta logo no início, um mapa do país, para que possamos percepcionar o cenário das diferentes acções, desde os vários oásis às cidades. Sim, diferentes acções, uma vez que Sussman descreve simultaneamente os subenredos em que de divide a trama. O aspecto que se torna mais confuso nesta estrutura, é o facto do autor relatar os acontecimentos diferentes no mesmo capítulo. Portanto cada capítulo pode tornar-se algo cansativo, de tanta informação que o leitor tem a reter.
O autor não enumera os capítulos, distinguindo-os por um hieróglifo, neste caso um pardal. Curiosamente este símbolo é um determinativo referente a algo maligno. Portanto coincidência ou não, enveredamos numa narrativa que mergulhará nas profundezas do mal. E de facto, faz sentido quando nos apercebemos qual a natureza dos objectos encontrados no oásis e determinaram a morte de Alex Hannen.
De facto existem passagens mais difíceis de digerir como as acções de um personagem verdadeiramente desprezável, Romani Gorgis, no início do livro. No entanto, esta é uma trama de fácil leitura embora cansativa não só devido ao já mencionado capítulo extenso com muita informação a reter como pela nomenclatura árabe de expressões e/ou personagens, as quais não estamos devidamente familiarizados.
Mas a trama teria que contar com dois fortes protagonistas: Freya e o egiptólogo Flin Brodie, que coitado, vê o seu estatuto profissional pouco valorizado por parte da personagem feminina. Em contrapartida esta foi muito sacana para a irmã e é precisamente a sua morte que provoca o remorso, a dor e a vontade de descobrir a verdade sobre ela.
Muitas outras personagens, uns egípcios que de início julguei ser meramente irrisórios, contudo, à medida que o enredo avançava, a importância que estas personagens tinham de facto, viria ao de cima.
Outro aspecto curioso que gostaria de destacar é que os hieróglifos abaixo do título significam realmente wehat seshtat que é, nada mais nada menos, Oásis Escondido.
A acção é inicialmente parada e difunde-se um pouco com as descrições de várias cidades actuais como o Cairo e Alexandria ou os vários oásis como Al-Dakhla.
Este facto não constitui um aspecto negativo, antes pelo contrário, nunca estive no Egipto e é muita a minha curiosidade sobre o país, de forma a que o livro desmistifica a vida quotidiana egípcia. Sabendo eu que o autor de facto viveu no país, tendo constituído uma equipa de escavação, acredito que tais descrições sejam reais.
Por isso, tal mítico país é apropriado para um thriller recheado de perseguições e segredos a desvendar: Freya irá embarcar numa viagem deveras alucinante em busca do Oásis perdido de Zerzura. Em relação a este, o autor inclui uma nota de autor, explicando devidamente o mito deste Oásis, que muito sinceramente desconhecia.
A simbologia é fulcral na trama e confunde-se com a maravilhosa mitologia do país, que creio que terá influenciado várias crenças por parte do povo egípcio. É portanto um livro que abarca géneros tão diferentes como a acção, o thriller, o dramático e a mitologia, sendo uma história riquíssima.
A tradução pode confundir inicialmente os fãs do Antigo Egipto como eu: afinal de contas a tradutora manteve as expressões originais (portanto, em inglês) dos nomes de divindades ou faraós. Na verdade tive um grande dilema para descobrir se a serpente Apep teria de facto esse nome ou se seria Apopis, e penso que tal dúvida seja apenas a nível de tradução e/ou nomenclaturas utilizadas pelos egiptólogos.
Um livro que recomendo, além dos fãs do thriller, aos aficionados por civilizações pré clássicas: Oásis Escondido é mais do que uma mera leitura de entretenimento ao estilo de Indiana Jones, é uma obra didáctica. E decididamente, é a forma mais económica em visitar o Egipto sem sair do seu sofá!
Ao recomendar este livro, resta um enorme pesar, uma vez que o autor faleceu em Maio deste ano, tendo deixado apenas quatro obras do domínio da ficção, as quais gostaria de ler em breve.
2153 A.C.: Estamos no final do império antigo, no reinado de Pepi II. Alguns sacerdotes transportavam um objecto misterioso e ao chegar ao destino, são degolados. 1986 D.C.: um estranho acidente de avião vitima os tripulantes exceptuando um, cujo destino terá sido incerto. Egipto dos dias de hoje: Freya Hannan chega ao país para o funeral da sua irmã, que supostamente terá cometido suicídio.
Acho que para se apreciar devidamente este livro, o leitor terá que ter alguma afinidade com o Antigo Egipto, dadas as inúmeras referências sobre esta temática. Não é que o leitor se sinta perdido, o facto é que frequentemente surgem termos de natureza árabe ou palavras egípcias que são desmistificadas no glossário no final do livro. Ávida que sou por esta civilização, achei o glossário vago e muitas foram as vezes que recorri à internet ou a longos debates com o Ricardo, afim de pesquisar sobre um ou outro aspecto mencionado no livro. Este pormenor acabou por naturalmente atrasar a minha leitura, em contrapartida, foi fulcral para que aprendesse mais umas coisas sobre o Antigo Egipto.
O autor apresenta logo no início, um mapa do país, para que possamos percepcionar o cenário das diferentes acções, desde os vários oásis às cidades. Sim, diferentes acções, uma vez que Sussman descreve simultaneamente os subenredos em que de divide a trama. O aspecto que se torna mais confuso nesta estrutura, é o facto do autor relatar os acontecimentos diferentes no mesmo capítulo. Portanto cada capítulo pode tornar-se algo cansativo, de tanta informação que o leitor tem a reter.
O autor não enumera os capítulos, distinguindo-os por um hieróglifo, neste caso um pardal. Curiosamente este símbolo é um determinativo referente a algo maligno. Portanto coincidência ou não, enveredamos numa narrativa que mergulhará nas profundezas do mal. E de facto, faz sentido quando nos apercebemos qual a natureza dos objectos encontrados no oásis e determinaram a morte de Alex Hannen.
De facto existem passagens mais difíceis de digerir como as acções de um personagem verdadeiramente desprezável, Romani Gorgis, no início do livro. No entanto, esta é uma trama de fácil leitura embora cansativa não só devido ao já mencionado capítulo extenso com muita informação a reter como pela nomenclatura árabe de expressões e/ou personagens, as quais não estamos devidamente familiarizados.
Mas a trama teria que contar com dois fortes protagonistas: Freya e o egiptólogo Flin Brodie, que coitado, vê o seu estatuto profissional pouco valorizado por parte da personagem feminina. Em contrapartida esta foi muito sacana para a irmã e é precisamente a sua morte que provoca o remorso, a dor e a vontade de descobrir a verdade sobre ela.
Muitas outras personagens, uns egípcios que de início julguei ser meramente irrisórios, contudo, à medida que o enredo avançava, a importância que estas personagens tinham de facto, viria ao de cima.
Outro aspecto curioso que gostaria de destacar é que os hieróglifos abaixo do título significam realmente wehat seshtat que é, nada mais nada menos, Oásis Escondido.
A acção é inicialmente parada e difunde-se um pouco com as descrições de várias cidades actuais como o Cairo e Alexandria ou os vários oásis como Al-Dakhla.
Este facto não constitui um aspecto negativo, antes pelo contrário, nunca estive no Egipto e é muita a minha curiosidade sobre o país, de forma a que o livro desmistifica a vida quotidiana egípcia. Sabendo eu que o autor de facto viveu no país, tendo constituído uma equipa de escavação, acredito que tais descrições sejam reais.
Por isso, tal mítico país é apropriado para um thriller recheado de perseguições e segredos a desvendar: Freya irá embarcar numa viagem deveras alucinante em busca do Oásis perdido de Zerzura. Em relação a este, o autor inclui uma nota de autor, explicando devidamente o mito deste Oásis, que muito sinceramente desconhecia.
A simbologia é fulcral na trama e confunde-se com a maravilhosa mitologia do país, que creio que terá influenciado várias crenças por parte do povo egípcio. É portanto um livro que abarca géneros tão diferentes como a acção, o thriller, o dramático e a mitologia, sendo uma história riquíssima.
A tradução pode confundir inicialmente os fãs do Antigo Egipto como eu: afinal de contas a tradutora manteve as expressões originais (portanto, em inglês) dos nomes de divindades ou faraós. Na verdade tive um grande dilema para descobrir se a serpente Apep teria de facto esse nome ou se seria Apopis, e penso que tal dúvida seja apenas a nível de tradução e/ou nomenclaturas utilizadas pelos egiptólogos.
Um livro que recomendo, além dos fãs do thriller, aos aficionados por civilizações pré clássicas: Oásis Escondido é mais do que uma mera leitura de entretenimento ao estilo de Indiana Jones, é uma obra didáctica. E decididamente, é a forma mais económica em visitar o Egipto sem sair do seu sofá!
Ao recomendar este livro, resta um enorme pesar, uma vez que o autor faleceu em Maio deste ano, tendo deixado apenas quatro obras do domínio da ficção, as quais gostaria de ler em breve.
Mais informações sobre este livro aqui.
Eu sou fascinada pelo Antigo Egipto e quando vi no GoodReads que estavas a ler este livro adicionei-o logo à minha wishlist :)
ResponderEliminarNão sou muito amante de policiais, mas gostei muito do teu blog :)
ResponderEliminarJá estou a seguir :)
Olá addle, eu também sou fascinada :D temos que trocar aí umas impressões. Sobre a temática, resta-me ler a Tetralogia da Pedra da Luz, que me parece ter uns laivos de "policial". Espero que consigas ler este!
ResponderEliminarOlá Ines, eu espero que leias um ou outro policial e que troquemos muitas sugestões de leitura (volta e meia eu fujo do género). Obrigado, fico muito contente que gostes!
Boas leituras às duas, um grande beijinho para vós